sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Speedicath

Um cateter diferente, mais prático e avançado
Faço cateterismo há nove anos e já imaginei se um dia conseguiriam simplificar o processo. Esse negócio de preparar tudo, colocar luva, molhar gazes, passar sabonete, higienizar, usar xilocaína, colocar com precisão e cuidado, aguardar o esvaziamento da bexiga e descartar o material e depois guardar tudo.... ufa, dá um trabalhão. É muito complicado, mesmo estando acostumado, tem hora que dá nos nervos. Sempre pesquiso sobre novos materiais, novas tecnologias, e em uma destas pesquisas descobri o Speedicath. Mas não tinha experimentado, até semana passada.
Ele se fixa facilmente a vários tipos de superfície
O Speedicath é um cateter diferente, voltado para simplificar o processo mantendo a segurança. Ele não é enrolado, como os cateteres comuns. Ele vem em uma embalagem reta, como um canudo, e vem pronto para uso, de utilização simples e intuitiva. Ele é projetado para aumentar o conforto e minimizar o risco de danos à uretra. Tem revestimento hidrofílico exclusivo e orifícios polidos  que garantem um cateterismo suave, tanto durante a inserção quanto na retirada do cateter. Isso significa que não precisa besuntar de xilocaína e enfiar muito vagarosamente para não ocorrer perfuração da uretra.
Alça que facilita a abertura do Speedicath
O SpeediCath é rápido e fácil de usar. O anel de abertura permite abertura fácil e o ponto adesivo garante que o cateter permaneça onde foi colocado. Isso facilita o manuseio, basta tirar protetor do adesivo e fixar em algum lugar, aí é só puxar pelo anel que ele se abre, deixando à mostra o cateter. Aí é só pegar próximo à base, mirar no buraquinho e enfiar até atingir a bexiga. Tudo isso agiliza muito o cateterismo, fiz alguns testes e o tempo reduziu em mais de trinta por cento. O único ponto chato é mirar para acertar o buraco da uretra, pois não podemos pegar na ponta. Mas com prática dá para pegar a manha. Outro ponto negativo do Speedicath é o preço. Enquanto uma sonda comum sai por menos de um real, ele custa em média seis e cinquenta. Mas ele dispensa a compra de alguns materiais, como as luvas plásticas e xilocaína, portanto no fim das contas a diferença diminui. Gostei do produto, muito útil, principalmente em viagens ou saídas. Imaginei como seria útil em uma festa de formatura ou evento, por exemplo.
Forma correta de segurar. Nem precisa de luva, a mão não encosta na parte que entra.
Quem demonstrou para mim foi a Helenita, que trabalha com ele na região de BH. Ela veio até minha casa mostrar o Speedicath e aproveitou para mostrar outros produtos da Coloplast, como o Conveen, um coletor urinário que dispensa a gravatinha, pois tem uma cola por dentro. Ela tem muita didática e paciência para explicar e tirar todas as dúvidas. Quem tiver interesse, ligue para ela  no número (31) 9787-9971 e agende uma visita. Os produtos são ótimos, recomendo!

