sábado, 31 de maio de 2014

Test Drives em carros - e ônibus - adaptados

Test drives adaptado, só em evento
Sim minha gente, a única coisa que valeu mesmo a pena na Reatech deste ano foram os test drives. Fiz quatro, em carros de várias marcas, sendo um deles em um ônibus automático adaptado! Muito legal a experiência de dirigir um veículo tão grande adaptado. É um pouco complicado transferir para o banco do motorista, pois não dá para chegar perto com a cadeira. Mas a direção é macia, fácil de tocar e manobrar, apesar do tamanho do bichão. Achei bem interessante guiar aquele monstro, muito legal ver no retrovisor tanto "carro" para trás. E ainda tem uma vantagem: se eu perder o emprego, já tenho outra opção! Vou virar motorista de buzão!
O primeiro test drive em carro foi no novo Fiat Linea, que está mais bonito, moderno e ainda caiu de preço. O carro vem com botões no volante desde a versão de entrada, o que é importante para cadeirantes, e ainda ar condicionado, som com USB e piloto automático. Ele estava equipado com o comando manual F1 Evo da Guidosimplex, uma adaptação diferente das normais, ela não fica próxima ao volante, mas sim ao lado do câmbio, presa ao chão do carro. Ela tem algumas vantagens em relação às adaptações de volante, que percebo: não é necessário ficar com o braço elevado, portanto cansa menos; fica próxima à marcha, o que facilita em carros manuais adaptados ou para eventuais trocas em automatizados, e ainda funciona como freio de mão e tem um botão para a buzina. Gostei do carro e da adaptação, o Linea tem excelente espaço interno e porta malas, e a adaptação é bem fácil de tocar e precisa. Com câmbio Dualogic e já as isenções, ele sai por menos de quarenta e cinco mil reais. Ótimo custo x benefício.
O segundo test drive foi no novo Focus, um carro que cogito muito adquirir depois do Bravo. Gostei muito da última atualização do design, e o motor com injeção direta otimiza o desempenho, aliado ao câmbio powershift de dupla embreagem e seis velocidades percebi excelente resposta às investidas no acelerador, o que melhora também as retomadas. A gente puxa e o carro responde, imediatamente. O porta malas também está bem grande, apesar de não ser dos maiores da categoria. De pontos negativos, o pouco espaço interno, a falta de borboletas atrás do volante para passar marchas, e a versão de entrada, que é a única abaixo do limite de isenção, é pouco equipada e tem muito plástico nos painéis de porta, parece de categoria inferior. O Focus estava com uma adaptação manual comum do lado esquerdo.
Outro carro que dirigi lá foi o novo Corolla. Ele está muito bonito por fora, mais ousado, e cresceu por dentro e no porta malas, ponto positivo para cadeirantes. A direção é bem macia, e apesar de ter crescido não é nenhuma banheira, bem tranquilo para manobrar. A maior vantagem desta nova versão foi a adoção do câmbio automático CVT, continuamente variável, que elimina completamente os trancos. O melhor, na minha opinião. Só não gostei muito do desenho do painel, muito reto e projetado para a frente, parece de Kombi. E a versão de entrada, também a única que fica abaixo do limite de isenção, é muito pelada, nem sensor de estacionamento tem. A adaptação também era do tipo comum, uma barra embaixo do volante.
Os testes foram ótimos, mas ficou evidente como estamos cada vez mais limitados para adquirir um carro zero com isenção, já que o limite está em 70 mil desde 2009. Do jeito que vai, daqui a pouco só será possível comprar carros de pequeno porte com câmbio automatizado, e olhe lá. O problema vai ser guardar cadeira de rodas em mini porta malas.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Mineirão para cadeirantes

