sábado, 19 de abril de 2014

Reatech 2014

A fila estava grande... e nem adiantava pedir preferência!
Este ano a Reatech decepcionou... tanto pela falta de novidades, quanto pela falta de stands. Apareceram mais stands de montadores de carros, diminuíram os stands de empresas de cadeiras de rodas e acessórios. Senti falta da Mobility, que trouxe muita coisa interessante ano passado, principalmente cadeiras da TiLite, e da Performance, que trouxe acessórios para subir escadas, além de outras empresas menores. Percebi também que alguns stands encolheram. Não sei se está muito caro montar ou se falta interesse em mostrar novidades. Por outro lado, apareceram alguns stands novos, com destaque para o stand da Guidosimplex, fabricante italiana de adaptações para carros e vans, levada pelo Hélio Adaptações. O stand ficou muito bonito, com painéis e vídeos mostrando o piloto de rallye Albert Llovera, que é cadeirante e corre com adaptações da Guidosimplex (vale a pena conferir o site dela, basta clicar no nome).
Stand da Guidosimplex
De novidade mesmo, vi pouca coisa, e ainda senti falta de muita coisa do ano passado. O stand da Cavenaghi era um dos mais movimentados, levaram cadeiras da Invacare, marca americana, destacando os modelos Reveal, por quase 6,5 mil, e T7A, por pouco mais de 7 mil. Em promoção também estava a Otobock Ventus por 4,8 mil já com almofada Roho, e a Ortobrás M3 por menos de 2,7 mil reais. Esta última, apesar de ainda muito cara, está chegando perto do que vale. Há pouco tempo era quase quatro mil reais. Levaram também motores elétricos para cadeiras e adaptações automotivas, incluindo um Jac T8 com rampa atrás e elevador na lateral.
Cadeiras da Invacare
A Vemex lançou oficialmente a cadeira de rodas Falco, feita em alumínio sem soldas, e com peso de 8 quilos sem as rodas. Também próximo de 8 é o preço dela, que estava na feira por 7.990,00, e será comercializada inicialmente pela internet, no site da marca. Quem estava lá demonstrando a cadeira era seu garoto propaganda, Evandro Bonocchi, que demonstrou alguns detalhes da cadeira que achei interessantes, como o apoio de pés, regulável de várias formas, e o puxador, que rebate para dentro, para facilitar na hora de colocar dentro do carro. A cadeira está muito boa e leve, mas o preço ainda está puxado. Lá estava também o modelo Strix, que tem amortecedor nas rodas traseiras, ainda em demonstração, será lançada em breve..
Lançamento da Falco, com o Evandro Bonocchi
As outras novidades eram muito poucas. A mais legal e prática que encontrei foi um pegador. Um não, dois modelos de pegador, daqueles que a gente usa para pegar objetos à distância, que nem um brinquedo muito popular nos anos 80. Infelizmente não estão a venda em lugar nenhum, eram os últimos lotes de uma importadora falida. Haviam também alguns modelos novos de rampas para veículos grandes, mais leves e fáceis de montar, sem alterar muito o carro. A Jaguaribe estava com um stand bem legal, exaltando a fabricação nacional de suas cadeiras, com um modelo de dobrável nas cores da bandeira. Havia também uma cadeira motorizada de fabricação nacional. O stand da Jumper trazia cadeiras de alumínio e titânio, além das tradicionais cadeiras para Hardcore Sitting.
Pegadores que ajudam no dia a dia
O que mais gostei na feira foi encontrar e conhecer gente. E ouvir suas histórias. Conheci o Sérgio, cadeirante de São José do Rio Preto que é engenheiro aeronáutico e está construindo um ultraleve para ele! Ao invés de adaptar, está fazendo do zero. Vai ficar show. Encontrei novamente a moça gente boa que pediu para tirar foto comigo ano passado, conheci o marido e a cunhada dela, e de novo esqueci de perguntar o nome. Conheci também o Robson Risso, que veio me agradecer pessoalmente por dicas dadas no passado, cara muito gente boa e divertido. Conheci pessoalmente também o Cairo, que é de Uberlândia e foi para São Paulo de ônibus, sem nenhuma garantia do motorista que teria alguém para ajudá-lo a descer do ônibus. E ainda o Evérton, cara super animado e que me deu uma valiosa dica sobre a feira!
Bate um papo com o Robson Risso
Mas para mim, a novidade mais interessante estava do lado de fora. A auto escola Javaroti levou um ônibus automático para test drive! E eu não podia perder esta, tanto que vou deixar um post só para os test drives que fiz na feira. Tudo filmado!