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Vestindo calça sentado

Taí uma tarefa que costuma ser enjoada - até pegar a prática
Logo que sofri o acidente que me deixou paraplégico, percebi que uma das tarefas mais rotineiras e repetidas precisaria ser adaptada: trocar de roupa. Como sou muito alto e pesado, com a perda dos movimentos, deitado, e ainda machucado no ombro, não pude auxiliar muito as enfermeiras que me atenderam e dei bastante trabalho nas trocas de roupa. Para colocar e tirar bermudas e calças, elas me viravam para um lado, subiam um pouco uma perna, me viravam para o outro, e assim ia, pelejando. Quando chegava na cintura a coisa complicava, muitas vezes era preciso erguer o quadril, e aí era preciso a ajuda de um parente ou de um enfermeiro mais forte.
Quando comecei a me virar sozinho, imitei a técnica das enfermeiras, e ficava me virando na cama para vestir calças. Parecia uma cobra enlouquecida, vira para um lado, puxa do outro, vira de novo, puxa mais um pouco. Achava isso tudo muito trabalhoso e cansativo. Assim que fui para o Sarah acreditei que me ensinariam técnicas mais apuradas e menos cansativas, mas disseram que a melhor forma de vestir calça era deitado mesmo, puxando aqui e ali até chegar na cintura. Até ensinaram a puxar sentado na cama, porém não acrescentou muito. Mas eis que, em conversa com outros internos, me deram a dica: poderia vestir calças sentado na cadeira, aproveitando as mãos grandes para apoiar nos protetores de roupa e puxar a calça com os polegares. Desde então, só me visto desta forma. Acho muito mais rápido e menos cansativo do que deitado. E este é outro motivo para usar os protetores de roupa com abas dobradas que mostrei no post anterior. Este modelo permite segurar com as mãos e puxar a calça ao mesmo tempo.
Calças Jeans são mais complicadas de vestir
O cuidado que se deve tomar é o ajuste da calça atrás, pois nesta técnica a calça pode não subir completamente e deixar à mostra o famoso "cofrinho", o que garante uma "pagação de mico" nas transferências. Pior ainda é quando a calça agarra em algum lugar nas transferências e o espetáculo é ainda maior, com um verdadeiro "strip tease". Já aconteceu comigo algumas vezes, principalmente quando a calça agarra no protetor de roupa da cadeira ao sair do carro. Graças a esse descuido já fiquei de cueca algumas vezes na garagem do trabalho. Felizmente não havia mulheres por perto e consegui puxar rapidamente a calça, mas rendeu boas risadas dos manobristas e de quem estava passando... 
Aí entram minhas dicas sobre a escolha da calça. Hoje já existem calças adaptadas para cadeirante, até mesmo jeans, mas como ainda não conheço e nem experimentei, vou falar de calças comuns. Para o dia a dia, recomendo usar calças de nylon ou outro material escorregadio, pela facilidade para colocar e tirar. E também por serem confortáveis e bonitas - pelo menos para mim. No horário comercial, para quem trabalha em escritório, em atividade administrativa, tem a opção de usar calças sociais. Elas também são muito fáceis de vestir e confortáveis para o dia a dia. Mas e as calças jeans? Usadas pela maioria das pessoas, elas também podem ser vestidas com esta técnica, e apesar da maior resistência, entram até o final com algumas reboladas (sem duplo sentido, por favor).
Calças de nylon e materiais lisos são mais fáceis de vestir
Veja no vídeo abaixo a técnica que uso. Gostaria de deixar claro que ela só deve ser tentada se o cadeirante tiver bom controle e equilíbrio do corpo, além de força nos braços. Nas primeiras tentativas, é importante ter alguém por perto apoiando para um caso de desequilíbrio. Minha lesão é alta, T2 óssea e medular C7 - portanto sou considerado tetra, mas nunca perdi força nos membros superiores e recuperei alguma musculatura abaixo da lesão que me permitem fazer isto e outras peripécias com segurança - que com o tempo, aprimorei. Essa é a chave para qualquer atividade, se não se sentir seguro, não faça.
Enfim, espero ajudar outras pessoas que procuram formas de agilizar estas atividades do dia a dia. Para mim, funciona!

domingo, 16 de agosto de 2015

Protetores de Roupa

Meus protetores são fixos, mas com abas.
Também conhecidos como abas ou para lamas, os protetores de roupa são peças fundamentais da cadeira de rodas. E devem ser bem escolhidos para evitar futuras dores de cabeça - ou de corpo, pois podem atrapalhar as transferências e até causar uma queda. Mas o que muita gente não se toca é que há muitas outras utilidades para os protetores de roupa, além, é claro, de proteger as roupas.
Esse foi o que pedi originalmente na TiLite. Arrependi, nem cheguei a usar.
Já vou deixar claro minha preferência pessoal: gosto de protetores móveis e com abas dobradas, daqueles que se parecem mais com para lamas mesmo. Cheguei a tentar usar protetores retos, mas não me acostumei, e ainda tive dificuldades nas transferências, pois eles eram grandes e só dobravam para dentro. Os principais motivos para usar abas dobradas: uso eles diariamente para vestir roupa e para fazer elevações. Para vestir roupa me apoio nos protetores, seguro a calça com os dedos e "pulo" dentro da calça. Vou demonstrar isso em um vídeo, e talvez até em post, afinal considero uma tarefa complexa vestir uma calça jeans, por exemplo. A técnica aprendi no Sarah, mas não nas aulas, e sim com um outro "interno" lá dentro. Fazer elevações, para quem não sabe, é o importantíssimo gesto de se apoiar nos protetores e tirar a bunda da cadeira por alguns segundos. Esta tarefa é fundamental para evitar escaras, as temidas úlceras de pressão.
Os protetores da M3 é muito bom, removível e com boa distância para as rodas
Outra função importante dos protetores é carregar documentos. Estranho falando assim, mas quem é cadeirante sabe o quanto é difícil levar, por exemplo, uma folha A4 que não possa ser dobrada em cima das pernas. Ainda mais para quem usa calças sociais para trabalhar. Pouca coisa irrita mais um cadeirante do que coisas caindo do colo e se espalhando no chão. Você coloca uma coisa, a outra escorrega. Se abaixa para pegar, e cai outra coisa. Ai que ódio. Com os protetores, é fácil colocar folhas, envelopes e até pastas finas ao lado do corpo para levar para todo lado.
Muito útil também para carregar documentos
Enfim, fica a dia: escolha bem seus protetores de roupa. Afinal, além de proteger a roupa, podem ser usados para muitas outras coisas. E evita passar raiva em muitas ocasiões.

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...