segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Paris para cadeirantes - Parte 4

Catedral de Notre Dame
Para nosso último dia em Paris eu havia programado duas igrejas - ou melhor, catedrais - a Notre Dame e a Sacre Coeur. Pelo mapa percebi que eram um pouco longe, então priorizei a primeira. Para chegar lá precisamos pegar dois ônibus, o primeiro até o Jardin des Touleries, depois atravessamos o rio Sena para pegar outro. Atravessamos pela "Passerelle Léopold-Sédar-Senghor" - a cidade é tão chique que até uma passarela tem um nome pomposo. Como várias pontes sobre o rio Sena, essa tinha centenas de cadeados fechados no parapeito, e logo à frente um camelô vendendo cadeados. Não perdemos a oportunidade, compramos um cadeado em forma de coração, que nem chave tem, escrevemos nossos nomes e travamos ele na grade do parapeito. Fofo, né?

Momento romântico sobre o rio Sena
Pegamos o outro ônibus e rapidamente chegamos ao destino. Notre Dame fica em uma ilha no meio do rio Sena, atravessamos mais uma ponte e nos deparamos com sua imponente fachada. Só chegando perto de uma catedral para ter noção da sua grandiosidade, superou muito qualquer expectativa que eu tinha. Chegando perto o que impressiona é a quantidade de detalhes, que em alguns pontos chegam a ser sinistros, como os gárgulas na lateral, que remetem ao estilo gótico da catedral. As portas enormes convidam ao interior, e a preferência para deficientes mais uma vez foi respeitada e me conduziram à frente da fila.

A imponente nave da Nôtre Damme
Um dos belíssimos vitrais
Lá dentro é incrível, os arcos da nave central e os vitrais deixam qualquer um de queixo caído. Há várias imagens lindas (tinha até da Joana D'Arc) nas laterais e muitas velas, que você pode pegar à vontade (sugerem deixar dois euros de doação) para acender e deixar com seus pedidos. Acho que ouvi inclusive sussuros do corcunda pelas paredes... Rodamos pelo interior e fomos para os fundos, onde há um belo jardim. A arquitetura dos fundos impressiona quase tanto quanto da fachada, onde destacam-se as pontas e arcos.

Deixei também meu pedido

Restaurante charmoso
Depois do almoço passamos por La Conciergerie e fomos conhecer a Bastilha, ou melhor, o monumento Coluna de Julho, uma enorme coluna coroada por um anjo dourado, que marca o local onde ficava a Bastilha. Deixamos o resto da tarde para uma voltinha pelas Galerias Lafayette (deixei propositalmente pouco tempo para a Gi não gastar muito).

Coluna de Julho

Chez Clement
Para encerrar o dia, fomos jantar no Chez Clément, um restaurante muito bacana (mas sem acessibilidade - a não ser as mesas sobre a calçada). Depois de quatro deliciosos dias na capital francesa, fomos para Londres de trem passando por baixo do Canal da Mancha. Depois conto sobre as viagens de trem pela Europa.
Não deixem de ler os relatos da Laura Martins sobre seus passeios por Paris:
http://cadeiravoadora.blogspot.com.br/search/label/Paris
Outro site muito completo sobre Paris que consultei:
http://www.conexaoparis.com.br/

domingo, 7 de dezembro de 2014

Paris para cadeirantes - Parte 3

Em frente à pirâmide de vidro do Louvre
Paris é a cidade dos Museus. Depois de conhecer dois deles, reservamos o terceiro dia em Paris para visitar mais dois, os famosos D'Orsay e Louvre. Acordamos cedo, tomamos café em uma cafeteria muito charmosa - pedi crepe suzete - e um único ônibus nos levou direto ao Museu D'Orsay. Mais um gratuito, para cadeirante e acompanhante. A acessibilidade lá dentro é um pouco confusa, muitas vezes é preciso pedir informação aos funcionários para chegar aos andares ou níveis, pois alguns elevadores são escondidos. A quantidade de níveis nas laterais também incomoda, pois há pequenos degraus de um para outro, e o cadeirante precisa ficar dando a volta para pegar outras entradas. Mas vale a pena, a cada sala que a gente entra, uma sensação diferente, dada a variedade de obras.

Fachada do Museu D'Orsay.
Na nave principal há várias esculturas belíssimas de mármore e bronze, e nas laterais ficam os níveis com quadros e algumas peças antigas. Nos deparamos com dezenas de estudantes desenhando as esculturas. A nave é toda inclinada, e há rampas nas laterais, bem suaves. Depois de explorar a parte central, partimos para os andares superiores. Não parece, mas há cinco andares no D'Orsay! Resolvemos ir de baixo para cima, e já pegamos o elevador direto para o último andar. Lá é possível ver através dos relógios que ficam na fachada principal, uma bela vista para o Rio Sena. Também no último andar há um restaurante muito bacana, super bem decorado.

