terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Handbikers na Pampulha

Alessandro, Cláudio e Marcos
Pela primeira vez em BH, três handbikers pedalaram juntos na lagoa da Pampulha! Eu tenho minha handbike desde março de 2011, e até hoje não tinha conseguido encontrar outros cadeirantes que tem a mesma paixão que eu pelas bikes aqui em Minas. Já encontrei outros handbikers no Rio de Janeiro em 2011, como contei nesse post.
Se uma handbike já chama a atenção, imagine três
Ano passado descobri que havia outro mineiro que andava de handbike, o Cláudio, que mora em Pará de Minas. Trocamos algumas mensagens mas não combinamos nada. Esse mês, o Cláudio me contactou avisando que estava vindo para BH dar uma volta na Pampulha, e ainda iria trazer um amigo, que está iniciando no esporte. Combinamos então de nos encontrar no Parque Ecológico no sábado de manhã.
Chegamos lá mas havia um probleminha. A handbike do Marcos, o amigo do Cláudio, estava com um  pneu furado. Buscaram uma loja de bikes na região e logo encontraram, e foram lá arrumar o pneu dele. Dali a uma hora mais ou menos voltaram, e o Marcos estava tão empolgado que comprou logo dois pneus zero bala!
Handbikers na Pampulha
Fomos então dar um rolé até a Igreja da Pampulha, aquela famosa desenhada por Niemeyer. Eu queria ir pela ciclovia, mas o Cláudio prefere rodar pelo asfalto, porque tem menos buraco. Meu medo de rodar no asfalto é porque a handbike é baixinha, e pode não ser notada pelos carros. Mas as bikes deles tinham aquela bandeirinha atrás, que ajuda a torná-las visíveis para os motoristas. Preciso colocar uma na minha logo...
Com a lagoa ao fundo, e no meio um futuro handbiker
Rodamos no meio dos carros, e até que repeitaram bastante. Também, três handbikes chamam tanta atenção que tinha hora que o trânsito literalmente parava. Lá na Igreja, encontramos um cadeirante e futuro handbikeres, o Anderson, que aparece nas fotos. Ele já comprou a handbike dele e está esperando chegar. Muito bacana isso, eu sempre incentivei o esporte para deficientes, e saber que tem mais gente animada a rodar de handbike por aqui me anima ainda mais. Fiz um vídeo com minha GoPro e compartilho abaixo. Quem sabe ele anima mais gente a virar handbikers?
https://www.youtube.com/watch?v=CnD4DWoKaKw

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Para lamas

Originais da TiLite, não me adaptei
Quando fiz o post de avaliação da TiLite, reclamei do protetor de roupa que veio nela, um acessório que paguei caro e não veio como imaginei. Acontece, tudo bem, mas eu estava com um problema nas mãos: não usava como protetor de roupa e ficava raspando as calças nas rodas da cadeira, e mesmo se levantasse ele para proteger a roupa, não conseguiria usar do jeito que eu gosto. Curto mesmo é protetor tipo "para lamas", justos à roda e com apoio em cima, como os da M3.
Para resolver o problema, pensei em algumas alternativas. Poderia tentar adaptar o protetor de roupa da M3, mas ia ficar estranho, um protetor vermelho em uma cadeira cinza. Iria dar muito trabalho, pois precisaria de um "nove" maior e ainda adaptar o encaixe do quadro, que na M3 é parafusado. Ou eu furaria o quadro da TiLite, ou buscaria um encaixe diferente. Complicado. Outra alternativa seria comprar um protetor de roupa da TiLite de outro modelo, mas eu pagaria caro e demoraria muito para chegar. E até chegar, minhas calças iriam acabar rasgando na lateral de tanto raspar nas rodas.
Protetor de roupa da "Jangadinha"
Mas eis que tive uma luz! Poderia adaptar os para lamas da minha antiga cadeira dobrável, a Jangadinha (uma Ortobrás duplo X), que são de plástico, leves e resistentes. Não são os mais lindos do mundo, mas eu não me preocupo tanto com isso, priorizo a funcionalidade. Mas como adaptá-los? Eles são parafusados no quadro da cadeira, e não era uma alternativa furar minha TiLite. Mas percebi que, além do furo onde eles eram parafusados, havia outro furo mais em cima sem uso.
