quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Stand Up adaptado

Quem disse cadeirante não pode fazer "Stand Up"?
Taí um esporte que parecia ser impossível de adaptar: Stand Up Paddle (SUP). Para quem não sabe do que se trata, é aquele esporte em que a pessoa rema em pé em cima de uma prancha, parecida com aquelas de surf. A prancha de SUP é maior e mais grossa que a prancha de surf, pois precisa ser mais estável e ter maior flutuabilidade.
Curtindo o lago Paranoá
E não é que mais um cadeirante inovador resolveu adaptar o esporte? Foi o Gabriel, que fez isso em um lugar improvável: Brasília, bem no cerrado central do Brasil. Ele adaptou uma prancha de SUP para conseguir fixar a cadeira de rodas em cima, garantindo estabilidade e segurança. O esporte ajuda quem tem lesão medular porque exige que o remador utilize a musculatura do abdômen tanto para remar quanto para se equilibrar. Sem contar o prazer de deslizar pela água, e a sensação inigualável de superação!! Ele contou com a ajuda do pessoal da Raia Norte para adaptar a prancha e auxiliar na prática.
Podemos chamar de Sit Down Paddle agora?
O exemplo do Gabriel é mais uma prova de que nada é impossível, e com força de vontade e empenho, podemos realizar qualquer sonho em cima de uma cadeira de rodas. Até mesmo praticar um esporte que tem "em pé" até no nome! Abaixo uma entrevista que o Gabriel deu para a DF TV, de Brasília. Parabéns pela ideia e pela conquista!
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=R2lNitC7_Pc

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Piloto de parapente cadeirante

Weverson voando de parapente
Essa semana conheci um cadeirante que vive nas alturas, o Weverson, de Alto Jequitibá, no leste de Minas. O cara pratica parapente. Pratica mesmo, não faz salto duplo não! Ele desenvolveu um "carrinho" adaptado à cadeirinha para ajudar na hora de levantar vôo e pousar. Eu já tinha visto este tipo de adaptação em vídeos e fotos de pilotos de fora do Brasil, mas não sabia que já tinha gente por aqui fazendo a mesma coisa! Abaixo um relato do Weverson sobre a vida dele, e como começou a voar.
"Tornei-me paraplégico em um acidente de ciclismo. Logo após o acidente, eu andei, mas não podia! Tinha quebrado a coluna, mas não tinha lesionado a medula. Não me lembro do que aconteceu, mas se eu não tivesse me levantado na hora, estava andando hoje. Fiquei oito meses internado na Santa Casa de BH depois da cirurgia, para estabilizar a coluna, peguei infecção hospitalar, quase morri de novo! 
No carrinho adaptado para levantar vôo
Eu conheci o parapente através de um tio de uma amiga minha que voava, no ano dois mil. Na época, aqui na cidade onde moro ainda não tinha voo livre, foi ele junto comigo que conseguimos trazer um instrutor e dar cursos para turma. Eu sempre acompanhei as aulas em um morrote com o pessoal, com isso fui aprendendo e conhecendo o parapente e como ele funcionava, vendo isso vi que meu curso não poderia ser no morrote, tinha que ser em voo, no caso decolando com um piloto e pegando os comandos em voo para aprender pilotar. O mais difícil foi achar um piloto com coragem na época para me dar o curso, entrei em contatos com os melhores do Brasil na época todos se negaram a me ensinar a voar.
Weverson com os amigos em Alto Jequitibá
Então, em 2006 conheci o instrutor Marcelo Ratis que acabava de chegar de Califórnia, USA. Ele se comprometeu a me ensinar a voar, na cidade onde ele morava, em Alfredo Chaves, ES. Fui para lá umas dez vezes e sempre decolava com ele e pilotava o parapente o tempo todo, até conseguir pousar o duplo e tudo mais, só assim um deficiente consegue aprender, com um cara fera que não tem medo de ensinar, e ele é ótimo. Demorou um ano para voar sozinho porque é longe Alfredo Chaves, mais solei!
Eu voava com uma selete com airbag, (a cadeirinha que sentamos) só que ela me jogava em cima das pernas no pouso, aí comecei a ficar com medo de quebrar a perna. Ai comecei a procurar fora do Brasil carrinhos, achei um monte deles, aí fiz o primeiro, depois fui adaptando ele até chegar no que tenho hoje!
Quando quis voar de parapente… Vixi… quanta gente falando que eu era doido kkk! Isso me deu tanta força para tentar, que hoje agradeço a elas por terem falado que eu não conseguiria.
Nossa voar… Não tem ninguém que possa descrever ou escrever o que é voar… Nunca ninguém vai conseguir isso! Só voando, sentindo, saindo da terra para poder saber o que é! E para mim que sou paraplégico… A 1º vez, juro que senti minhas pernas por 5 segundos! Meus amigos morrem de rir quando falo isso, não sei se foi verdade ou não, mais sei que foi a coisa mais louca que me aconteceu! Sair voando solto no ar vendo tudo pequeno lá embaixo… Que doideira kkk!, Senti minha perna sim!!! kkk
Depois veio o meu voo solo! Outra sensação louca na minha vida, mistura de adrenalina, endorfina a 1000 na cabeça que doideiraaaaa! Nesse dia do meu voo solo, um Italiano me disse que eu nunca ia sentir outra sensação igual a essa na minha vida! Ele estava certo! Até hoje não tive outra sensação igual na minha vida! Que orgasmo louco é solar de parapente, que misturas de sentimentos é voar sozinho, ISSO É VIVER A VIDAAAAAAAAAA!!!"
Weverson R. Bezerra. (Evinho)

