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Na Praça de São Pedro, na esperança de ver Chiquinho! |
Nosso quarto e último destino na Europa foi a Itália. E era justamente o lugar que eu mais queria conhecer, pois minha família veio de lá. Porém, confesso que foi a parte mais mal planejada da viagem, chegaríamos em Roma no fim da tarde de um dia, gastaria um dia inteiro para ir e voltar a Modena, e ainda iria embora no quarto dia pela manhã. Então, teria apenas um dia para conhecer os principais pontos turísticos da cidade. Já havia conversado com meu cunhado, que estivera lá há pouco tempo, e ele me disse que seria suficiente.
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Chegamos à noite em Roma pelo terminal Termini |
Chegamos ao aeroporto e pegamos um trem para a cidade. Escolhi um hotel próximo à estação Termini propositalmente, pois de lá partem trens, metrô e ônibus para qualquer parte da cidade e até para outras cidades. Chegamos a Termini por volta de oito e meia, bem cansados. Fomos andando até o hotel, mas chegando lá... O atendente nos disse que o quarto adaptado estava ocupado, e que os ocupantes haviam saído cedo e ainda não haviam retornado. Eu poderia esperar eles chegarem para trocarem de quarto entrar, ou poderia ir para um hotel semelhante que eles já tinham reservado para mim pelo mesmo preço. Inicialmente fiquei meio revoltado por não terem reservado direito, ameacei entrar em contato com o Booking, mas resolvi ir até o hotel para ver se valia a pena. O atendente chamou então um auxiliar japonês para nos levar até o hotel, que era no quarteirão seguinte. Fomos então atrás do japonês. Chegamos à esquina e entramos à esquerda. Acabou a rua e o japonês olhou para um lado, olhou para o outro e se virou pra nós. Perguntei se estava tudo certo e descobri que ele não falava inglês. Mas entendi que ele não estava encontrando o hotel. Pediu pra gente esperar ali - bem no meio do cruzamento, e saiu correndo pela rua até o fim do quarteirão e sumiu na esquina. Logo apareceu ele de novo, correndo, chegou até a gente e pediu para esperar mais um pouco, continuou correndo na outra direção até sumir. Nisso a gente já estava rindo, o japonês magrinho naquela roupa tipo ascensorista de elevador chique correndo prum lado e pro outro. Apareceu de novo o japonês tentando explicar que não encontrava o hotel e ia voltar ao primeiro hotel para pegar mais explicação. E lá vai o japonês correndo pela rua. Logo ele voltou correndo explicando o vacilo: era só entrar para a direita no início, o hotel era logo depois da esquina.
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Fachada do Hotel San Remo, com degraus... mas tinha entrada lateral |
Chegando ao hotel, pequeno problema: tinha dois degraus na porta. Antes que eu reclamasse o japonês entrou correndo e pediu para abrirem a porta lateral, onde há uma rampa. Tinha um certo cheiro de mofo, mas pelo menos não era íngreme. O hotel era bem melhor que o primeiro, apesar da entrada, e o quarto era bem adaptado e espaçoso. Saímos para jantar em um restaurante próximo, indicado pelo hotel. Pedimos pizza (claro) e vinho da casa - são sempre boa pedida, vinhos de qualidade em garrafa comum. Conversando descobrimos que estávamos ao lado de um casal de brasileiros.
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Prática trava de cadeira de rodas no metrô de Roma |
No dia seguinte saímos cedo para correr pelos pontos turísticos. Resolvemos começar pelo Vaticano. Perguntei antes e descobri que o melhor meio de transporte seria o metrô. Em Roma há muitas estações adaptadas, mas é preciso se informar pois nem todos os elevadores funcionam. Chegamos rapidamente lá, mas ao sair da estação percebi que teria algum problema, pois o Vaticano ficava no alto. Não me desesperei, afinal um lugar que deve receber dezenas de cadeirantes por mês não poderia ser sem acesso. Chegamos à entrada e a fila estava dobrando o quarteirão. Mas logo me direcionaram para a entrada de cadeirantes, onde já haviam dois na fila. Entramos logo, e começou a sequência de elevadores. O primeiro leva a uma loja e algumas esculturas, o segundo ao segundo andar e início da Capela Sistina. Ainda haviam mais dois, para o segundo andar, e para a Praça São Pedro.
