domingo, 19 de junho de 2011

Falta acessibilidade perto de casa

Muita gente fala que eu não posso reclamar de acessibilidade porque moro na zona sul, região bem cuidada e acessível. Muita gente falou que a esquina que considero a mais "inacessível" da região, que mostrei aqui no blog, não é nada perto de outros lugares muito piores por onde passam. Até não discordo dessa afirmação, mas como eu disse, é a mais inacessível "da região" - em outros lugares sei que tem coisa bem pior. Mas não é por causa disso que vou ficar quieto passando arrego cada vez que saio de casa.
Casa Rio Verde
Para provar, algumas fotos de locais sem acesso - em plena Savassi. Locais nobres, como a Casa Rio Verde, uma das melhores casas de bebidas, tem escadas na frente. E fiz questão de perguntar: não tem nem uma rampa móvel para colocar por cima. Outro exemplo é o Stad Jever, boteco um pouco mais embaixo. Tem só um degrau, mas é um exemplo ainda pior, pois não é difícil de "transformar" em acessível.
Vila Arábia
Mais alguns metros pra baixo fica o Vila Arábia (antigo K-bab), que foi reformado e ainda assim continuou com três degraus na frente, e mais três lá dentro. Estava fechando e não deu pra pegar uma foto boa.
Na esquina seguinte mais um exemplo. E mais um boteco: o Frei Tuc, famoso por ter dezenas de marcas de cerveja em seu cardápio. E agora famoso também por não pensar em todos e em inclusão social.
Frei Tuc - fácil de resolver com uma rampa móvel
Tudo isso em um espaço de menos de trezentos metros, e pouco abaixo de onde moro. Mas o pior de tudo não são os lugares sem acesso: é a condição das calçadas. Buracos, degraus, pedras soltas, tipos diferentes de piso, e o pior, não tem rampas em todas as esquinas.
Calçada com desnível e buracos na Contorno
Assim o cadeirante fica em casa mesmo, desanima de sair. A não ser que seja como eu, que gosta de um esporte radical, e é isso que acho das calçadas de BH. Só que não curto esse esporte.

6 comentários:

  1. Acho q ainda falta muito para comerciantes realmente pensarem na gente.Quando questiono pq o lugar não tem acesso na maioria das vezes ouça a seguinte resposta: -O movimento de cadeirantes ou pessoas com outras dificuldades de locomoção aq é muito pequena.Só que eles esquecem que nós não frequentamos esses ambientes justamente pq não à acessibilidade.
    abraços celestes!

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  2. concordo com você...

    cadeirante que anda pra frente e pra trás é verdadeiramente praticante de esporte radical... uma nova modalidade de esposrte sobre rodas...

    Voce esta de parabéns.... continue a denunciar todos os espaços publicos inacessiveis e a conscientizar a população acerca do respeito ante nossas limitações físicas.

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  3. Maria Rosaura Prestes Amaro21 de junho de 2011 às 13:49

    0Olá Sam,espero que tudo esteja bem com você.Concordo com você no que se refere a falta de acessibilidade para nós cadeirantes.Aqui em Pelotas ,minha cidade ,acontece o mesmo,calçadas péssimas com as esquinas sem rampas,a maioria das casas comerciais sem rampas,tornando-se muito difícil para conseguirmos ir a um restaurantes,docerias,etc.Falta conscientização à maioria da população que nós,como cidadãos,merecemos ter nosso espaço na esfera social.
    Uma abraço dessa pelotense que muito lhe estima.
    Maria Rosaura Amaro,Pelotas,Rio Grande do Sul.

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  4. Sou cadeirante de primeira viagem, moro em uma cidade de 17 mil habitantes. Aqui, praticamente só tem eu como cadeirante, aqui fica difícil de recorrer meus direitos, as ruas são todas de pedras e pra completar não tem calçadas, pouco menos lugares acessível. As vezes isso acaba deixando o cadeirante desanimado pra sair de casa, muito bom esse blog, no meu ponto de vista o melhor.

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  5. Aqui na Italia (ao menos no Norte) as coisas sao diferentes: a acessibilidade è quase perfeita, mas os cadeirantes nao usufruem porque os italianos tem uma visao muito deploravel sobre, nao sò cadeirantes, mas qualquer portador de necessidades especiais.

    Sao poucos os cadeirantes que tem uma vida normal, a maioria passa a vida escondida em casa, porque sao vistos como um problema para a sociedade e "nenhuma familia quer dar esse problema para a sociedade" (frase dita à uma assistente social, dita por um familiar de um menino paraplegico).

    Estou na ITalia hà 5 anos, e em todo esse tempo sò vi dois cadeirantes: um rapaz em uma inauguraçao de uma casa de eventos e uma moça no hospital. A moça, que estava com o namorado/marido parecia atraçao de circo (dava para ler nos olhares "o que ele està fazendo com ela?") e o rapaz, sozinho, era invisivel.

    Comerciantes italianos ainda nao falam diretamente com os cadeirantes (como eles quase nunca saem de casa sozinhos, todos falam com eles atravès do acompanhante, como se precisassem de um tradutor para se comunicar).

    E nem vou falar da sexualidade... porque, sabe, os "disabili" nao podem ter vida sexual. Se sexo entre duas pessoas "normais" jà è um pecado imperdoavel (nao pode fazer sexo, sò pode fazer amor - e se for casado), imagina sexo com um cadeirante! Quem faz sexo com cadeirante vai queimar no inferno!

    Costumo dizer que a Italia preparou toda a infraestrutura para acolher os cadeirantes nas ruas, mas esqueceu do principal: esqueceu de preparar os italianos.

    Deploravel. Mas tambem posso chamar de "Coisa de Italiano". No final, è tudo sinonimo.

    Um abraço
    Gisa

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  6. Dinizmaria720 Gostei muito desse cantinho para comunicação. Muito bom! Eu preciso de cadeira de rodas mas, encontrei dificuldades. Onde moro, as calçadas estão péssimas, ruas de paralelepípedos irregulares. Fica complicado. Difícil entender por quê somos tão esquecidos e discriminados. O relato da reação dos italianos diante de um cadeirante é chocante.

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