Abraçadeiras e o para lamas
E aí veio a grande ideia, se eu passasse uma abraçadeira pelo quadro da TiLite, poderia parafusá-la no para lamas, e aí resolveria o problema. Parti então para a prática. Fui a uma loja de material de construção e comprei dois pares de abraçadeiras e alguns parafusos. Com elas em mãos, comecei a pensar em como fixar. Os buracos delas eram mais afastados do que os dos para lamas, então resolvi invertendo o lado de um dos buracos, já que as abraçadeiras eram moldáveis. Com um alicate resolvi facilmente.
Abraçadeira fixada no para lamas e ao fundo parafuso da cadeira que afrouxei.
Então parafusei um lado no para lamas, dobrei e estiquei o resto da abraçadeira. Afrouxei dois parafusos do assento da TiLite e enfiei as abraçadeiras por baixo do assento. Aí foi só dobrar as abraçadeiras por trás do quadro, e então parafusar no buraco inferior do para lamas e apertar bem. Ficou ótimo! Só que os parafusos ficaram muito proeminentes, então precisei serrar os parafusos bem rentes, para não pegar nas rodas.
Resultado final, para lamas novo! 
Mas ainda tinha um problema, por mais que apertasse as abraçadeiras, elas correriam o risco de girar em falso no quadro quando eu me apoiasse nelas. Então resolvi com uma "trava": o próprio freio da cadeira. Posicionei de forma que ele pegasse na ponta do para lamas, então seguraria ele mesmo com meu peso. E deu certo! Estou muito orgulhoso da minha "acochambration" para instalar os para lamas. E no próximo post conto porque gosto tanto de protetor de roupa/para lamas. São extremamente úteis, vocês verão!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Natal para cadeirantes

Gostei da camisa!
Este post não é sobre dicas de presentes de natal para cadeirantes, mesmo porque o natal agora está meio longe, né? É sobre uma viagem para a cidade de Natal, no Rio Grande do Norte.
Desta vez, infelizmente, o passageiro não fui eu. Quem nos traz o relato da experiência de viagem de um cadeirante para Natal é o Eduardo Martins, leitor do blog de Sorocaba/SP. Ele já contribuiu aqui no blog com um post sobre um hotel que ficou em Salvador, e se decepcionou. Desta vez, ele estava preocupado com a companhia aérea, que problemas poderia enfrentar com a Gol, pois nunca tinha voado com eles. Felizmente foi bem atendido e desta vez ele escolheu um hotel melhor, e não passou perrengue. Confiram abaixo o relato dele.
Eduardo "sofrendo" na praia.
"Eu fui pra Natal e foi muito bom, fui bem atendido pela Gol, sem nenhum problema com a equipe de bordo, só tive problema com a má administração do aeroporto, tanto na ida, como na volta. Faltando mais ou menos 30 minutos para o embarque, alteraram a plataforma, e tive que sair fazendo um tour pelo aeroporto até chegar na outra plataforma, que embarcava no solo. E o aeroporto  de Guarulhos só tem um Ambulit para atender todo mundo, vê se pode.
O hotel tinha até cabide retrátil
Fiquei no Hotel Porto Mirim, que pertence à rede Porto Suites e é bem localizado, na Praia dos Artistas, bem na saída dele um rampa super suave que nem dá pra sentir, praticamente já saí na guia rebaixada e com faixa de pedestre pra poder travesar para o calçadão da praia sem problema algum.
O banheiro do hotel é muito bem adaptado, com banco retrátil.
O quarto do hotel é muito bem adaptado. Até o guarda roupa e frigo bar são adaptados, e os funcionários muito educados e prestativos.
O passeio de Bugue é tranquilo para cadeirantes
O passeio de Bugue pelas dunas e algumas praias e restaurantes é muito bem organizado e é feito com todo cuidado com nosso caso. Já outros tipos de passeios, as empresas locais ainda não se adequaram para atender nossas necessidades.
Só uma surpresa na volta que não foi nada agradável: quando cheguei minha casa tinha sido assaltada, fizeram a limpa, mas aos poucos coisas materiais vamos readquirindo."