domingo, 11 de agosto de 2013

É incrível falar de si mesmo

Uma cadeirante de fibra!
O post de hoje vem da Débora Borsoli, do blog inPerfeitas. Conheci essa bela paulista pela internet, quando estava criando o blog juntamente com a Luciana e a Wivian, e nos tornamos amigos. Uma reflexão muito bem elaborada e emocionante, agradeço pela contribuição! E acompanhem o blog delas é excelente!
"É incrível falar de si mesmo. E mais incrível ainda é como possuímos o poder de mudanças e adaptações. Como as circunstancias mudam, como a vida muda em um curto espaço de tempo. A ultima vez que contei minha história, tem pouco menos de 1 ano, foi quando resolvemos fazer o blog. Hoje, sou outra mulher, com aquela história, porém com outra visão e experiência de vida. Meu nome é Débora, tenho 27 anos, curso faculdade de Ciências Contábeis, tenho um blog chamado inPerfeitas (http://dminperfeitas.blogspot.com.br/), e sou portadora de Distrofia Muscular.  O Alê nos cedeu um espaço aqui no blog dele, para que uma vez por mês possamos contribuir com uma matéria diferente, achei que contar minha história na primeira matéria, seria interessante. 
Ela é modelo nas horas vagas!
O início de tudo foi quando eu tinha 11 anos, e alguns sintomas começaram a aparecer. Apesar de meu pai ser portador, acreditavam que eu poderia não ser portadora, por ainda não ter apresentado os sintomas. Fomos até a USP fazer o exame de DNA, e comprovou o que já desconfiávamos, eu também era portadora da Distrofia Muscular. Para uma criança de 11 anos, era difícil entender do que se tratava, então eu não senti diferença na maneira de viver. Quando fiz 13 anos, os sintomas começaram a aumentar, e as coisas foram ficando um pouco mais difíceis: os olhares de algumas pessoas, a maneira de me tratar de algumas pessoas, e, nessa idade, a rebeldia aparece, e comigo não foi diferente. De certa forma me vi perdida, porém sempre tive o apoio de toda a minha família, que sempre foi o meu porto seguro. Começaram os tratamentos com natação, depois hidroterapia. Eu tentava agir de uma maneira normal, e eu me considerava “normal” diante de tudo. O tempo foi passando, eu tinha uma vida normal, pelo menos do meu ponto de vista, eu tinha. Eu tinha um pouco de dificuldade para caminhar, e acabei deixando de fazer algumas coisas, como: ir ao shopping, mercados e outros lugares que tivesse que caminhar muito. Acabei deixando passar o tempo, e hoje vejo que poderia ter sido diferente se eu tivesse começado a usar a cadeira de rodas antes. 
Um exemplo de vida.
Hoje com 27 anos, eu caminho, sou independente, curso a faculdade e faço muitas outras coisas.  Mas o mais legal, eu aceitei a cadeira de rodas, e apesar de não precisar usar ela para muitas coisas, ela me trouxe liberdade, me trouxe o gostinho de ir a lugares que eu não poderia ir, pois me cansava demais. Existem coisas que acontecem e não sabemos o motivo, e ficamos tentando entender. Nos aceitar e nos amar é algo que devemos aprender, independente de nossa condição física. A vida fica muito mais gostosa e leve depois que conseguimos olhar para trás, e ver que nossas experiências nos transformam, nos transformam no melhor que podemos ser e podemos fazer. Eu nunca imaginava andar em uma cadeira de rodas, hoje isso não passa apenas de um acessório para me ajudar a me comover e ir a lugares que gosto. É normal, eu me olho e não vejo uma cadeira, me olho e vejo uma mulher. Costumo dizer que a felicidade é algo que buscamos, e ser feliz é para os corajosos, pois felicidade requer esforço, requer olhar a vida com os olhos do coração.  Algumas situações fogem do nosso alcance, como uma doença, um acidente. Seja feliz, busque sonhos e conquistas. A vida esta ai para ser vivida, independente de nossa condição."

