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Meus pequenos parceiros de vida |
A paternidade não é tarefa fácil. Ser pai é uma grande responsabilidade e um grande desafio. Não é só fazer e deixar a mãe tomar conta; colocar uma criança no mundo e formar um ser humano decente está cada dia mais complicado. É preciso acompanhar, aconselhar, ensinar e, sobretudo, amar. Mas nos primeiros anos, o que faz a alegria destes pequenos é outro verbo: brincar. E quando o pai tem alguma limitação é preciso se desdobrar para acompanhar. A solução é apelar para o verbo número um do cadeirante moderno, adaptar. Sim, é possível adaptar quase tudo para acompanhar o crescimento destas miniaturas de gente.
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Alterei o armário deles para virar um trocador adaptado |
A primeira adaptação que fiz foi no quarto deles, onde havia um armário com um vão para televisão, retirei a parte de baixo e fiz um trocador. Assim posso entrar com a cadeira embaixo do trocador e ainda tenho duas prateleiras embaixo onde ficam as fraldas, pomadas, lenços umedecidos. E para conseguir pegá-los no berço sem fazer muito esforço, comprei berços com lateral deslizante, assim abaixo a lateral e os alcanço sem dificuldade.
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Pra eles é apenas um carrinho grande que leva o papai |
O que mais me surpreendeu nestes quase quatro anos com os pequerruchos foi como criança gosta de cadeira de rodas. Para elas é apenas um carrinho em que o pai anda e pode servir como brinquedo! Adoram passar por baixo, sentar nela e serem girados e empurrados. Sempre que eu passo para o sofá e um deles sobe na cadeira pego ela por trás e fico girando, empurrando e empinando! Eles se divertem. E é impressionante como gostam de rodar em pé no apoio de pés da cadeira, entre minhas pernas. Não podem me ver saindo do quarto que já correm para o apoio de pés e voltam rodando para a sala. Ou isso, ou no colo. Ou um no colo e o outro no apoio de pés!
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Poder almoçar e lanchar todos os dias com os meus filhos não tem preço |
Felizmente posso ficar em casa para acompanhar o crescimento e cuidar deles. Faço questão de fazer as refeições com eles, escovar os dentes deles todo dia, e brincar muito com os dois, nos divertimos muito juntos. E também dou bronca, coloco de castigo e oriento quando fazem coisa errada. Ou seja, sou um pai comum, só que uso uma cadeira para me locomover! Com a ajuda de alguns acessórios, consigo acompanhar mais eles, seja com o triciclo elétrico, a handbike ou o Freewheel, podemos pedalar juntos, rodar pela calçada e posso até rodar ao lado deles em terreno acidentado.
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Quando a dor aperta, fazemos a festa na cama mesmo! |
Hoje em dia, o que precisei adaptar foi a forma de brincar e cuidar sobre uma cadeira. Ou sobre uma cama, pois quando as dores aumentam, preciso ficar mais tempo na cama. E eles vem ficar comigo, se eu estive um pouco melhor, brinco mais, se estou pior, eles entendem e ficam ao meu lado mais quietinhos. Ou trazem algum livro para eu ler para eles. Quando brincamos na cama, o que mais gostam é que eu os levante no alto, ou então brinco de puxar eles para perto e eles tentam correr! Isto gera muitas gargalhadas!!
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Não deixo de acompanhá-los independente da situação! |
Tive que aprender a vestí-los de forma adaptada. Uma das formas que uso é me deitar sobre as pernas para colocar a parte de baixo, este jeito é bom que eles se apoiam em mim. Para colocar a aparte de cima eu apoio os cotovelos sobre as minhas pernas. Outra forma que desenvolvi foi usar apenas uma mão para vestir os meninos, já que a outra mão muitas vezes precisa ficar apoiada para garantir meu equilíbrio.
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É bom demais ser pai, com ou sem rodas! |
No fim das contas, a deficiência não impede exercer a paternidade em sua plenitude. Apoio, cuidado, carinho e amor não precisam de adaptação! E a retribuição é imediata!