domingo, 6 de abril de 2014

Show do Paralamas no Chevrolet Hall

Cadeirante arrebentando no palco!
No último sábado de março realizei um projeto de mais de cinco anos: estive em um show no Chevrolet Hall, uma das maiores casas de shows de BH. E justo em um show de um cadeirante, o Hebert Viana, do Paralamas do Sucesso. Não estive lá antes por falta de vergonha na cara, já que morei bem próximo de lá por cinco anos, dava para ir a pé. Ou melhor, a roda. Dava até para tomar uma cervejinha no show... Mas agora, morando a dez quilômetros de lá, com lei seca e tudo, só deu para tomar refri!
Primeiro elevador para chegar aos camarores
Eu já sabia que o lugar era acessível, lendo relatos de outros cadeirantes que estiveram lá. Nos shows, eles reservam um "quadrado" para os cadeirantes no canto esquerdo do palco, e para chegar lá o caminho é sinuoso, mas totalmente acessível, com um elevador no meio. Mas eu não fui para ficar na pista, a Gi ganhou dois ingressos de camarote! Estávamos ensaiando ir ao show do Paralamas desde o ano passado, e desta vez eu estava disposto a ir de qualquer jeito, já tinha visto preço de ingressos, e de repente somos premiados com este mimo.
Camarote do Chevrolet Hall, menos vip que eu esperava
Se a pista era acessível, imaginei que o camarote seria mais ainda, por ser "vip". Que ilusão... O caminho para lá até que é bem tranquilo, apesar de ainda mais sinuoso que a pista. Rodei por um corredor, até o fundo do prédio, passando por um mini elevador (esse da foto acima), depois mais uma curva, outro elevador, que pelo menos era grande, e então outro corredor, e finalmente o camarote. Fiquei decepcionado, achei muito simples e nada vip. E para piorar, sem acesso para ficar perto da grade. Tem um "buraco" ao longo de todo o camarote, como se fosse um banco, mas de cimento mesmo, que é acessado por dois degraus, nas pontas e ao longo do buraco. Não tem rampa, mas poderia facilmente ter em uma das pontas.
Dei um jeito de chegar perto da grade para curtir melhor o show
Como eu queria porque queria chegar próximo à grade para ter uma visão melhor e ficar ao lado da Gi, pedi aos seguranças para providenciarem a descida. Veio um homem e... uma mulher. Não ia dar conta de me segurar, afinal eu precisaria ser literalmente carregado. Um cara que estava ao lado se ofereceu e me carregaram para o "buraco". As pessoas ficam sentadas no chão, no duro mesmo, e tem um bar que vende bebidas e salgados, bem simples. Banheiro? Tem dois, masculino e feminino, nenhum deles adaptado. Os dois com portas estreitas. Se eu quisesse ir ao banheiro, só no térreo, teria que pegar o caminho todo de volta. Não podia ficar apertado...
A visão do camarote é muito boa, e estava bem cheio
Quanto ao show, foi muto bom, curti muito, revivi as décadas de 80 e 90 com as melhores músicas dos Paralamas, como "Meu Erro", "Alagados"e "Ska". A parte mais legal foi durante a música "Óculos", em que o Hebert Viana mudou um dos refrões, em que diz "por trás destes óculos também bate um coração" e falou "em cima destas rodas também bate um coração". Bem oportuno, pois a música fala do preconceito sofrido por ele quando chegava de óculos nos lugares e as pessoas olhavam diferente, não davam ideia. A acústica do lugar não é muito boa, já tinha ouvido falar, e acho que no camarote é pior ainda. Eu cantava as músicas e tudo porque as conhecia, mas quando o Hebert falava ao microfone, eu não entendia nada. Parece que o som rebate em algum lugar e volta, misturando tudo. Bem ruim.
Disposição da banda, incomum, mas harmônico
Achei interessante que ele ficou durante o show sobre uma plataforma, na mesma altura do baterista, e o Bi Ribeiro, baixista, ficou no meio, de pé, e o rosto deles ficou na mesma altura. Diferente, já que na maioria das bandas o vocalista é que fica no meio. Ao final do show ele desceu e foi lá na frente, mas não deu muita ideia para os cadeirantes que estavam no "quadrado" e fizeram esforço para chegar mais perto do palco nesse momento. Ele foi ao centro do palco, agradeceu, foi ao outro lado e vazou. Poderia ter sido mais atencioso.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Irmãos cadeirantes

