O relato abaixo foi enviado pelo Kayo Amado e publicado em seu blog. Ele conta uma série de absurdos que passou com o pai ao fazer uma perícia na Baixada Santista. Mais uma situação triste de desrespeito e descaso.
"Mais uma vez apresento um relato sobre as condições de saúde pública na baixada santista. São tantos apontamentos a fazer, mas não serei longo como a espera de três horas para que meu pai – professor do ensino público estadual – fosse avaliado por um médico perito.
De qualquer forma, na função de gestor de políticas públicas, aproveitei as três horas de espera para rondar os limites do hospital.
Não precisei ir longe para verificar sérios problemas de acessibilidade.
Pensemos nas premissas, então.
Se a questão é uma perícia médica, no geral, presume-se, que há alguma enfermidade que precisa ser comprovada ou descartada pelo médico, no paciente. Ou seja, é necessário um ambiente confortável – no sentido de acesso, espera (já que vimos que, no meu caso, durou três horas), e atendimento.
Não foi isso que eu encontrei.
Vamos por partes.
O ESTACIONAMENTO:
Essa é a frente da entrada da casa que abrange a perícia médica. Eu e meu pai, por sorte, conseguimos parar – devidamente credenciados com a autorização – na esquina do hospital, em uma vaga de deficientes físicos.
Essa imagem me causa um certo sarcasmo. Fico me perguntando porque essa placa de deficientes encontra-se na grama, ao lado de uma árvore, enquanto dos carros ali parados, NENHUM – repito, nenhum – tinha autorização para parar em vaga de deficientes físicos.
Talvez, pela placa estar ao lado da árvore, a intenção era proporcionar um espaço para os deficientes adeptos de carroças e charretes estacionarem seus cavalos em frente a perícia.
O ACESSO PRINCIPAL:
Pois é, aqui, nos deparamos com o acesso principal. Bacana, não? A primeira coisa que eu pensei foi: onde está o corrimão? É o mínimo! Um de cada lado! Percebi que isso fez falta para os pacientes que chegavam. Haviam muitas pessoas que aparentavam ter idade avançada, outros claramente inaptos à desafios físicos como este.
Enfim, fiquei absurdamente desconfortável com esta situação.
O CAMINHO ALTERNATIVO:
Preciso dizer alguma coisa? Interditado. Quer passar? Vai pela via de carros, com asfaltamento feito de paralelepípedos. Certamente, não é a “aventura” mais fácil à pessoas com dificuldades de locomoção.
Opa, opa. Será que alguém pensou em um cadeirante?
O ACESSO ALTERNATIVO:
SIM! PENSARAM NO CADEIRANTE!
Há uma rampa de acesso, que bacana! Só não sei como ele irá chegar até ela.
Como vocês viram, o caminho alternativo está interditado!!!
Pode ser até possível “guerrear” e enfrentar a via de carros e seus paralelepipedos tortos, mas a aventura não pararia por ai, não…
ISSO É UM ACESSO?
Definitivamente, dispensa comentários.
Essa “deveria ser” a rampa de acesso alternativo.
TUDO O QUE SOBE, DESCE:
Será que eu consegui passar a mensagem, galera?
Eu espero ter repassado fielmente meu sentimento de indignação, inconformismo e repúdio a essas instalações do hospital Guilherme Álvaro.
Acessibilidade a instituições públicas é um DIREITO.
Este direito não foi respeitado. O constrangimento chegou a tal ponto que eu quase presenciei uma senhora derrapando por essa escada.
Não vou concluir meu artigo, minha insatisfação não permite. Deixo para vocês uma última foto. Reflitam sobre ela, tirem suas conclusões.
Caso queiram ajudar:
Diretoria – Perícia Médica HGA: hga-diretoriapericiamedica@saúde.sp.gov.br
Promotoria Civil de Santos: pjcivelsantos@mp.sp.gov.br
Condefi Conselho Municipal Integracao Portador de Deficiências (13) 3223-1667.
Compartilhem este artigo.
Até a próxima…
Amigos Kaio e Alessandro,sou funcionário público aposentado.Na época em que precisei comparecer à Perícia Médica do IPSEMG,que é Instituto dos funcionários do Estado de Minas Gerais foi terrível.Moro em São João Nepomuceno e a perícia é realizada em Belo Horizonte, a quase cinco horas de viagem.Sou cadeirante e,por isso,tive que conseguir um veículo da prefeitura de minha cidade para me levar à Capital.Saimos de nossa cidade (minha esposa foi comigo) por volta de 2 horas da madrugada.Chegando a Belo Horizonte,em poucos minutos eu teria que passar pelo primeiro perito (às 8 horas da manhã)e depois,teria que passar por mais dois peritos,um às 14 horas e outro às 16 .Imaginem,tive que permanecer no prédio esse tempo todo,pois não tinha para onde ir.O maior absurdo é que havia outros cadeirantes aguardando a perícia,mas não existia banheiro adaptado e o único banheiro tinha porta estreita.Passei o maior aperto,pois tive que ficar durante todo o dia sem usar o banheiro.Minha esposa ficou nervosa e sentiu-se até mal.Depois de todo esse sacrifício,saímos de Belo Horizonte por volta das 18 horas e só conseguimos chegar a São João Nepomuceno quase à uma da madrugada.Foi uma das piores coisas que aconteceram na minha vida.O prédio ficava na Rua da Bahia (o conhecido Edifício Maletta).Não sei se ainda a Perícia Médica funciona no mesmo local e com a mesma precariedade,mas fica o meu relato sobre o fato que aconteceu comigo.
ResponderExcluirParabéns pelo seu blog, convido a conhecer um pouco do meu trabalho.
ResponderExcluirPelo www.carolinafariajornalista.com
Abraços, Carolina Faria.