domingo, 7 de dezembro de 2014

Paris para cadeirantes - Parte 3

Em frente à pirâmide de vidro do Louvre
Paris é a cidade dos Museus. Depois de conhecer dois deles, reservamos o terceiro dia em Paris para visitar mais dois, os famosos D'Orsay e Louvre. Acordamos cedo, tomamos café em uma cafeteria muito charmosa - pedi crepe suzete - e um único ônibus nos levou direto ao Museu D'Orsay. Mais um gratuito, para cadeirante e acompanhante. A acessibilidade lá dentro é um pouco confusa, muitas vezes é preciso pedir informação aos funcionários para chegar aos andares ou níveis, pois alguns elevadores são escondidos. A quantidade de níveis nas laterais também incomoda, pois há pequenos degraus de um para outro, e o cadeirante precisa ficar dando a volta para pegar outras entradas. Mas vale a pena, a cada sala que a gente entra, uma sensação diferente, dada a variedade de obras.

Fachada do Museu D'Orsay.
Na nave principal há várias esculturas belíssimas de mármore e bronze, e nas laterais ficam os níveis com quadros e algumas peças antigas. Nos deparamos com dezenas de estudantes desenhando as esculturas. A nave é toda inclinada, e há rampas nas laterais, bem suaves. Depois de explorar a parte central, partimos para os andares superiores. Não parece, mas há cinco andares no D'Orsay! Resolvemos ir de baixo para cima, e já pegamos o elevador direto para o último andar. Lá é possível ver através dos relógios que ficam na fachada principal, uma bela vista para o Rio Sena. Também no último andar há um restaurante muito bacana, super bem decorado.

Nave central do D'Orsay, com muitas esculturas
Voltamos para o quarto andar e nos deparamos com diversas peças de mobiliário antigas, recriações de quartos, aposentos e ateliês de grandes artistas renascentistas. Muito interessante. Há ainda outras galerias com quadros imensos, do chão ao teto. Descemos mais um pouco e resolvemos ir direto para a atração principal, a seção Van Gogh, onde está o famoso quadro auto retrato. Um espetáculo, chega a ser emocionante. Ainda mais para quem viu o episódio de Dr. Who em que Van Gogh vem do passado e vê as pessoas admirando suas obras, coisa que ele morreu sem ver, já que não vendeu uma única obra em vida. Assistam um resumo clicando aqui ou aqui.

Mobiliário antigo retratando uma sala.
Curtimos bastante o museu e fomos almoçar nas margens do rio Sena, para seguir depois para o Louvre, do outro lado do rio. Chegando ao palácio do Louvre há alguns gramados, onde o povo fica deitado, namorando ou brincando com os filhos, ou com cachorro. É tipo um parque, bem descontraído. O Palácio do Louvre é enorme, por fora dá para ter ideia da quantidade de coisa que tem lá dentro. Passa-se por um portal enorme para chegar à entrada principal, aquela pirâmide de vidro.

Chegada ao complexo do Louvre
Como em todos os museus de Paris, a fila estava enorme. E como em todos que estive, cadeirante não pega fila, não paga, e nem o acompanhante. Assim que o segurança me viu abriu a corda da entrada e me conduziu ao elevador mais bacana que já andei, que sobe do chão até a plataforma da entrada. Chegando ao térreo, há um balcão de informações com vários atendentes treinados em várias línguas, inclusive português. Há também vários mapas e guias gratuitos, fundamentais para se orientar dentro do museu. Para os mais exigentes, há aparelhos de áudio que podem ser alugados por cinco euros com explicações sobre cada obra. Eu não quis alugar, preferi ir acompanhando no guida de papel e conversando com a Gi sobre as obras.

