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Vista de Lavras Novas |
Este último fim de semana foi bem diferente do qu''e eu havia programado. Eu ia para São Paulo ver as novidades da Reatech, mas deu tudo errado. Comprei a passagem em janeiro para a sexta feira, dia 13 de abril, às nove horas, pensando em sair do trabalho às seis da tarde e correr para o aeroporto, para aproveitar melhor a feira no sábado. Aí começou a confusão. Eu havia comprado para as nove da manhã.
Chegando perto da data, vi só o horário, sem perceber o dia, e achei que tinha comprado para o sábado de manhã. No sábado, fui para o aeroporto e lá percebi o vacilo. Como a compra de ida e volta cancela automaticamente a volta se a gente não usar a ida (não sabia disso, fica a dica), eu teria que comprar mais duas idas e voltas (pra mim e pra Gi), mas o preço na hora é absurdo. Melou a viagem.
Como não sou de estressar, pegamos o computador e fomos tomar um café com calma (em casa tomamos correndo). Já que estávamos com a mala pronta, decidimos ir para
Lavras Novas, uma cidade turística cheia de belas paisagens, cachoeiras e bons restaurantes, que fica a 117 quilômetros de BH. Já fui para lá várias vezes antes de ser cadeirante, fazia caminhadas e trilhas de bicicleta, e estive lá também como cadeirante, mas só de passagem, para almoçar.
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Chalés Sesmarias |
Procuramos então uma pousada adaptada. Achamos duas pela internet, e ligamos para conferir (isso é muito importante, evita passar raiva com as famosas "pseudo-adaptadações"). A primeira informou que não tinha quarto adaptado lá, somente na outra pousada que fica na serra do cipó. A outra, chamada
Chalés Sesmaria, disse ter um quarto adaptado para cadeirante, amplo e com banheiro.
Pegamos o carro e em seguida a estrada. Uma hora e pouco depois, chegamos lá. A pousada até tem mesmo um chalé adaptado, mas não tem estacionamento ao lado. O chalé fica logo na entrada, e em seguida há uma descida judiada que dá nos estacionamentos, que também ficam em um morro com pouco espaço.
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Quarto "adaptado": a cama fica no fundo |
Parei o carro meio de lado no estacionamento e saí com alguma dificuldade. O recepcionista me ajudou a chegar no chalé, já que só com ajuda isso é possível. O quarto é amplo, mas a cama fica no canto, só dá para entrar nela encostando a cadeira no pé da cama e se arrastando até a cabeceira. Ponto negativo.
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O banheiro não é excelente, mas atende |
O banheiro é grande e a porta passa a cadeira, mas cometeram outro vacilo: o espelho é alto demais, não dá para se enxergar da cadeira. A pia tem boa altura e há barras ao lado do vaso e no chuveiro, porém não há cadeira de banho. Pedi uma de plástico e conseguiram na hora, e deu para tomar banho.
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Restaurante ao ar livre e com música ao vivo |
Lavras Novas não é uma cidade muito adequada para cadeirantes, já que as ruas são de pedra fincada, mas como tem muitos gramados, dá para rodar um pouco. O que mais curto lá são os botecos que colocam várias mesas na grama, tem boa comida caseira e música ao vivo. Com o visual que tem, dá para curtir uma tarde tomando uma gelada e batendo papo. Foi o que fizemos, almoçamos lá mesmo (sugiro o frango com quiabo ou costelinha com ora pro nobis).
Mas a aventura mesmo foi a volta. Saímos de Lavras Novas no domingo à tarde e resolvi passar por Ouro Branco, cidade em que fui criado. O caminho passa pela serra de Ouro Branco, e como estava entardecendo, seria uma boa oportunidade de mostrar para a Gi o belíssimo visual do alto da serra. Entrei na estrada de terra que dá no mirante e seguimos. A estrada está bem judiada, cheia de buracos e erosões, mas com técnica estava conseguindo superá-los.
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Fiquei atoladinho |
Só que o sol estava batendo bem na minha cara, e em uma das subidas, a trilha desmoronou e jogou o carro em uma cratera. Caíram as duas rodas do lado direito, encostando o fundo do carro no chão. Detalhe: não pegava celular, estava escurecendo e a estrada estava vazia. Na hora a Gi desesperou, mas com calma sugeri para ela descer pela estrada e procurar sinal de celular para chamar ajuda. Eu fiquei no carro, pois nem tinha como sair. Foi a situação em que senti maior impotência até hoje como cadeirante, pois nem avaliar a situação eu podia. A Gi conseguiu sinal na estrada e chamou o seguro, só que foi difícil explicar onde estávamos.
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Havia uma cratera no meio do caminho |
Felizmente apareceram duas mulheres e dois homens em um jipe, e logo em seguida mais dois de moto e outro carro com outros dois, e como em um mutirão, pegaram o carro pelos paralamas e conseguiram colocar na estrada de novo. Infelizmente a Gi não tirou foto dos caras colocando o carro de novo, foi uma cena incrível aquele tanto de gente fazendo força e balançando o carro para colocar no lugar. Detalhe, ele pesa uma tonelada e meia! No final rolou até aplausos pelos sucesso da operação. Agradeci a todo mundo e consegui virar o carro para voltar. Depois, cancelei o seguro, que já estava mandando um reboque.
O carro nada sofreu, nem um arranhão, e pudemos voltar para a estrada e seguir para BH. Viemos rindo da situação, mas que na hora bateu um cagaço, isso bateu! E fica a dica: cadeirante, não arrisque dirigir onde o carro possa atolar!