Test drive, só "compartilhado" |
- Que bom, já escolheu o modelo.
- Sim, já. Mas preciso de uma ajudinha...
- Hmmm lá vem. De quanto você precisa?
- Não é dinheiro, preciso de um test driver.
- De que?
- De um test driver. Um motorista para fazer um test drive por mim...
Esse diálogo é fictício mas pode acontecer com qualquer um que não possa dirigir um veículo que não seja adaptado, como quem sofreu lesão medular e usa cadeira de rodas. Eu mesmo já pedi a um amigo que estava para trocar de carro para me chamar quando fosse fazer test drive em um veículo que me interessava. Porque não podemos fazer test drive? Simplesmente porque não há veículos adaptados para test drive nas concessionárias. Nem em lugar nenhum! Pelo menos aqui em Belo Horizonte.
E porque é importante fazer test drive? O test drive é uma das etapas mais importantes na aquisição de um veículo. Primeiro a gente levanta os fundos – no bom sentido – pesquisa as opções na faixa de preço que podemos pagar, faz um comparativo dos itens de série que cada um oferece, e vai à concessionária conhecer o escolhido para fazer o test drive. Afinal, sentar no veículo é uma coisa, dirigir, sentir a direção, estudar as dimensões do veículo em manobras, e muitas outras coisas só é possível experimentar se fizer um test drive. Só que o comprador é cadeirante, e aí? Como podemos, então, fazer test drive em um carro se não há veículos adaptados para deficientes nas concessionárias? A solução é pedir a alguém de confiança para fazer o test drive por nós. Ou ir a uma feira de tecnologia assistiva, como a Reatech, para fazer o test drive nos veículos que temos interesse. Na feira as montadoras aproveitam para disponibilizar os veículos que tem mais saída para deficiente Se o veículo que a gente quer não está na feira, temos que recorrer ao "test driver" mesmo...
Verificar se o porta malas é bom para acomodar bem a cadeira de rodas |
Na impossibilidade de fazer o test drive, que itens devemos observar em um veículo na hora da compra? Em primeiro lugar, devemos testar a facilidade para transferir para o carro do lado do motorista. A primeira observação deve ser em relação à porta. Quanto mais a porta abrir, mais perto vai dar para chegar com a cadeira, e mais fácil será para transferir. O segundo ponto a se observar é a altura do banco. Carros mais altos são mais difíceis para transferir. Mas isto não precisa ser fator de eliminação, pois é possível desenvolver técnicas para subir em carros mais altos sem fazer muito esforço. Só não dá para ser muito difícil, afinal é uma tarefa que será realizada quase todo dia – isso para quem trabalha.
Outro ponto importante é o espaço interno. Isto é especialmente importante para quem é alto, como eu. Como o veículo deve ser adaptado, se a adaptação for como a mais comum, uma barra embaixo do volante para aceleração e frenagem, tem que ter espaço suficiente para passar as pernas embaixo. Eu já machuquei os joelhos em um carro com pouco espaço interno. Outro item que considero crucial - que é opcional, mas muitos carros já tem de série, são comandos no volante. Como temos sempre uma mão ocupada com acelerador e freio, a outra mão deve sempre ficar no volante, e os comandos de rádio, telefone e piloto automático no volante fazem a diferença. Outra facilidade são as borboletas para trocar marcha atrás do volante. Em carro com câmbio automático é desnecessário, mas se for automatizado, elas permitem subir ou descer marchas mesmo no modo automático. Facilita muito em subidas e descidas para manter o motor no giro ideal.
Agora vem a segunda etapa do test drive – o porta malas. Cadeirante que compra carro sem considerar o tamanho e formato do porta malas pode ter muito aborrecimento pela frente. É muito importante verificar se a cadeira de rodas entra com facilidade no porta malas e deixa algum espaço para bagagem. Veja no vídeo acima minhas considerações.
Qual a cadeira que vc botou no porta malas?a minha cadeira fecha em X o que provoca muita dor nas costas por ela não ficar reta!!!??
ResponderExcluirFoi uma TiLite ZR. A sugestão é adquirir uma cadeira com encosto rígido.
ExcluirOla Alessandro ,primeiramente parabéns pelo blog. Meu nome é vilmar sou cadeirante a nove anos, e gostaria de te perguntar uma coisa que todos nos cadeirantes nos perguntamos na hora de pençar em comprar o primeiro carro. Assim como varios cadeirantes eu recebo um salário mínimo por mês. Sera que conseguimos financiar um carro com esse salário. Por favor me responda pois e uma pergunta que nao achei resposta em nem um saite ou blog. Obrigado e susseso na vida fera
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