Esse final foi trágico, meus pêsames por suas perdas, mas fico feliz de saber que é possível uma viagem a Natal sem maiores surpresas e com boas possibilidades de diversão. Já passei pela troca repentina de plataforma em Guarulhos, com embarque complicado no solo, esse é um problema que definitivamente deve ser resolvido, pois estamos às portas de eventos internacionais no país, e desse jeito passaremos vergonha. Cabe a nós exigirmos melhor tratamento, afinal não estão nos fazendo nenhum favor.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Exercícios com Thera-band

Malhando bíceps
Lembram que há algum tempo falei sobre a importância da musculação para quem tem lesão medular? Pois bem, só que é difícil encontrar uma academia adaptada, ou algum outro lugar para fazer musculação. É possível malhar usando pesos, mas para que seja eficiente é preciso ter vários pares de pesos de pesos diferentes. Aí fica caro. Mas tem uma solução mais prática e muito mais barata: usar um Thera-band.
Thera-bands, cada cor tem uma resistência
Thera-bands, para quem não sabe, são aquelas fitas elásticas usadas em fisioterapia, que tem várias funções, como oferecer resistência ou estabilidade nos exercícios. Mas elas podem ser usadas também para musculação. E para quem usa cadeira de rodas, ela pode ser útil nessa tarefa. Basta posicionar o Thera-band na cadeira de forma que ofereça a resistência necessária para forçar o músculo que se quer trabalhar.  A grande vantagem dos exercícios com Thera-band é o custo, pois basta comprar algumas faixas, seguir orientações e se exercitar em qualquer lugar.
Variação para exercitar o bíceps 
Para mostrar pra gente as melhores posições para malhar com Thera-band, pedi auxílio ao Claudinei, que já me orienta na musculação na Aquafisiobh. O primeiro exercício é de bíceps, que tem duas variações. Na primeira, mais comum, é só passar o Thera-band pelo garfo que segura a roda dianteira e puxar para cima (como na primeira foto do post, lá em cima). Se a pessoa achar fraca a resistência da faixa, basta segurar mais embaixo. A variação deste exercício, para trabalhar a parte interna do bíceps, usa o Thera-band na mesma posição, por baixo do garfo, a diferença é que ele deve ser passado por entre as pernas e segurado rente ao corpo, como na foto acima. Assim é possível trabalhar o bíceps com mais eficiência.
Trabalhando tríceps com o Thera-band
Outro exercício fácil de fazer é para trabalhar o tríceps. Basta passar a faixa pela "bengala", que é o empurrador da cadeira, e então passar o braço por trás da cabeça, segurando a Thera-band e puxando-a para cima. A foto abaixo exemplifica bem a posição da faixa.
Posição da Thera-band para tríceps
Há uma variação de tríceps que trabalha também ombro, passando a Thera-band pelo quadro da cadeira e puxando para trás com o braço esticado, conforme foto abaixo. É um exercício mais completo porque trabalha também a musculatura escapular.
Passando pelo quadro, é só puxara para trás
Utilizando o quadro, é possível também fazer dois outros exercícios para trabalhar bíceps e escápulas. É só passar o Thera-band por baixo do quadro e segurar as duas pontas com as mãos, conforme abaixo. Na primeira variação, puxe os dois de uma vez malhando bíceps. Na outra, segure as pontas invertidas e puxe mais em cima com os braços abertos para malhar escapular e ombros.
Bíceps com os dois braços de uma vez
Com os braços abertos, puxe os dois de uma vez
Por fim, um exercício para trabalhar ombro, passando a Thera-band pela parte inferior do aro da roda, puxe para o lado abrindo o braço.
Use o aro da cadeira para travar o Thera-band
Com essas dicas, não tem desculpa para deixar de se exercitar, preferencialmente com o acompanhamento de um profissional. Mas usando a Thera-band, dá para fazer em casa também. O ideal é comprar de várias cores e resistências, e então buscar a que melhor se adapte aos exercícios.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Posições sexuais para lesados medulares

Com jeitinho a gente se encaixa!
Como estou meio safadeeenho essa semana, aí vai mais um post sobre sexo. Vi um post com este título no blog Ser Lesado mostrando dois vídeos sobre o assunto e achei muito interessante, tanto que gostaria de complementar as informações. São vídeos produzidos pelo Dr. Mitchell Tepper, sexólogo americano, demonstrando posições sexuais específicas para quem tem lesão medular. O título dos vídeos já dá uma pista do caminho para descobrir as melhores posições: criatividade, adaptabilidade e senso de humor.
