Com esse design moderno, que vai dizer que é carro de tiozão? |
Ele ficou famoso no início dos anos 2000 com a propaganda que trazia um single com o refrão "não é carro de tiozão, mas acelerou meu coração", que vem sempre à mente quando o assunto é Nissan Sentra. Lançado na Europa em 2020, ele chegou ao Brasil no início de 2023 trazendo novidades no visual e em tecnologia embarcada.
O visual é o primeiro ponto positivo do sedan, com linhas modernas e agressivas, abandona de vez o estigma de carro de tiozão. A frente em cunha e os faróis em LED que invadem a lateral deixam o design bem agressivo. O interior impressiona com encaixes perfeitos, boa escolha de materiais e estofamento luxuoso, que fica ainda mais agradável pelo teto solar elétrico. Os ajustes elétricos do banco e as regulagens no cinto, volante e até lombar tornam a ergonomia outro ponto positivo. Chave presencial, sensor crepuscular e de ponto cego, além de seis air bags e piloto automático adaptativo deixam o pacote de conforto e segurança adequados para um sedan executivo.
Tem ainda câmera 360 graus na mídia de 8" que responde relativamente bem, mas o design já está ultrapassado. A qualidade do som Bose é nítida, porém ter conectividade somente por fio irrita no dia a dia. Um carro deste naipe deveria ter conexão sem fio. Outra ausência sentida é do carregador de celular por indução. E tem ainda os vidros elétricos, que só tem one touch para o motorista.
Os pontos negativos começam pelo freio de mão no pé, recurso que incomoda o consumidor comum e ainda mais quem tem deficiência, pois precisa de uma adaptação para quem tem pouca ou nenhuma mobilidade nas pernas acionar. A chave presencial agrada e o painel digital de 7", apesar de espremido entre instrumentos analógicos, é bem completa.
Ao volante o motor 2.0 aspirado que rende 151 cv e 20 kgfm de torque é suficiente para retomadas e acelerações, mas não empolga. Falta força em baixa rotação, mas ao embalar vai bem.
O que mais incomoda no dia a dia é o pequeno curso da suspensão, que nas ruas irregulares chega facilmente em fim de curso e dá aquela batida seca. Além disso, raspa com relativa facilidade em entradas mais íngremes.
O espaço interno é muito bom, devido aos 2,70 m de entre eixos, mesmo com o banco todo para trás ainda sobra espaço. O porta malas tem um bom volume, com 466 litros fica apenas quatro atrás do rival da Toyota. Para colocar grandes volumes a abertura é boa, porém tem um degrau considerável e a ausência de acabamento na parte superior do porta malas atrapalha e corre-se até o risco de danificar algum equipamento como auto falantes ou fiação.
No fim das contas o Sentra entrega bastante luxo e conforto na versão topo de linha, porém já mostra cansaço da plataforma nos detalhes chatos como botões sem one touch ou mídia sem conectividade sem fio. A motorização também precisa modernizar, seja num downsizing turbo, seja transformando em híbrido.
Para o público com deficiência tem pouco apelo, seja pelo freio de mão no pé, pelo porta malas difícil de acomodar uma cadeira, ou por não oferecer isenção por vir importado do México. Mas quem não tem limitação nas pernas e busca um sedan médio espaçoso e confortável pode encontrar nele uma boa opção.