quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Stock Car em BH, faltou muito para ser um evento inclusivo - avaliação da acessibilidade


Finalmente a Stock Car chegou a BH, com muita polêmica, e venho trazer mais uma: a acessibilidade deixa bastante a desejar. Fui sozinho de carro, e o primeiro desafio foi conseguir estacionar o carro perto da entrada. O entorno do Mineirão está todo bloqueado, fui rodando até chegar na lateral do estádio, quando consegui falar com um dos organizadores. Expliquei a situação, que precisava parar perto, e após alguns rádios, sugeriram que eu parasse na rua e subisse rodando até a entrada. Insisti que seria bem difícil e conseguiram liberar para que eu entrasse no estacionamento na lateral. Excelente, graças à pró-atividade do pessoal. Parei longe da entrada, mas pelo menos o caminho era plano.


Para entrar no evento, primeira bola fora. Tive que passar por um terreno de grama, terra e pedras, até uma rampa mal feita e instável. Não cheguei a subir porque o próprio pessoal disse que estava inseguro, leram o código do ingresso e pediram que eu voltasse e entrasse pelo asfalto. Se tivesse informado antes, evitava desgaste.


Depois mais um longo caminho até a Esplanada. Chegando lá, uma longa subida, que pelo menos não é íngreme. Quando cheguei só topo, uma Van que descia parou pra explicar que se eu precisasse, poderia ter subido comigo. Falta de informação na entrada, não me explicaram isso.


Chegou o momento de procurar um lugar para assistir a corrida. Essa rampa de chegada fica bem em cima dos boxes e da reta principal, e é um dos melhores lugares para ficar... Se você fica de pé. Para quem está na cadeira é péssimo, pois a grade é alta e fechada, não dá pra ver nada através dela. E esse tipo de grade está por toda Esplanada portanto não tem um lugar sequer em que a visibilidade para uma Cadeirante seja boa. A solução foi rodar até o outro lado, onde consegui ver um pequeno trecho da pista a uma distância enorme e embaixo do sol.


Deveria ter um espaço reservado para este público com sombra, como acontece em shows, ou até corridas como a Fórmula 1, que fui em 2011 e tinha um espaço assim. E o pior é a falta de informação, perguntei a várias pessoas do evento e ninguém soube. No fim das contas aproveitei pouco, cansei muito e suei bastante. Tem muito o que melhorar.


O segundo dia na Stock Car começou mal. O estacionamento dentro do evento que conseguiram para mim no primeiro dia não foi liberado desta vez, pois de acordo com os organizadores estava lotado. A sugestão deles foi que eu parasse em uma vaga para deficientes da Av. Abrão Caram e fosse rodando até a entrada. Perguntei se o acesso era tranquilo e não souberam responder. Na prática descobri que não só era difícil como quase impossível de vencer sozinho - se não fosse a ajuda das pessoas no caminho, estaria lá até agora. Erro grave da organização, deveriam disponibilizar estacionamento próximo ao evento e acessível.


Além da rua de pedras com calçada toda quebrada que tive que vencer com ajuda, a entrada do evento era uma rampa muito íngreme. Tive que acionar os brigadistas para descer comigo. Mais uma prova do despreparo para atender pessoas com deficiência.


Para entrar tive que brigar de novo pra explicar na passagem VIP que a passagem para Esplanada era inacessível, a lógica venceu e pegaram meu celular e levaram até a outra entrada para validar o ingresso. Desta vez pedi a Van que leva pessoas com mobilidade reduzida até a Esplanada. Os brigadistas pediram, mas como tinha acabado de sair, ia demorar e sugeriram me levar empurrando, aceitei para agilizar.


Me deixaram na parte superior, já após as longas rampas da entrada. Desta vez não aceitei deixar de ver o evento só por ser Cadeirante e fui até a organização explicar o absurdo que é não ter área específica para PCD num evento desde tamanho. Aí um dos responsáveis explicou que tem uma área específica, mas ao lado da arquibancada, e que era o único disponível. E pediu a um brigadista pra me levar até lá, já que o caminho era longo e irregular.


Chegando lá, a responsável não me deixou entrar porque não tinha pulseira de arquibancada. Após brigar e explicar que foi a organização que autorizou, entrei. E consegui assistir a corrida com estrutura adequada. Apesar de embaixo de um sol de rachar, faltou só uma cobertura. Mas foi bom, consegui curtir bastante.


Espero que para o próximo ano corrijam estas falhas de acessibilidade para proporcionar um evento mais inclusivo.

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