Um dos benefícios de criar este blog é a possibilidade de trocar experiências com outros cadeirantes e pessoas interessadas em assuntos afins. Há algum tempo conheci dois irmãos cadeirantes, moradores de Guaxupé, interior de Minas. Me interessei pela história deles e bati muito papo com a Roberta, caçula da família. Ela também é blogueira, posta sobre moda e beleza no blog "Make sobre rodas" e o irmão dela, Marcos, trabalha na Cooxupé e curte fotos e vídeo. Eles fizeram uma matéria sobre a acessibilidade em Guaxupé, e até uma campanha para melhorá-la, e deu certo! Belo exemplo. Convidei-os para uma entrevista, que segue abaixo.
- Qual o nome e idade de vocês?
Roberta, 22 anos e Marcos Paulo, 28 anos.
- Por que motivo estão em cadeira de rodas?
Nós nascemos com uma doença chamada Amiotrofia Espinhal, que é degenerativa e de origem genética. Essa doença nada mais é do que o enfraquecimento muscular, que nos impede de fazer algumas atividades que uma pessoa “normal” faria.
- O que vocês fazem no dia a dia?
Nós dois trabalhamos normalmente, sendo necessário apenas algumas adaptações no serviço. Eu estou cursando faculdade de Administração de empresas e meu irmão já é formado em Pedagogia.
Marcos e Roberta entre os pais
- E em fins de semana, para se divertir?
Nos finais de semana a gente adora sair com os amigos. Sempre vamos a algum barzinho ou qualquer lugar que seja mais tranquilo.. Rsrs  Também viajamos bastante!!
- Tem algum hobbie?
O meu hobbie é blogar e assistir seriados. Sou fanática por Dr. House e Gossip Girl.. Rsrs   Já o meu irmão adora ouvir uma música alta. Rsrs
- Como é a acessibilidade na cidade de vocês?
Na verdade nós não temos muito o que reclamar da acessibilidade daqui, mas isso graças a uma campanha que nós iniciamos junto com nosso pai. Há mais ou menos sete anos atrás, a gente saía todos os dias entregando panfleto para os comerciantes da cidade, a fim de conscientizá-los para que eles fizessem uma rampa de acesso. Claro que isso é uma obrigação e não tinha nem que ser pedido, mas pelo menos funcionou.. Nós também infernizamos (literalmente) o prefeito da cidade, para que ele mandasse fazer rampa em todas as esquinas, pelo menos da área central da cidade. Depois de muitos anos lutando com os comerciantes e com o prefeito, hoje podemos dizer que temos uma cidade 70% acessível!!
- Quais as maiores dificuldades que encontram?
Com certeza é o preconceito!! Infelizmente, aqui na minha cidade ou em qualquer outro lugar, isso ainda existe. Sentimos muita dificuldade na hora de fazer amigos, principalmente.
- Contem sobre as vantagens e desvantagens de serem irmãos cadeirantes.
Eu não vejo nenhuma desvantagem e, pra falar a verdade eu até gosto de ter um companheiro para compartilhar dos mesmos sentimentos que eu, afinal, nós estamos na mesma situação.. (Espero que meu irmão pense da mesma forma que eu, rsrs).  Eu só acho engraçado quando alguém pergunta se somos irmãos gêmeos ou se somos namorados.. Não é porque temos o mesmo problema que temos que ser gêmeos e também não é porque somos cadeirantes que temos que namorar um cadeirante. Rs