O primeiro vídeo é sobre posições para homens com lesão medular, e o Dr. Mitchell é o próprio protagonista, já que ele também é lesado medular:
No vídeo, o Dr. Mitchell explica que é importante ter muitas espumas e travesseiros na cama, pois auxiliam na estabilidade e posições. Achei o vídeo limitado, pois apesar do título, "posições sexuais", ele demonstra somente uma com penetração. Vou tentar complementar. Na única posição que ele demonstra, ele utiliza um encosto triangular de espuma, no qual se encosta para que a parceira venha por cima. Essa posição é muito boa pois proporciona olhos nos olhos, muito contato e visão da penetração se a mulher se afasta.
Uma variação que gosto dessa posição é quando a mulher vira de costas para o parceiro, e ela fica praticamente de quatro. Além de estimular mais o pênis, forçando-o para baixo, essa posição permite carícias, apertões e outros, e uma bela visão. Para quem curtia a posição de quatro, é a mais próxima que conheço.
A outra dica do vídeo é para melhorar o sexo oral, com auxílio de almofadas também, de forma que a mulher fique confortável e o homem faça menos esforço do que se estivesse deitado. Uma variação desta posição que sugiro é deitado mesmo, utilizando o triângulo por baixo do homem e um travesseiro embaixo da bunda da mulher.
Ainda tem outra posição que funciona: a mulher deitada de bruços com as pernas esticadas, e o homem vira por cima dela, que abra as pernas para permitir a penetração. E um pouco mais trabalhosa e exige um pouco de esforço, mas funciona e é uma boa variação. Só não rola quando o homem é muito pesado, ou muito grande. Aí a mulher tem dois prazeres, quando goza e quando o cara sai de cima... rsrs
O segundo vídeo é sobre posições para mulheres com lesão medular:
Também utilizando espumas e travesseiros, nesse vídeo a Ann, que tem lesão completa na T9, demonstra uma maior variedade de posições que a mulher pode adotar com conforto. Quando está por cima, ela explica que consegue maior controle corporal e da penetração se apoiando na cabeceira da cama para puxar e empurrar o corpo. Ela explica também que a força do parceiro ajuda, já que ele pode puxar e empurrar ela fazendo o famoso movimento de vai e vem. Em seguida ela mostra como faz para subir no namorado e dar início à posição.
A posição seguinte é ela por baixo, e para facilitar a penetração, ela joga as pernas para trás esticadas. Dessa forma o parceiro tem mais liberdade de movimento, não precisa segurar as pernas dela abertas.
O Dr. Mitchell em seguida explica a importância dos travesseiros e espumas, e acrescenta uma coisa interessante: a utilização de velcros para sustentar o corpo e minimizar o esforço. Creio que isso é especialmente importante para tetraplégicos.
Outra posição que a Ann demonstra é uma variação da posição "cachorrinho", utilizando as almofadas para apoiar o corpo. Ela disse que gosta da posição porque tem muita dor nas costas, considera essa a mais confortável para quem tem este tipo de problema.
A última posição é deitada sobre as espumas, com a perna para cima também, como na primeira posição. Ela acha mais confortável para ela do que a primeira porque deixa as costas arqueadas. Convenhamos que essa moça é bem flexível, o que ajuda na  hora do "malabarismo".
Outra dica fundamental é esvaziar a bexiga antes do sexo. Como não temos controle, é possível algum  "vazamento", e para isso é importante ter capas impermeáveis sob o lençol. Mas isso acho básico, todo cadeirante com lesão acaba passando por isso, então a capa deve fazer parte da rotina.
O Dr. Mitchell cita também a influência do espasmo durante o sexo, que pode ajudar ou atrapalhar, depende da situação. Geralmente o espasmo estimula, pois é mais movimento, mas se atrapalhar o parceiro, basta tomar remédio anti-espasmo, ou segurar a perna até parar. Ele comenta também que a temperatura do corpo de quem tem lesão varia muito durante o sexo, ficando quente acima da lesão e frio abaixo dela. Fica embaixo do edredom que resolve!
Todas essas opções são excelente na cama, e há ainda as posições na cadeira de rodas, algumas estão demonstradas na figura que ilustra esse post. Bem, agora cumpri uma "promessa de campanha": fiz praticamente um mini kama sutra de cadeirante! Claro que tem mais, mas o importante mesmo é a criatividade e, claro, o bom humor! Se já dá para dar risada durante o sexo quando a gente é "normal", quando não temos controle do corpo, acontecem coisas hilárias... experimenta!