Um programa que eu adoro fazer com meu pai. Mas sempre enfrento problemas. |
Assistir jogo de futebol nos estádios após as reformas para a Copa do Mundo em 2014 se tornou um bom programa para pessoas com deficiência. Porém, ainda há problemas. Depois de muito tempo sem ir, aproveitei um dia com menos dores, tomei remédios para aguentar e fui ao jogo Cruzeiro X Nova Lima no sábado, 17/02. A chegada ao estádio foi tranquila, chegamos cedo, me informei sobre o melhor local no estacionamento para entrar pelo portal E, e haviam muitas vagas para deficiente vazias. Parei próximo ao elevador e subi. Sempre há pessoas com jaleco "Quero Ajudar" para mostrar o caminho ou levar a cadeira se for necessário.
Não respeitam as vagas para cadeiras de rodas nem o espaço para o acompanhante |
Entramos e ficamos na área interna, pois o sol bate bem em cima das "baias" para cadeirantes e acompanhantes. Isto é um problema, a localização delas, são todas de frente para o sol, e em jogo à tarde, torra a cabeça do Cadeirante. É preciso levar óculos escuros, boné e passar filtro, coisas que eu esqueci. Perto de iniciar o jogo fomos para o lugar. Chegando lá, foi difícil encontrar um lugar para estacionar minha cadeira, não porque haviam vários cadeirantes assistindo, mas porque as pessoas não respeitam a utilização das vagas, ficam de pé em frente à vaga da cadeira e à cadeira do acompanhante impedindo a visão do campo. Se a gente reclama, ainda acha ruim. As cadeiras são exclusivas para acompanhantes dos cadeirantes, se não é o caso, deixe a cadeira livre, não fique de pé na frente dela.
Fica difícil ver jogo assim. |
Pior é que não tamparam somente a visão do meu pai, mas também a minha. Um senhor insistiu em ficar ao meu lado, agarrado no vidro, e quando eu queria ver um lance próximo ao gol tinha que ficar me esticando para a frente. Daí dá para ter ideia do quanto é importante deixar livre, se eu deixasse para lá sairia de lá todo dolorido, de tanto ir para a frente e tentar segurar o corpo nessa posição. As vagas estão ali para ser usadas por deficientes, o estádio tem bancos para todos e nem estava lotado, porque as pessoas insistem em ver o jogo todo de pé ao invés de sentar em uma cadeira? É a cultura do brasileiro, infelizmente.Mas sou brasileiro e não desisto nunca, resolvemos buscar uma alternativa.
Só quando encontramos uma cadeira ocupada meu pai pode ter visão melhor. |
A "solução" para o acompanhante conseguir boa visão do campo é buscar uma cadeira ao lado que esteja sendo usada por acompanhante ou PCD. Para meu pai, resolveu. Ainda assim, eu precisei pedir ao senhor que estava ao meu lado para chegar um pouco para o lado para que eu conseguisse enxergar melhor o campo. Felizmente este não criou caso. Passou um tempo e apareceu ao meu lado duas crianças e um senhor atrás delas. Achei normal, não criei caso, afinal eles não estavam atrapalhando. Até que um deles subiu no suporte do vidro e se pendurou nele. E começou a atrapalhar minha visão. Coloquei a mão no vidro, para mostrar que ali era o limite, para ela não entrar na minha frente. Mas começou a vir para cima. Mantive a mão, aí ele virou para o senhor e disse que queria voltar para onde estavam. O cara fez só "shh fica quieto aí". Então percebi que os meninos só estavam ali para que o senhor tivesse uma boa visão. Inacreditável, o cara usar as crianças para chegar perto do vidro e ter boa visão. Felizmente depois que o menino reclamou mais, foram embora.
E aí, como entrar no carro para ir embora? Falta de noção total... |
Pior que não ter o espaço na arquibancada respeitado é chegar ao estacionamento do Mineirão e perceber que o espaço delimitado para que sua porta abra para entrar no carro também não foi respeitado. Logo após a foto o dono do carro chegou e ainda tentou argumentar dizendo que o funcionário do estádio o orientou a parar ali. Apesar de não acreditar, continuei explicando que independente de quem mandou, ele está errado de parar ali, e espero que não volte a cometer essa gafe, que me fez esperar dez minutos com dores fortes no corpo até sua chegada. Triste ver esta cultura de fazer o errado e ainda achar que está certo.