quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Fernando de Noronha para cadeirantes - Parte 4

Com Marcelo, Bodão e Jorge, da Águas Claras
Agora finalmente vou falar sobre o que há de melhor para fazer em Fernando de Noronha - mergulhar! Já falei um pouco no primeiro post, foi uma das primeiras coisas que fiz por lá, e se o primeiro mergulho, que foi com snorkel, já me impressionou com a presença de várias tartarugas e até um tubarão, imaginem o que me esperava nos mergulhos com cilindro.

Golfinhos acompanhando o barco
Mas antes vou contar mais sobre mergulhos livres em Fernando de Noronha. O segundo mergulho livre que fiz lá foi em um passeio de barco - que recomendo que seja feito logo nos primeiros dias, para ter uma visão geral da ilha. Há vários tipos de passeio de barco na ilha, com durações diversas. Recomendo o passeio de três horas com parada para mergulho na praia do Sancho. Fiz com o barco Na Onda I, custou noventa reais e foi bem divertido. O guia é uma figura e conta altas histórias de Noronha, de micos de artistas a lendas da ilha. Ele também se propôs a me acompanhar no mergulho, mas dispensei por ser "mergulhador experiente". Modesto... Para quem não é tão "abusado", não precisa nem saber nadar, usando um colete eles te puxam com a boia. Durante o passeio, muitos golfinhos vão nadando ao lado do barco, bem pertinho. Pena que no mergulho eles não apareceram... Fiz um vídeo com o mergulho no Sancho, dá para ter uma noção do quanto parece que estamos em um aquário, de tão limpa que é a água. Vejam abaixo.

Outro mergulho imperdível, o melhor com snorkel, foi no naufrágio do navio grego Eleani Stathatos, partindo da praia do Porto. Este é outro mergulho que precisa ser guiado, combinamos lá com o guia Francisco, que pediu trinta mas fechou por vinte e cinco reais por pessoa. O problema deste mergulho é o acesso, não há nenhum acesso para cadeira de rodas para a praia do Porto, e a areia é muito fofa. A solução que encontramos foi pedir ao responsável pelo controle de entrada para entrarmos com o Bugue até perto da água. Como disse antes, o pessoal da ilha é muito solícito, não só deixaram a gente entrar como empurraram o Bugue quando ele atolou...

Praia do Porto de Santo Antônio - praticamente um cartão postal
Depois de descer do Bugue e combinar o mergulho com o guia, os outros guias que estavam por lá ainda me ajudaram a chegar na água, carregando. Falei que não precisava, mas insistiram... O mergulho foi incrível, com base na tabela de marés da ilha (toda pousada tem uma) escolhi o melhor horário e pegamos a maré baixa, deu para chegar ao lado do naufrágio só mergulhando em apnéia. Vi cardumes enormes, de peixes também enormes, tanto que quase tampavam a vista da gente. E o navio também é muito grande, são 160 metros de casco, com peças de motor, guinchos, rodas de trem (!) e um pouco do que sobrou da parte interna. Tudo muito lindo. Infelizmente não gravei este mergulho.

Descendo para o barco por rampa, sem stress
Para o mergulho autônomo, com cilindro, escolhi a operadora Águas Claras, por indicação da Mar a Mar, que me disse que o tratamento lá seria mais humano, mais individualizado. E para um cadeirante, isto faz a diferença. Fiz o contato com antecedência e expliquei minhas necessidades. Me garantiram que não teria problema, pois já haviam operado com cadeirantes. Mas ao chegar lá descobri que a sede não tem acesso para cadeirantes, só uma escada na porta. Vieram me atender no Bugue, problema resolvido, mas fica a dica: se adaptem, faz a diferença para o cliente. Minha intenção inicial era fazer o check out lá em Noronha, mas depois que resolvi fazer em Arraial do Cabo, marquei duas saídas de mergulho. Achei o preço salgado, quase quatrocentos reais cada saída. Negociei, negociei, e fechamos por setecentos as duas.

Entre milhares de peixes, a sensação é indescritível
Combinei o primeiro mergulho para a parte da tarde, e um pouco antes apareceu na porta da pousada um caminhãozinho tipo pau de arara com uma galera atrás e o motorista, uma figuraça conhecido como Bodão, uma lenda do mergulho na ilha, tanto que tem até um adesivo "Eu mergulhei com o Bodão!". Tive uma certa dificuldade para subir, o bicho é meio alto, mas com uma mão do Bodão deu tudo certo. No segundo dia pedi para me mandarem um carro menor, e atenderam com presteza, mandando um táxi. Recomendo pedir de cara, para não passar perrengue. Chegando ao porto, depois de conhecer o pessoal, parti para o embarque, que foi bem tranquilo, descendo pela rampa do porto e subindo pela escadinha do barco. Mais uma vez, o pessoal foi muito legal comigo.

Belas cores, contrastes e animais! Com visibilidade total!
Na primeira saída, meu guia foi o Lula e fomos para o ponto chamado Buraco do Inferno, a 12 metros de profundidade no primeiro mergulho, e para a Cagarras Rasa, a pouco mais de vinte metros, no segundo. Lugares incríveis, com visibilidade de até 50 metros. Com pouco tempo de mergulho já me deparei com um tubarão de mais ou menos um metro de comprimento, se alimentando no fundo. O Lula ficou ao lado chamando o pessoal para ver, eu fui o único a ir em direção a ele, quando estava chegando perto o tubarão se virou para o meu lado e passou embaixo de mim, a poucos centímetros! Vi também moreias, cardumes enormes e uma lagosta do tamanho de um cachorro. Ela se escondeu logo, mas só as antenas de fora já metiam medo.

Pronto para ir para o fundo!
No segundo dia, peguei o horário da manhã, achei até melhor. Meu guia foi o Marcelo, um brasiliense radicado na ilha muito gente boa. Ele quis me levar sozinho no primeiro mergulho, e fomos para a Ressureta. No segundo fui com a galera, passamos pela Ilha do Meio, e vimos uma plataforma muito linda, com muita vida marinha, por todo lado. A gente se enfiava por baixo dela para ver os bichos maiores. Tomei um susto, fui visitar uma moreia em um lugar escuro, quando alguém bateu uma foto com flash foi que percebi que ela era enorme e estava a um palmo da minha cara! Show!! Não consegui filmar tudo, algumas vezes a câmera, que estava na minha cabeça, batia em algum lugar e ficava virada para cima. O maior tubarão que vi, com aproximadamente um metro e meio nadando no fundo, só saiu a barbatana. O que consegui filmar, editei e compartilho no vídeo abaixo. Espero que gostem.


Fernando de Noronha é realmente a meca do mergulho no Brasil. Quem vai para lá, não pode perder esta experiência incrível. A vida marinha é diversificada e numerosa, a visibilidade é absurda e as águas são calmas. E é fácil mergulhar, até para quem tem limitação!

7 comentários:

  1. já estou com as passagens compradas, um cadeirante mais rumbo a Noronha

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  2. Muuuuito legal hein Sam!! Poxa...bom saber que dá pra fazer! Pena que vc largou seu dupla (eu) pra trás...rs

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  3. To querendo ir a Porto de Galinhas em fevereiro. Bora?

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    1. Cara, bem que eu queria, agora só vou ter férias no segundo semestre do ano que vem. Ouvi dizer que lá é excelente para mergulho adaptado, tem instrutor HSA por lá. Depois em conta!

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  4. Muito legal,tbm estou me informando sobre a ilha,estou querendo ir conhecer!

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