terça-feira, 3 de setembro de 2013

Falcessibilidade

Qualquer engenheiro que queira hoje projetar uma construção, certamente se deparará com um inconveniente chamado acessibilidade. É inevitável olhar para o tema com certo desconforto, afinal o mal é recente. Há pouco tempo, era absolutamente incomum tratar do assunto em qualquer que fosse a ocasião, uma vez deficiente, sua vida social estava restrita ao ambiente doméstico.
Para nossa sorte, os tempos mudaram. Novos ventos trouxeram à sociedade a consciência de que deficiência limita, mas o motivo real não é a condição física do deficiente. A limitação é imposta pela falta de acesso a lugares com boa infraestrutura, que envolvam adaptações internas e externas. E vamos combinar que estamos todos aceitando quem estabeleceu arbitrariamente esta condição. Concluída esta etapa de conscientização, a questão agora é outra: o que significa hoje o termo acessibilidade?
Simples. Atualmente ele é sinônimo de falcessibilidade. Inclui uma rampa, um elevador, uma vaga no estacionamento, uma porta de banheiro maior! Mas está longe ainda de priorizar calçadas e incluir estruturas que tornem possível o acesso de cadeirantes a todos os lugares do ambiente. É revoltante olhar um ônibus com um adesivo enorme que indica acessibilidade e descobrir que a cadeira de rodas entra pela porta, porém não passa no corredor, que é estreito demais. Ou então encontrar aquela rampa linda que leva a uma escada. A acessibilidade esta lá, porém não significa que esteja sendo eficiente.
Ainda bem que tem rampa!
Esta situação é mais comum do que imaginamos. Salvo pouquíssimas exceções, o que vemos em restaurantes, lanchonetes, universidades, bibliotecas... são adaptações mal feitas que mascaram o problema e nos fazem crer que estamos em um ambiente adaptado. Aceitar esta condição porque o prédio é antigo e a reforma teria um alto custo, já é difícil, agora aceitar que construções atuais sigam o mesmo caminho, é no mínimo incoerente.
A verdadeira inclusão de pessoas com qualquer tipo e grau de deficiência só será possível quando todos estiverem atentos à questão e conscientes de que não há barreiras naturais, porém estruturais. Os problemas de acessibilidade seriam facilmente resolvidos simplesmente se lançássemos um olhar diferente para a sociedade que nos cerca e para as relações que nos permeiam. Tornar todos os lugares de um ambiente acessível é garantir igualdade de direitos.
Essa aí só dá para subir guinchado!
Uma mudança de postura parece estar a caminho, mas ela demandará tempo e custo. Duas palavras que já nos desanimam. Mas, sinceramente, sou otimista por natureza e acredito que em breve estaremos discutindo outras questões que vão além de se fazer uma porta maior ou se colocar uma rampa no lugar de um degrau. Acredito na quebra de paradigmas enraizados em nosso modo de pensar e de enxergar o nosso semelhante. Quero ser a primeira a sorrir ao acordar e perceber que são novos tempos, que todos vivemos dias melhores. Que o preconceito, o descaso e, sobretudo, o desconhecimento deram lugar a igualdade, ao respeito e ao amor. Sou demasiadamente sonhadora? Talvez. Mas antes de qualquer coisa sou demasiadamente humana para aceitar que as coisas continuem como estão.

Fernanda Ribeiro
Estudante de Física

7 comentários:

  1. Muito bacana o texto da Fernanda Ribeiro. É bom constatar que ela tem o olhar sensível e humano e será mais uma a se engajar nessa luta! Abraços!

    ResponderExcluir
  2. isso também aconteceu no colégio que eu estudava um ciep depois das ferias de fim de ano no primeiro dia de aula do ano a diretora pede pra mim ir falar com ela ai ela foi comigo ate a porta do banheiro masculino e pediu pra mim ir ate lá pois eu não usava o banheiro dos alunos pois não era adaptado usava os dos professores, pra mostrar a adaptação que fizeram no banheiro, resultado totalmente malfeito o vaso ficou alto demais pois colocaram ele encima de uma espécie de pedestal fora quye não dava pra entrar com a cadeira e também não dava pra nem sequer fechar a porta pois além de eu ter que deixar a cadeira do lado de fora ainda seria com a porta aberta pois ela era grande infelizmente tive que falar com elaa verdade porem não pode se fazer nada pois não se tinha verba pra refazer o serviço e continuei usando o dos professores, e fui lá a poco tempo e o banheiro continua o mesmo e a falcessibilidade,valew alessandro desculpa o texto grande.abraço

    ResponderExcluir
  3. Pessoal, tudo bem? Eu saiu mais sozinho ultimamente, melhor, a mais de três anos q eu tenho saído por ai sem acompanhante algum. Confesso q tenho passado um perrengue danado sem alguém com experiência com cadeirantes para me ajudar, as vezes as pessoas faltam pegar a gente pelo pescoço na tentativa de ajudar, sei q a ideia é ajudar entretanto, se os lugares tivessem acesso mais fácil a gente não dependeria tanto de outras pessoas.

    Abraço,

    Edmar.

    ResponderExcluir
  4. Gente, eu sou uma estudante do 8º ano, não sou cadeirante, porém minha turma está com um projeto de acessibilidade, por isso que estou quase toda semana olhando as postagens. Adorei o blog, estão de parabéns, e eu queria dizer que isso além de me ajudar no projeto, também mudou meu ponto de vista sobre várias coisas de acessibilidade. Obrigada, e continuem fazendo isso, porque isso ajuda (e muito) as pessoas. A propósito, meu nome é sara. Valeu pela ajuda. Força guerreiros!

    ResponderExcluir
  5. Sou arquiteta e fico horrorizada com as tentativas de acessibilidade que a gente vê por aí: é rampa com degrau no começo; banheiro adaptado, mas com curvas impossíveis para uma cadeira de rodas; e rampas de 45% de inclinação que nem com tração nas 4 rodas é possível subir.

    É preciso que a acessibilidade seja irrestrita. Não somente para cadeirantes, mas para todos os tipos de deficiência (visual, auditiva) para que as pessoas possam fazer suas atividades de maneira independente, segura e confortável.

    ResponderExcluir