Nave central do D'Orsay, com muitas esculturas
Voltamos para o quarto andar e nos deparamos com diversas peças de mobiliário antigas, recriações de quartos, aposentos e ateliês de grandes artistas renascentistas. Muito interessante. Há ainda outras galerias com quadros imensos, do chão ao teto. Descemos mais um pouco e resolvemos ir direto para a atração principal, a seção Van Gogh, onde está o famoso quadro auto retrato. Um espetáculo, chega a ser emocionante. Ainda mais para quem viu o episódio de Dr. Who em que Van Gogh vem do passado e vê as pessoas admirando suas obras, coisa que ele morreu sem ver, já que não vendeu uma única obra em vida. Assistam um resumo clicando aqui ou aqui.

Mobiliário antigo retratando uma sala.
Curtimos bastante o museu e fomos almoçar nas margens do rio Sena, para seguir depois para o Louvre, do outro lado do rio. Chegando ao palácio do Louvre há alguns gramados, onde o povo fica deitado, namorando ou brincando com os filhos, ou com cachorro. É tipo um parque, bem descontraído. O Palácio do Louvre é enorme, por fora dá para ter ideia da quantidade de coisa que tem lá dentro. Passa-se por um portal enorme para chegar à entrada principal, aquela pirâmide de vidro.

Chegada ao complexo do Louvre
Como em todos os museus de Paris, a fila estava enorme. E como em todos que estive, cadeirante não pega fila, não paga, e nem o acompanhante. Assim que o segurança me viu abriu a corda da entrada e me conduziu ao elevador mais bacana que já andei, que sobe do chão até a plataforma da entrada. Chegando ao térreo, há um balcão de informações com vários atendentes treinados em várias línguas, inclusive português. Há também vários mapas e guias gratuitos, fundamentais para se orientar dentro do museu. Para os mais exigentes, há aparelhos de áudio que podem ser alugados por cinco euros com explicações sobre cada obra. Eu não quis alugar, preferi ir acompanhando no guida de papel e conversando com a Gi sobre as obras.

As Bodas de Caná, incrível.
Do térreo se escolhe em que direção ir, de acordo com a galeria que se queira visitar primeiro. Começamos pelo lado direito do museu, que era justamente onde estava a principal atração, a Mona Lisa. Queria ver logo essa danada. Rodar pelos corredores do Louvre é enebriante, as pinturas no teto e os detalhes de decoração impressionam quase tanto quanto as obras expostas. Chegando à sala da Mona Lisa, há um quadro gigantesco no lado oposto, As Bodas de Caná, de Paolo Veronese, que chega a tirar o fôlego, tanto pela beleza quanto pelo tamanho. O quadro é injustamente negligenciado pelos turistas, dada a atenção que a Mona Lisa recebe, o que permite admirá-lo sem muita interferência.
Gioconda, a Mona Lisa, com visão privilegiada!
O lado da Mona Lisa parece um formigueiro, são dezenas de pessoas se estapeando para chegar perto e conseguir a melhor foto. Mais uma vez o respeito aos cadeirantes se fez valer e assim que um dos seguranças me viu tentando chegar perto pediu para abrir passagem e abriu a corrente que separa o povo, e deixou também a Gi ficar ali pertinho para tirar foto e curtir a pintura comigo. Ela é menor do que se supõe, mas é realmente hipnotizante. Muito legal poder ficar tão perto de uma obra tão famosa e icônica.
Vênus de Milo, dando uma de João sem braço...
... nem percebeu o cofrinho de fora!
De lá fomos atrás da Vênus de Milo. Belíssima escultura, e como não perco uma oportunidade, tirei uma foto que pouca gente tem: do cofrinho da Vênus de Milo! Rsrs Outras que fiz questão de conhecer foram Psiquê Reanimada pelo Beijo de Eros, A Madona das Rochas, também de Da Vinci, a Victória de Samotrácia e a Diana de Versalhes. Depois fomos às galerias egípcias, incríveis, com sarcófagos e múmias, e ao Louvre Medieval, onde é possível ver as estruturas do forte que havia onde hoje é o Louvre. Tem até uma miniatura dele, que parece um castelo.

Psiqué Reanimada pelo Beijo de Eros
A pirâmide invertida, no meio do mini shopping do subterrâneo do Louvre
Depois de curtir as principais obras e galerias, voltamos à recepção, e fomos explorar as galerias que há por ali. Tem lanchonete, lojas de lembranças, lojas grandes (até da Apple tinha) e no meio a famosa pirâmide invertida, que me fez lembrar o filme O Código Da Vinci. Muito legal. Vale a pena comprar um Guia Oficial das obras primas do Louvre, é ótimo para direcionar a visita. Uma tarde é pouco para conhecer o Louvre, mas recomendo ficar até o fim do dia para pegar o museu iluminado. À noite, é outro mundo, maravilhoso. Na volta andamos até o início da Champs-Elysées e pegamos um ônibus até o hotel. Foi um dia incrível!

Louvre à noite é um show
O portal na entrada do Louvre