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Outro estádio, outro nível. Mas ainda tem que melhorar... |
No final de março realizei mais uma vontade de muito tempo: fui conhecer o Mineirão depois da reforma. Antigamente eu ia muito, quando meu pai ainda morava aqui em BH, nos principais jogos do Cruzeiro. Antes da reforma, o local para cadeirantes era péssimo. Eram dois cercadinhos na área inferior com demarcações para cadeiras de rodas, um de cada lado. Não havia espaço para acompanhantes, só cadeirantes, um do lado do outro. Se lotasse, dava congestionamento. Pior que eu ficava na área para cadeirantes e meu pai nas cadeiras da parte de baixo. Como era horrível, eu preferia ficar na parte central, na chamada "Tribuna de Honra", onde ficavam familiares dos jogadores e até jogadores "baqueados". O lugar era aberto, mas para um cadeirante chegar era preciso descer três degraus. Na ida era tranquilo, mas na volta a gente pedia ajuda a alguém que estivesse por ali ou a algum funcionário do estádio.
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Vagas não faltam, mas bem que poderiam tirar esse cones... só que não |
Até que, em 2010, o Mineirão foi fechado para a custosa reforma para a Copa do Mundo e só reabriu os portões no final de 2012. Como meu pai já tinha se mudado de BH, fiquei aguardando uma oportunidade, até que em uma visita dele resolvemos ir em um jogo pelo campeonato Mineiro, Cruzeiro e Boa Esporte. Para comprar o ingresso tive que ir ao Mineirão no meio da semana, pois deixaram apenas 760 ingressos para serem vendidas na sede que fica perto do centro! Não bastasse a viagem só para comprar o ingresso, cheguei lá e quase caí para trás com o preço (só não caí porque estava sentado): R$ 130,00 cada ingresso! E não tem desconto para cadeirante. E em um jogo sem muita importância do campeonato mineiro! Disseram que este preço era por causa da localização das vagas para cadeirantes. Sério? Cadeirante que ganha pouco não pode ir? Quase desisti, mas estava muito curioso para ver o estádio.
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A saída do elevador é em frente ao portão C... que não tem lugar para cadeirantes! |
Chegando lá fomos para o estacionamento do estádio, e apesar de ter diminuído de tamanho (não entendo como fizeram essa mágica, já que há vários andares agora), há muitas vagas para deficiente próximas ao elevador. Ao sair do carro, já fui abordado por um funcionário, que se dispôs a me acompanhar até o lugar reservado. Subindo pelo elevador, veio o primeiro problema: a entrada para cadeirantes ficava só no portão D, e a saída é no portão C. Tive que rodar por muitos metros até chegar na entrada correta. Incoerência total a entrada ficar longe do elevador. Chegando à entrada correta, outro problema. O elevador que dá acesso à arquibancada estava "inoperante" de acordo com os funcionários, então eu teria que descer uma rampa. Uma longa rampa, diga-se de passagem. O funcionário se ofereceu para segurar a cadeira, mas eu disse que o importante seria na volta. Ele disse que já havia pensado nisso, deu seu nome e celular para que eu ligasse quando o jogo acabasse, caso eu não o visse.
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Passagem própria para cadeirantes na entrada |
Entrando no estádio, fiquei impressionado com a qualidade dos materiais e com a beleza interna. Também me chamou a atenção a proximidade do gramado, antes havia uma enorme lacuna entre o fim da arquibancada e o começo do campo, agora isso foi reduzido, eliminaram o enorme "fosso" que existia ali. A área reservada para cadeirantes ocupa toda a lateral de um dos lados do campo, é uma fileira que vai do início ao fim do gramado, sem obstáculos na frente, e em um nível mais alto do que as próximas fileiras. Isso garante boa visibilidade do gramado mesmo se as pessoas da frente ficarem de pé.
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Sem o elevador, só por essa longa rampa |
A área em que eu estava não dava acesso para o setor atrás do gol, e como eu queria conhecer mais, fui para a parte interna do estádio. Lá, tudo novo também. Havia um funcionário guardando a passagem para o outro setor, e ele disse que eu não poderia ir lá, mas depois de insistir ele deixou. Mesmo porque o acesso aos banheiros adaptados seria somente por ali. Mais um vacilo? Disseram que não, é que não estava aberto naquele dia. Os bares ficaram muito bons, mas os preços foram lá em cima. O famoso feijão tropeiro, um ícone do Mineirão, passou de 4,00 para 10,00 reais! Não experimentei porque já havia almoçado, mas na próxima não passa. Os banheiros para deficiente são separados dos outros, e há feminino e masculino. Mandaram bem. Uma coisa achei interessante, o estádio foi dividido em quatro grandes partes, com cores diferentes, e em seis setores. Ficou fácil se orientar lá dentro.
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Bares estão ótimos, mas os preços... |
Na hora do jogo, minha cadeira deveria ficar mais no canto - há marcação até para as cadeiras de rodas - e havia lugares vagos mais no meio do campo. Perguntei se poderia mudar, mas negaram, pois aquela ala estava "fechada naquele dia". De novo? Insisti novamente, estava tudo vazio, conversaram aqui e ali e deixaram. Bem melhor a vista de lá, bem no meio do campo, dá para acompanhar todos os lances tranquilamente. O jogo ficou 2 a 1 para o Cruzeiro, confirmando meu pé quente em jogos no Mineirão, nunca vi derrota, no máximo um empate.
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Eu e o coroa aprovamos a estrutura, e o jogo! |
No fim das contas, gostei da experiência. Apesar dos problemas, que disseram estarem sendo resolvidos, os funcionários estão muito bem treinados, a estrutura está muito boa e a diversão está garantida. Só precisa baixar o preço. Quero ver na Copa, comprei ingresso para três jogos, para levar a Gi, meu pai e minha irmã, pois cadeirante tem direito a um acompanhante. O ingresso custou 180,00 cada, dividindo por dois, dá 90, bem mais barato que o ingresso que paguei. Tem que melhorar, mas o caminho é este. Bora pro campo!
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Vejam aqui um mapa do Mineirão |