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Mapa da acessibilidade em BH

Onde é bom para um cadeirante em BH?
Há muito tempo tenho vontade de fazer um mapa dos locais acessíveis em BH, e finalmente essa semana resolvi criar! A ferramenta não é nova, qualquer um pode criar um mapa com locais de sua preferência no Google Maps, mas usei uma opção nova chamada Maps Engine.
Para facilitar a classificação, criei uma escala de acessibilidade, dando nota aos lugares que registro no mapa baseado na estrutura para uma cadeirante, com base nos requisitos estacionamento, acesso facilitado, mobiliário adequado e banheiro adaptado, da seguinte forma:
1 cadeirinha - o lugar tem acesso para cadeira de rodas, e só. A estrutura de mobiliário não é adequada, não há banheiro acessível e nem estacionamento próximo.
2 cadeirinhas - há acesso para cadeira de rodas e o mobiliário é adequado, há mesas altas o suficiente para que um cadeirante entre embaixo sem ficar de lado e com pés paralelos. Não há estacionamento nem banheiro adaptado.
3 cadeirinhas - o acesso para cadeiras de rodas é bom, o mobiliário é adequado e há estacionamento próximo ou vagas para deficientes. Porém não há banheiro adaptado.
4 cadeirinhas - o acesso é bom, o mobiliário adequado, há estacionamento e banheiro para deficiente, só que o banheiro é junto com os outros, ou seja, não é separado, ou então tem algum outro problema que não encaixe na classificação máxima.
5 cadeirinhas - o sonho de consumo de todo cadeirante! O lugar tem estacionamento próximo, acesso facilitado, mobiliário adequado e banheiro adaptado completo e separado dos outros. Ah se todo lugar fosse assim...
Estes critérios podem variar, caso o estabelecimento tenha um ou dois itens, mas não tenha outro, como por exemplo ter banheiro adaptado e não ter estacionamento. Nesse caso, entra em uma categoria mais baixa por faltar um item importante. De qualquer forma, estou classificando e fazendo uma breve resenha sobre o lugar, explicando a classificação. Comecei com bares e restaurantes, shoppings e atraçòes turísticas. Com o crescimento do mapa e as sugestões das pessoas, vamos ampliar este leque! Peço então a todos que acompanham o blog, sendo de BH ou não, que me ajudem a acrescentar novos lugares acessíveis ao mapa, basta mandar um e-mail para mim com uma breve resenha e a classificação desejada! As classificações poderão ser utilizadas pelos estabelecimentos avaliados para implementar melhorias e melhorar a estrutura para receber cadeirantes.
Acessem o mapa da acessibilidade no link abaixo:

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