Outro estádio, outro nível. Mas ainda tem que melhorar...
No final de março realizei mais uma vontade de muito tempo: fui conhecer o Mineirão depois da reforma. Antigamente eu ia muito, quando meu pai ainda morava aqui em BH, nos principais jogos do Cruzeiro. Antes da reforma, o local para cadeirantes era péssimo. Eram dois cercadinhos na área inferior com demarcações para cadeiras de rodas, um de cada lado. Não havia espaço para acompanhantes, só cadeirantes, um do lado do outro. Se lotasse, dava congestionamento. Pior que eu ficava na área para cadeirantes e meu pai nas cadeiras da parte de baixo. Como era horrível, eu preferia ficar na parte central, na chamada "Tribuna de Honra", onde ficavam familiares dos jogadores e até jogadores "baqueados". O lugar era aberto, mas para um cadeirante chegar era preciso descer três degraus. Na ida era tranquilo, mas na volta a gente pedia ajuda a alguém que estivesse por ali ou a algum funcionário do estádio.
Vagas não faltam, mas bem que poderiam tirar esse cones... só que não
Até que, em 2010, o Mineirão foi fechado para a custosa reforma para a Copa do Mundo e só reabriu os portões no final de 2012. Como meu pai já tinha se mudado de BH, fiquei aguardando uma oportunidade, até que em uma visita dele resolvemos ir em um jogo pelo campeonato Mineiro, Cruzeiro e Boa Esporte. Para comprar o ingresso tive que ir ao Mineirão no meio da semana, pois deixaram apenas 760 ingressos para serem vendidas na sede que fica perto do centro! Não bastasse a viagem só para comprar o ingresso, cheguei lá e quase caí para trás com o preço (só não caí porque estava sentado): R$ 130,00 cada ingresso! E não tem desconto para cadeirante. E em um jogo sem muita importância do campeonato mineiro! Disseram que este preço era por causa da localização das vagas para cadeirantes. Sério? Cadeirante que ganha pouco não pode ir? Quase desisti, mas estava muito curioso para ver o estádio.
A saída do elevador é em frente ao portão C... que não tem lugar para cadeirantes!
Chegando lá fomos para o estacionamento do estádio, e apesar de ter diminuído de tamanho (não entendo como fizeram essa mágica, já que há vários andares agora), há muitas vagas para deficiente próximas ao elevador. Ao sair do carro, já fui abordado por um funcionário, que se dispôs a me acompanhar até o lugar reservado. Subindo pelo elevador, veio o primeiro problema: a entrada para cadeirantes ficava só no portão D, e a saída é no portão C. Tive que rodar por muitos metros até chegar na entrada correta. Incoerência total a entrada ficar longe do elevador. Chegando à entrada correta, outro problema. O elevador que dá acesso à arquibancada estava "inoperante" de acordo com os funcionários, então eu teria que descer uma rampa. Uma longa rampa, diga-se de passagem. O funcionário se ofereceu para segurar a cadeira, mas eu disse que o importante seria na volta. Ele disse que já havia pensado nisso, deu seu nome e celular para que eu ligasse quando o jogo acabasse, caso eu não o visse.
Passagem própria para cadeirantes na entrada
Entrando no estádio, fiquei impressionado com a qualidade dos materiais e com a beleza interna. Também me chamou a atenção a proximidade do gramado, antes havia uma enorme lacuna entre o fim da arquibancada e o começo do campo, agora isso foi reduzido, eliminaram o enorme "fosso" que existia ali. A área reservada para cadeirantes ocupa toda a lateral de um dos lados do campo, é uma fileira que vai do início ao fim do gramado, sem obstáculos na frente, e em um nível mais alto do que as próximas fileiras. Isso garante boa visibilidade do gramado mesmo se as pessoas da frente ficarem de pé.
Sem o elevador, só por essa longa rampa
A área em que eu estava não dava acesso para o setor atrás do gol, e como eu queria conhecer mais, fui para a parte interna do estádio. Lá, tudo novo também. Havia um funcionário guardando a passagem para o outro setor, e ele disse que eu não poderia ir lá, mas depois de insistir ele deixou. Mesmo porque o acesso aos banheiros adaptados seria somente por ali. Mais um vacilo? Disseram que não, é que não estava aberto naquele dia. Os bares ficaram muito bons, mas os preços foram lá em cima. O famoso feijão tropeiro, um ícone do Mineirão, passou de 4,00 para 10,00 reais! Não experimentei porque já havia almoçado, mas na próxima não passa. Os banheiros para deficiente são separados dos outros, e há feminino e masculino. Mandaram bem. Uma coisa achei interessante, o estádio foi dividido em quatro grandes partes, com cores diferentes, e em seis setores. Ficou fácil se orientar lá dentro.
Bares estão ótimos, mas os preços...
Na hora do jogo, minha cadeira deveria ficar mais no canto - há marcação até para as cadeiras de rodas - e havia lugares vagos mais no meio do campo. Perguntei se poderia mudar, mas negaram, pois aquela ala estava "fechada naquele dia". De novo? Insisti novamente, estava tudo vazio, conversaram aqui e ali e deixaram. Bem melhor a vista de lá, bem no meio do campo, dá para acompanhar todos os lances tranquilamente. O jogo ficou 2 a 1 para o Cruzeiro, confirmando meu pé quente em jogos no Mineirão, nunca vi derrota, no máximo um empate.
Eu e o coroa aprovamos a estrutura, e o jogo!
No fim das contas, gostei da experiência. Apesar dos problemas, que disseram estarem sendo resolvidos, os funcionários estão muito bem treinados, a estrutura está muito boa e a diversão está garantida. Só precisa baixar o preço. Quero ver na Copa, comprei ingresso para três jogos, para levar a Gi, meu pai e minha irmã, pois cadeirante tem direito a um acompanhante. O ingresso custou 180,00 cada, dividindo por dois, dá 90, bem mais barato que o ingresso que paguei. Tem que melhorar, mas o caminho é este. Bora pro campo!
Vejam aqui um mapa do Mineirão