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Bela igreja no caminho para o Vaticano |
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Entrada do Museu Vaticano, cadeirante não pega fila - só de cadeirantes... |
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Praça Quadrada, na entrada do Vaticano |
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Praça no centro do Museu |
O Vaticano é um complexo com museu, lojas, praças ao ar livre, igreja e espaços internos. Iniciamos pela praça principal, onde há um monumento em forma de globo que fica girando. Não descobri o nome dele, mas pela foto acima dá para saber qual é. Depois da praça entramos no Museu do Vaticano, com obras religiosas e peças ligadas à história da igreja no mundo. Havia até uma arca que lembra aquelas de histórias do Indiana Jones. Rodamos pelos corredores e galerias do museu e ao final havia uma escada, mas - claro - tinha um elevador que levava até a Capela Cistina. Antes da entrada havia um espaço com uma mesa e um padre, para que as pessoas pedissem uma benção. Havia um casal lá e a Gi pediu para esperar, e assim que liberou entramos. Expliquei em inglês que a gente queria uma benção para nossa relação, e depois de dizer que Deus não havia me abandonado, por causa da minha situação, segurou nas nossas mãos e começou dizendo que a Gi era um anjo que apareceu na minha vida, que nossa relação era especial e Deus estava olhando por nós, etc, etc, nesse momento olhei para a Gi e ela estava desabando de chorar. O detalhe é que ela não fala inglês, então estava chorando porque? Quando acabou agradeci ao padre e fui tirar minha dúvida, ela disse que ele não poderia estar falando nada de ruim, então se emocionou! Ah, mulheres...
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Linda arca entre os objetos do museu |
O trânsito para dentro da capela era intenso, mas o pessoal respeita e é só ir pedindo licença. Chegando mais no meio, o padre que tinha nos dado benção apareceu e foi na frente tirando o povo e me posicionou em frente ao altar. Em seguida pediu silêncio a todos e começou uma breve missa. A capela é menor do que eu imaginava, mas sua grandiosidade está no teto, que é todo tomado pela obra de Michelangelo. Realmente incrível, de encher os olhos. Depois da missa fomos direto para a Praça São Pedro, onde fica a
Basílica de São Pedro e onde o Papa aparece eventualmente. A praça é linda, mas toda irregular e complicada de rodar com cadeira de rodas, principalmente nas laterais. Imaginava que ela fosse plana, mas é toda em desníveis. Há escadas nas laterais, para acessar o centro há rampas, mas estando longe é mais fácil descer os degraus, são baixos e largos. O obelisco ao centro também é fantástico, mas o grande barato é estar ali, onde são revelados novos papas, onde o povo se junta para ver e ouvir o Papa - enfim, onde a história aconteceu e acontece até hoje.
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Elevador que leva à Capela Sistina |
Entramos depois na Basílica, que tem um caminho um pouco tortuoso para cadeirantes: peguei um elevador, atravessei a frente toda para chegar em uma rampa, atravessei algumas cordas e finalmente estava lá dentro. O lugar é absolutamente incrível, a altura do teto, as imagens nas laterais e a luz que entra pelo teto e janelas, coisa de louco. Dentro da basílica há diversos santuários e seções dedicadas a alguns papas, com destaque, claro para o túmulo do João Paulo II. Outra que chama muita atenção é a Pietá, toda em mármore, belíssima. E no fundo da basílica, o imponente altar, que já vi várias vezes na televisão, principalmente na Missa do Galo no fim do ano. Fiquei imaginando o tamanho das árvores que deram origem àquelas colunas. Na saída passamos em uma das lojinhas de lá para comprar lembranças - mas é mais barato fora da basílica, há dezenas de lojas e até camelôs.
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Detalhe da fachada da Basílica de São Pedro |
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Túmulo do Papa João Paulo II |
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Altar Papal |
Saindo de lá demos mais algumas voltas pela praça e fomos almoçar. Me disseram que os restaurantes bons são os mais próximos, pois os padres não comem mal. Realmente, comemos uma massa bem gostosa. Depois fomos pegar um buzão para conhecer Roma - conto no próximo post!