Pouco depois que criei o blog, em 2009, buscando novidades sobre tratamentos para lesados medulares, encontrei o
Project Walk, uma organização americana que utiliza o Método Darzinski, que propõe recuperar movimentos em lesados medulares através de exercícios físicos intensos, e assim melhorar a qualidade de vida de seus pacientes. Mandei um e-mail para eles questionando um pouco mais sobre o método e como poderia me tratar, e me enviaram mais informações, mas uma má notícia: eu teria que me internar na clínica deles lá nos Estados Unidos, pois não havia representantes no Brasil.
Alguns meses depois, conheci a Fernanda Fontenele, que foi a primeira a trazer o Project Walk para o Brasil pela
Acreditando, em São Paulo. Participei até de uma
reportagem da Folha Universal que falava sobre ela e o projeto em 2010. E depois de alguns tempo descobri outra franquia do projeto no Brasil, a
Caminhar. Eles estão baseados em Brasília/DF, Achei muito bacana ter gente investindo nisso no Brasil, mas sempre quis conhecer alguém que estivesse passando pelo tratamento, para saber as impressões e resultados. Eis que há alguns dias conheci um paciente deles, o Rafael, que é leitor do blog e me mandou alguns e-mails contando sua experiência lá. Com autorização da clínica, reproduzo aqui o relato e fotos do Rafael fazendo exercícios lá.
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Rafael se contorcendo |
"Descobri o Project Walk desde que lesionei a minha medula, no meu caso sofri um
assalto em casa e mesmo sem esboçar reação acabei sendo alvejado por um tiro de
22 que perfurou meu pulmão e a bala acabou alojando na minha coluna,
consequentemente minha medula foi lesionada, passei pela cirurgia para fixação e
estabilização da coluna e minha lesão é alta, T3 a T5...
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Fazendo força, com apoio |
Mas como em São Luís e tem hospital da Rede Sarah, fiquei por lá para ver o
que ia acontecer. Junto ao tratamento no Sarah fiz sessões de fisioterapia e de
terapia ocupacional, além de massagem e toda a sorte de tratamento que se pode
imaginar, e assim vi que em São Luís todos os recursos que tinham eu já tinha
usado e foi quando me recordei do Project Walk, sempre me interessei pelo método e assim
entrei em contato com as duas clinicas que são certificadas pela rede
norte-americana, aqui em Brasília e em São Paulo, meus pais conheceram a clinica
aqui de Brasília e gostaram do que viram, uma das sócias chama-se Karen e é
cadeirante também, foi ela quem atendeu aos meus pais e assim ela me passou a
lista de exames que eu teria que apresentar.
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Rafael ajoelhado se segurando |
Fiz todos os exames e estava apto a participar do projeto, assim marcamos a
minha primeira aula, que é uma demonstração de como funciona e de como é o
tratamento, e para a minha surpresa depois de alguns exercícios eles me
colocaram em pé, imagina a emoção: eu com um ano e um mês de lesão nunca tinha
cogitado em ficar em pé e não é que eu estava ali em pé...
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Ainda bem que é mulher segurando... |
Deste modo já fiz minha inscrição, só que tenho família e uma vida em São
Luís, tenho dois filhos, o Leonardo de 1 ano e 10 meses e o Gustavo que esta
hoje com 5 meses, se tivesse passado dessa pra melhor nem saberia que era papai
novamente, pois na época dos fatos não sabíamos que minha esposa estava
grávida...
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Fazendo exercícios para o tronco e equilíbrio |
Resolvi optar por Brasília pelo fato de ser mais fácil de ir ver os
meninos, e estou aqui desde o dia 17 de Setembro. Faz poucos dias que eu comecei na clínica, mas já tenho sentido algumas
melhoras, minha postura na cadeira de rodas melhorou muito, minha respiração e
estou trabalhando músculos que eu ate tinha esquecido que faziam parte do meu
corpo... o tratamento é longo e desgastante, mas toda aula vemos resultados, eu
ia fazer somente três sessões por semana de duas horas cada, mas depois de
conversar com os terapeutas chegamos a conclusão que eu e minha musculatura conseguiríamos aguentar uma carga de quatro vezes por semana duas horas cada
sessão...
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Segura aí garoto! |
Semana passada já fiz ate bicicleta, chego em casa moído de cansaço, mas
feliz pois todos os dias vejo alguma melhora, se eu repito um exercício de um
dia para o outro já vejo que está melhor essas coisas. Tenho os videos postados no meu facebook, se quiserem dar uma olhada procurem por
Rafael Fernandes Marajó"
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Pedala Robinho! Ou melhor, Rafael... |
Obrigado ao Rafael pelo relato e ao centro de reabilitação Caminhar por autorizar a publicação. Na minha opinião, é um método válido para quem busca melhorar a qualidade de vida e ter mais independência. Eu sempre investi em exercícios para melhorar a firmeza do quadril e habilidade em me virar, e hoje faço coisas que poucos lesados medulares altos (a minha foi em T2) conseguem, como me equilibrar em um banquinho, transferir para lugares bem mais altos e até fazer abdominais eu já consigo. Fica a dica!