domingo, 4 de maio de 2014

Serra da Piedade para cadeirantes

A igreja matriz está em reforma, mas logo reabrirá
O Santuário Nossa Senhora da Piedade, padroeira de Minas Gerais, no município de Caeté, é um dos lugares mais lindos do nosso montanhoso e belo estado. Conheci o santuário no final dos anos 90 e fiquei maravilhado com o lugar, que tem uma bela igrejinha de arquitetura barroca na parte mais alta, outra igreja mais moderna, vários mirantes, um observatório da UFMG e um restaurante com um visual de babar. Voltei lá algumas vezes, mas desde que virei cadeirante, em 2006, não tinha ido lá ainda. Porém, com dicas da minha amiga Rosa Spindola, que esteve lá e disse que está acessível, aproveitei a visita dos meus sogros para dar uma voltinha por lá.
Panorâmica da vista de Igreja Nova das Romarias
O santuário fica a 50 quilômetros de Belo Horizonte, seguindo pela rodovia BR-381 e entrando em direção a Caeté. Mais na frente há placas que levam até a Serra da Piedade, aí prepare-se para subir, subir, subir... Até chegar a quase 1750 metros acima do nível do mar. Nessa altura, dá para imaginar o visual. Sim, é um dos visuais mais lindos de Minas Gerais, e deve ser o mais bem estruturado. Inclusive para cadeirantes. Ao chegar na portaria, perguntei sobre a estrutura para cadeirantes e fui informado sobre os carrinhos elétricos para transporte de cadeirantes e idosos. Bastava solicitar a um funcionário do santuário.
Carrinho elétrico para cadeirantes e idosos. Eles levam a cadeira atrás.
Chegamos ao alto da montanha e havia um funcionário por perto, ao qual informei ser cadeirante e perguntei sobre a acessibilidade. Ele foi muito educado e disse que me levaria em um carro elétrico onde eu quisesse, mas se eu preferisse poderia ir de carro em todas as atrações do santuário, inclusive na antiga igreja no alto da montanha. Preferi esta última opção, pois ficaria mais tranquilo, sem me preocupar em monopolizar o carrinho. São dois, e são utilizados para levar idosos também. Achei interessante eles colocarem em cima do meu carro um imã com o simbolo de cadeirante, para que outros funcionários ajudassem ou abrissem as áreas restritas, como a da igreja antiga.
Igreja Nova das Romarias
A primeira atração que fui ver foi a Igreja Nova das Romarias, na parte mais baixa do santuário. Ela é moderna, com bela arquitetura, bem grande por dentro e fica de frente para um belo mirante. A nave da igreja é impressionante, o teto é suportado por uma bela estrutura de concreto, o altar é imponente e há uma linda escultura da Nossa Senhora da Piedade. Nas laterais da igreja há vários painéis que contam a história do santuário e detalhes sobre a arquitetura e imagens lá presentes. Muito interessante.
Bela igreja, arquitetura modera, porém, sem acesso...
Porém, nem tudo são flores. Não há rampa de acesso em nenhuma das cinco entradas, e os banheiros, apesar de dar para entrar com a cadeira, não é adaptado. Vi uma faixa lá dentro informando que o santuário está em reforma, e que 80% está pronto. Espero que entre os 20% faltantes esteja a melhoria da acessibilidade da igreja.
Gi com seus pais na imagem de Cristo na cruz, com Maria e São João.
Em seguida fomos ao observatório, que estava fechado e não vi acesso para cadeirantes. Depois fomos ao restaurante, que tem um visual fantástico, um self service bem variado e de qualidade, e de quebra dois banheiros adaptados, masculino e feminino. Há também uma lojinha de lembranças e uma pedra enorme bem no meio do restaurante. Muito legal. Porém, prepare-se: você vai voltar alguns quilinhos mais gordo. Isso porque as sobremesas disponíveis lá são muitas e deliciosas! Tinha rocambole de doce de leite e de chocolate, pudins, goiabada cascão, doce de leite, cocada... Ai ai, ganhei alguns pneuzinhos nessa brincadeira.
Lá de cima dá para ver nove cidades!
Depois do almoço fomos para a atração principal, a Ermida da Padroeira. É proibida a entrada de veículos, mas como o meu estava identificado, me deixaram entrar. O lugar é enorme, conta com uma loja de artigos religiosos, uma escultura de ferro com Jesus crucificado no calvário, a Ermida da Padroeira e ainda tem belíssimas vistas dos dois lados. A Ermida estava fechada para reforma, não pudemos entrar - aliás, eles não puderam entrar, porque devido às escadas na entrada eu não poderia de qualquer forma. Mas me disseram que deverá ser adaptada para cadeirantes também.
Vista da parte de cima do restaurante
No fim das contas, é um mais um destino turístico incrível para quem vem visitar Minas. E por isso vale a pena visitar Belo Horizonte. Muita gente fala que não tem muita atração turística em BH, mas não é bem assim. Além de haver mais opções do que a maioria conhece, em um raio de 100 quilômetros da capital há lugares incríveis como Inhotim, Piedade, Serra do Cipó, Macacos, Sabará, Lavras Novas, Mariana, Ouro Preto, entre outras. Tudo entre as montanhas, com visuais belíssimos!
Panorâmica da Ermida da Padroeira

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