As Bodas de Caná, incrível.
Do térreo se escolhe em que direção ir, de acordo com a galeria que se queira visitar primeiro. Começamos pelo lado direito do museu, que era justamente onde estava a principal atração, a Mona Lisa. Queria ver logo essa danada. Rodar pelos corredores do Louvre é enebriante, as pinturas no teto e os detalhes de decoração impressionam quase tanto quanto as obras expostas. Chegando à sala da Mona Lisa, há um quadro gigantesco no lado oposto, As Bodas de Caná, de Paolo Veronese, que chega a tirar o fôlego, tanto pela beleza quanto pelo tamanho. O quadro é injustamente negligenciado pelos turistas, dada a atenção que a Mona Lisa recebe, o que permite admirá-lo sem muita interferência.
Gioconda, a Mona Lisa, com visão privilegiada!
O lado da Mona Lisa parece um formigueiro, são dezenas de pessoas se estapeando para chegar perto e conseguir a melhor foto. Mais uma vez o respeito aos cadeirantes se fez valer e assim que um dos seguranças me viu tentando chegar perto pediu para abrir passagem e abriu a corrente que separa o povo, e deixou também a Gi ficar ali pertinho para tirar foto e curtir a pintura comigo. Ela é menor do que se supõe, mas é realmente hipnotizante. Muito legal poder ficar tão perto de uma obra tão famosa e icônica.
Vênus de Milo, dando uma de João sem braço...
... nem percebeu o cofrinho de fora!
De lá fomos atrás da Vênus de Milo. Belíssima escultura, e como não perco uma oportunidade, tirei uma foto que pouca gente tem: do cofrinho da Vênus de Milo! Rsrs Outras que fiz questão de conhecer foram Psiquê Reanimada pelo Beijo de Eros, A Madona das Rochas, também de Da Vinci, a Victória de Samotrácia e a Diana de Versalhes. Depois fomos às galerias egípcias, incríveis, com sarcófagos e múmias, e ao Louvre Medieval, onde é possível ver as estruturas do forte que havia onde hoje é o Louvre. Tem até uma miniatura dele, que parece um castelo.

Psiqué Reanimada pelo Beijo de Eros
A pirâmide invertida, no meio do mini shopping do subterrâneo do Louvre
Depois de curtir as principais obras e galerias, voltamos à recepção, e fomos explorar as galerias que há por ali. Tem lanchonete, lojas de lembranças, lojas grandes (até da Apple tinha) e no meio a famosa pirâmide invertida, que me fez lembrar o filme O Código Da Vinci. Muito legal. Vale a pena comprar um Guia Oficial das obras primas do Louvre, é ótimo para direcionar a visita. Uma tarde é pouco para conhecer o Louvre, mas recomendo ficar até o fim do dia para pegar o museu iluminado. À noite, é outro mundo, maravilhoso. Na volta andamos até o início da Champs-Elysées e pegamos um ônibus até o hotel. Foi um dia incrível!

Louvre à noite é um show
O portal na entrada do Louvre

7 comentários:

  1. Olá Alessandro! Conheci você através do Clube Stilo há algum tempo. Na época você me deu umas dicas sobre o Stilo para portadores de deficiência física. Legal que você está na Europa!

    Estou me programando para ir agora em maio de 2015, em lua-de-mel, e estava procurando informações sobre acessibilidade na Europa, e achei o teu site novamente. Bom, no meu caso, que sou amputado, não estou achando muita informação a respeito, a maioria dos posts que acho na internet é sobre cadeirantes. Você sabe se as prioridades e benefícios também valem para amputados? Pergunto isso, pois se eu estiver de calça, quase não se percebe que tenho perna mecânica, a não ser que eu tenha que subir escadas. No caso, para não pegar fila, é só conversar com os recepcionistas? Qualquer dica já me ajuda muito!

    Boa viagem!

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    1. Oi Thiago, sim, valem para amputados. Basta conversar com o pessoal, e se for o caso, mostrar a prótese! Mas acredito que não será necessário, eles levam isso a sério e confiam nas pessoas.

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  2. Minha pergunta vai no mesmo sentido... viajo com meu pai, que tem artrose deformante e usa um scooter para locomoção. Eles lhe pediram alguma identificação?
    Obrigada,

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    1. Não pediram nenhuma identificação, basta informar que é deficiente e tem direito.

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  3. Bom dia estou indo viajar para Europa com uma amiga que tem deficiência vc poderia me informar se consigo alugar uma cadeira ou um triciclo em Paris?

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    1. Não sei te informar. Fui com minha cadeira e não procurei saber se há esta opção na cidade.

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  4. Estarei viajando até Londres, Paris, Bruxelas e Amsterdan, tenho artrose nos dois joelhos e utilizo bengala para ajudar na locomoção, será que terei acesso prioritário nas atrações turísticas? Gratuidade também? Na verdade pagar não será problema, mas se for de graça melhor, meu problema é ficar muito tempo em pé nas filas.

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