sábado, 16 de março de 2013

Soltando os monstros

Cris Côrrea em meio aos seus monstrinhos
Quando a pessoa sofre um acidente e tem a vida transformada por uma sequela grave que tira os movimentos, e passa a conviver com uma limitação que necessita uma cadeira de rodas para se locomover, o baque psicológico geralmente é grande. Para lidar com isso, muita gente se isola do mundo, fica mal humorado, se revolta e perde a alegria de viver. E então cria vários monstros em sua cabeça, se acha a pior pessoa do mundo, acha que todo mundo está contra ela, vê preconceito em tudo e fica imaginando um monte de coisa ruim.
O caso da Cris Côrrea, de Registro, em São Paulo, é diferente. Ela também criou vários monstros, mas ao invés de guardar para si mesma, ela vende! São monstrinhos de pelúcia feitos por ela mesma, vendidos através da sua empresa, a Maenga Toys, e conta abaixo sua história.
Monstrinhos do bem!
"Aos 17 sofri um acidente de carro, onde fraturei uma vértebra e por consequência fiquei paraplégica – e, desde então, sou cadeirante. Mudou tudo na minha vida a partir do ocorrido. Tive um período de adaptação, até redescobrir uma maneira de seguir em frente e continuar a viver como todo mundo, entre qualidades e limitações.
Quando pequena, eu ficava olhando minha mãe costurar, mas na hora de colocar as mãos na máquina, não dava muito certo. Bom, se antes eu já não dava conta, depois do acidente nem sequer passava pela minha cabeça tentar. Até mesmo porque para costurar você usa os pés, o que no meu caso não iria dar. Então, no início do projeto eu cortava os bonecos e pedia à minha mãe que costurasse para mim, mas ela tinha as coisas dela pra fazer e minhas coisas acabavam ficando de lado. Foi também nesse período que conheci a toy art pela internet e fiquei louca, apaixonada! Era exatamente a forma que eu precisava para expressar minhas idéias, tinha – e tem – tudo a ver comigo: o gosto pelo bizarro, diferente, incomum sempre fez parte da minha personalidade. Logo, a idéia de poder criar algo que expressa isso me cativou. Foi quando comecei a criar ‘monstrinhos’.
O principal canal de divulgação do meu trabalho sempre foi, e ainda é, a internet. Pela facilidade de acesso e por atingir qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo.
A dica pra quem gosta de costura é, primeiro, não ter preguiça de desmanchar costura. Depois, não desistir e insistir sempre, porque perdendo o medo de arriscar você acerta, mesmo que não seja de primeira, uma hora de tanto insistir dá certo. O importante é não parar de tentar. Já para os fãs de toy art, a dica é acreditar na criatividade e investir na originalidade. Não existe arte que não encontre seus admiradores, pois beleza depende do ponto de vista.”
Esse é um belo exemplo de pegar um problema e transformar em oportunidade, além de gerar uma ocupação e fonte de renda. Como diz o ditado, "se a vida te der limões, pegue açúcar, gelo e pinga, e faça uma bela caipirinha!"

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