sábado, 23 de julho de 2011

Shopping despreparado para cadeirantes

Domingo passado fui conferir uma dica do meu amigo Alfredo no Boulevard Shopping: uma exposição de carros antigos. Como sou entusiasta de automóveis, não podia perder.
Aproveitei que tinha levado meus sogros ao aeroporto e resolvi ir direto pra lá. Como na ida o porta malas estava cheio, não deu para leva minha cadeira de rodas, então pensei em pedir uma emprestada no Shopping, afinal todos eles têm, e neste não devia ser diferente. E esse foi meu erro: acreditar que o shopping tinha estrutura tão boa quanto os outros. Afinal, é o mais novo de BH, inaugurou há alguns meses.
Chegando lá, primeira bola fora: nas primeiras vagas para deficiente que encontrei, perto de uma das entradas, descobri que não tinha elevador, só escada rolante. Dá pra acreditar? Os caras delimitam vagas para deficiente em uma entrada sem elevador. Parece brincadeira.
Escadas rolantes e, ao fundo, vagas de deficiente. Sem rodas, claro.
E quem me contou isso foi o manobrista que chamei para pedir a cadeira. Fui direcionado para outro estacionamento para deficientes (desta vez perto de um elevador) e me preparei para o chá de cadeira que ia tomar esperando a cadeira chegar (ainda bem que estou acostumado com cadeira). Depois de uns 15 minutos apareceu outro cara numa moto do shopping informando que a Gi teria que ir lá no segundo andar pegar a cadeira e deixar um documento. Aproveito para manifestar minha indignação com esta prática, que já vi em outros shoppings, de ter que deixar um documento para buscar a cadeira. E se o cadeirante estiver sozinho? Vai se arrastando? Ou num carrinho de supermercado?
Mas regras são regras, e lá foi a Gi buscar a bendita cadeira. Mas quando ela chegou não acreditei. Olha só o que eles chamam de cadeira de rodas! 
Isso no máximo é um carrinho de rodas, afinal o cara não consegue tocar sozinho. TEM que ser empurrado. E além disso, é pequena. E muito desconfortável. Até achei que a Gi havia se enganado e pego o modelo errado, mas ela me garantiu que só tinham esse. É mole? Definitivamente, um cadeirante não deve ir a esse shopping sozinho. Vai ter que escolher outro. Nota 3 em acessibilidade.
Troco as duas por modelos mais novos...
Mas já que eu estava ali, fui pra tal exposição. Mas antes dei uma passada na loja que arrancou minha unha do dedão do pé para ver se eles mudaram a vitrine assassina. Que esperança... Tá tudo igual. Deviam pelo menos colocar um aviso: "Cuidado Cadeirantes, mantenham distância!"
Mercedes Gullwing, o Asa de Gaivota
Depois de mais essa decepção, finalmente a exposição. Gostei muito, é muito bem organizada e tem exemplares lindíssimos, inclusive uma réplica do primeiro carro do mundo, o Mercedes Wagen (na foto com a Gi). Achei muito legal uma fila de Corvettes que mostra a evolução do modelo até o início dos anos 70, com um belíssimo exemplar do famoso modelo Sting Ray, com rodas de competição e motor de mais de 400 cv! 
Mercedão cromado. No sol, cega até os guardas!
E a grande estrela da exposição, um Mercedes Benz 300C, de 1933, todo cromado. Show! Valeu a pena, apesar de tudo, recomendo. Mas leve sua própria cadeira.

7 comentários:

  1. Na boa? Sair sem a própria cadeira é suicídio! Impraticável... Absurdo! Claro, evidente e sem sombra de dúvidas que o absurdo mesmo é a falta de acessibilidade e o despreparo do mundo... É óbvio que um local público, como um shopping, tinha mais do que obrigação de ter cadeiras decentes, vagas adequadas e ser acessível em todos os cantos. Já estamos carecas de saber q isso é lei e ponto... E blá, blá, blá... Aquela coisa que é linda na teoria e um horror na prática. Mas, sinceramente... Contar com o ovo no fiofó da galinha, diante de todo o caos que vivemos (caos que jamais devemos aceitar... afinal, temos que brigar mesmo, botar a cara na rua e exigir o que é o mínimo pra se ter dignidade), é ser otimista demais... Pelo amor de Deus! Também acredito num mundo melhor e vou brigar sempre com o errado... Mas, sair sem a cadeira... Ah, não! Não dá... Infelizmente, não dá. Certo seria se desse, com certeza. Mas, não dá! Tem que brigar mesmo p um dia funcionar, entendo... Mas...pqp...definitivamente, sair sem a própria cadeira, p esse fim (e muitos outros), é pedir pra sofrer!

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  2. Olá Sam! Quanto tempo depois do acidente vc começou a dirigir? Meu namorado ficou paraplegico no final de fevereiro e está querendo começar a dirigir . Sei que isso depende da avaliação médica tbm , mas gostaria de saber sua experiência . Meu namorado tbm tem 1.95 de altura , imagino que teremos um pouco de dificuldade para encontrar um carro comfortavel para ele . Ah ... e parabens pelo seu blog! É maravilhoso o que vc está fazendo , aprendi muita coisa lendo sobre sua vida de cadeirante . Abraço , Natalia.

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  3. Olá Sam!!
    Absurdo a cadeira que te forneceram, parece que os caras investem em vitrines, fachadas e tudo mais, mas em quesito acessibilidade, não querem investir nada.
    Eu e meu amor, que é cadeirante, fomos ao Salão do Turismo semana passada, e achamos sacanagem pagar 25,00 no estacionamento do Anhembi, por isso deixamos nosso carro no estacionamento ao lado do metrô, quando fomos pegar o ônibus que o salão disponibilizava aos visitantes, surpresa: não tinha transporte adaptado, e o motorista disse que não colocaria a mão no meu namorado. Já comecei a dar piti, daí eles o colocaram no ônibus. Chegando ao salão, os passageiros desceram e o motorista? Sumiu!!! Tive que pedir para o pessoal que ia embarcar no ônibus nos dar uma força...foi uma situação muito constrangedora...

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  4. Ai, ai, ai Sam, me desculpe, mas estou morrendo de rir de ver vc nesta cadeira ridícula: é muito engraçado. Vc é maluco mesmo: só vc prá animar sair num carrinho desse! Ai ai. Bjs.

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  5. Oi alessandro, estou no 2 periodo do curso de fisioterapia e entrei no curso pra trabalhar com pessoas que após acidente sofreram lesoes e se tornaram paraplegicos. Amei blog e achei lindo seu amor com a gi. Gostaria que você escrevesse mais sobre como pessoas portadoras de paraplegias conseguem defecar e urinar; leio bastante sobre isso mas ainda não consegui enutender muito e achei que você poderia explicar sem usar muitos termos tecnicos. Outra duvida que eu gostaria que você me explicasse é o caso de homens paraplegicos e a sexualidade. Que Jesus continue abençoando você e sua familia.
    Desde já grata.

    Brunna

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  6. Interessante a réplica do Benz Patent-Motorwagen. Sempre fui fã dos calhambeques...

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  7. KKKKKKKK. Realmente seria cômico se não fosse trágico. Mas a sua foto nesse carrinho de rodinhas está muito engraçada. Se não me engano, no Shopping Ponteio utilizam um carinho semelhante. Como já disse em outros posts, não sou cadeirante, sou "bengalante", mas quando vou a algum shopping também pego cadeiras emprestadas. Nunca fui ao Boulevard Shopping, mas depois do seu post fiquei ainda mais desanimado. Ano passado estive em Orlando e fiquei impressionado com a ótima acessibilidade. Todos os parques são acessíveis, com rampas de acesso e banheiros adaptados. Têm cadeira de rodas e carrinhos elétricos (somente para locação salgada - nada free). Em todos os lugares existem várias vagas reservadas para deficientes e algo que achei interessante, na placa consta o valor $$ da multa, mesmo em locais como shoppings etc. Acho que isso faz a pessoa ter mais "consciência". Abraço a todos. Alexandre Ker.

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