O Kardian pode ser um marco para a Renault, sem dúvida o melhor carro que ela lançou nos últimos anos. Design harmônico e moderno, interior bem feito e confortável, tecnologias atuais, muita segurança e espaço interno acima da média. Seu porte, porém, o classifica como B-SUV, ao lado de Pulse e Nivus, que são modelos baseados em hatches compactos e comprimento total pouco acima dos quatro metros. Em muitos quesitos agrada mais do que os concorrentes diretos, mas tem pontos de atenção.
A boa impressão começa no design, passa pelo conjunto ótico em Led e segue na chave presencial, que trava o carro ao se afastar e destrava ao aproximar. Apesar de ter 20cm de altura do solo, o banco do motorista fica bem baixo, o que facilita transferência. Porém o recuo da lataria na coluna B limita o acesso e incomoda os mais altos.
O conforto dos bancos é incrível, as abas laterais seguram bem o corpo e a mistura de tecido e couro ecológico agrada. O botão de partida fica meio escondido, ao ligar revela o painel digital de 7" configurável bem completo. Dá pra mudar a cor do painel e das luzes de Led nas portas, são oito cores disponíveis, que mudam também ao escolher o modo de direção entre Eco, Sport e My Sense. O freio de mão é eletromecânico, muito prático.
Colocando no modo Sport a sensação que o motor 1.0 turbo de três cilindros dá é que sua potência e torque são maiores do que os 125 cv e 22,4 kgfm, esse último é o maior da categoria.
Ele emite ainda um ronquinho gostoso, evidenciado pelas trocas de marcha do câmbio de dupla embreagem banhada a óleo. Dá para ouvir as trocas, mas não são sentidas no interior. Gostei do comportamento do câmbio.
A estabilidade é boa e o consumo razoável. Na cidade faz em torno de 8 km por litro na gasolina, sendo que pelo Inmetro o número é 13 km/l, superestimado. Na estrada chegou a fazer 16, mas a média final ficou em 14,5 km/l, sendo que o número do Inmetro é 13,9 km/l. Comparando a outros SUVs, é bom.
Uma das estrelas são os ADAS, tem mesmo várias babás eletrônicas mas o ACC não é do topo stop & go, deveria ser. Tem seis Air bags, frenagem autonoma de emergência e outros, mas o retrovisor não é eletrocrômico.
O espaço interno é muito bom atrás, são 2,60 de ente eixos, mas na frente é só razoável, o console central largo pega na perna dos grandões, como eu. Falta saída de ar condicionado para quem vai atrás, mas o espaço é acima da média, mesmo com o banco da frente todo para trás cabem adultos atrás, se não forem muito altos.
O porta malas é mediano considerando Pulse e Nivus como concorrentes diretos, melhor que o primeiro e pior que o segundo. São 358 litros pelo método VDA, mas a Renault divulga 410 no método litragem, mais otimista. No Nivus são 415 litros (VDA) e no Pulse 318 (VDA) ou 370 (litragem). Na prática tem um volume razoável, mas é bem profundo, o que complica a vida de quem precisa guardar volumes grandes ou pesados, é necessário elevar bastante o item até alcançar a borda do porta malas. Para guardar uma cadeira de rodas é necessário retirar as rodas e elevar bastante. O ponto positivo é que a cadeira cabe bem assentada no fundo, coisa que não acontece no Pulse, mas o espaço que sobre é limitado.
No fim das contas é um carro bonito, gostoso de dirigir, potente, seguro e econômico. Mas o porta malas podia ser maior.