Siriemas gigantes te recepcionam |
No últimos dois dias estive "hospedado" em um hotel fazenda perto de BH: O Canto da Siriema. Entre aspas porque fui a trabalho, mas aproveitei para avaliar a acessibilidade do lugar. Como não fui eu que reservei, deixei claro que precisava de um quarto adaptado, e que os lugares onde iria deveriam ser acessíveis.
A primeira impressão foi razoável. A recepção tem uma longa passarela de pedras, e se parar o carro bem em frente é fácil chegar lá. Mas logo na entrada já tem um mini-degrau. Disso nem reclamo, é só um pequeno ressalto, facilmente vencido com uma pequena força nos aros da cadeira. Portanto, acessível.
Fui para o quarto e tudo me pareceu bem, dava para rodar bem pelo quarto, apesar de ter duas camas, uma de casal e uma de solteiro. Desnecessário, já que eu ia ficar sozinho. Só uma cama daria mais liberdade para a cadeira, o que acabou limitando o ângulo de entrada (o ideal é que ela fique entre 30 e 50 graus em relação à cama, depende do modelo).
Aí fui para o café da manhã. Primeiro problema, a rampa de acesso é íngreme. Não o suficiente para impedir que o cara desça sozinho, mas subir sem auxílio só para marombeiro (ou um cara muito forte). O restaurante é acessível, mas para ir para a varanda há escadas, impedindo o acesso. Perdeu pontos.
Tudo bem, lá fui eu para o salão de reuniões, que fica numa parte mais baixa. Um funcionário percebeu que eu ia descendo e correu para me ajudar. Falei que não precisava, mas devido à insistência aceitei. Depois descobri porque.
Há uma longa rampa, que até dá pra descer sozinho, mas no meio dela tem um desnível mais íngreme, muito perigoso. E desnecessário, poderiam ter suavizado a inclinação. Na volta, aí sim acho fisicamente impossível subir sozinho, mesmo se o cara tiver braço ele vira para trás.
Mas foi na hora do banho que descobri a pior falha do lugar: a cadeira de rodas simplesmente não passa entre as "gigantes" barras de apoio do vaso e a pia. Como é que eu ia tomar banho?
Faltou noção de espaço |
Sujo não ia ficar. E como sou abusado, dei um jeito: enfiei o bico da cadeira até onde deu, coloquei os pés no chão e me apoiei na barra e na cadeira, "pulando" para o vaso. Cheguei a cadeira de plástico para perto, me apoiei na cadeira de rodas e "pulei" de novo, para a de plástico. Me arrastei e consegui tomar o banho. Mas chuveirino, que é bom, não tinha. Perdeu pontos de novo.
A barra não devia ser fixa. E o vaso,tão feio. |
O problema quando o cara é abusado, aventureiro, é falta de planejamento. Pular de cadeira em cadeira na ida foi fácil, mas na volta... Primeiro que eu estava meio molhado. Segundo, o chão também estava molhado, dificultando aos pés pararem quietos. E pra completar, a cadeira de rodas é bem mais alta que o vaso, que a propósito, não é o adequado para deficente. Sofri um pouco, me arrisquei, mas deu tudo certo. Mas não recomendo: se estiver difícil, peça ajuda.
Com relação ao banheiro, é o tipico caso da boa vontade do proprietário/gerente, porém de um investimento mal feito pois provavelmente não envolveu um arquiteto.
ResponderExcluirEstou postando o hotel no Guia de Acesso ;-)
http://www.guiadeacesso.com.br/local/?id=101
Ai, Cristo!!! Esse pula pra cá, pula pra lá, dá uma aflição, moço!!! Lembro-me de outro post seu no banheiro da hidro (uma aventura!)... Sua mãe e esposa lendo isso devem ficar com o coração na mãe, hen?! (risos).
ResponderExcluirAbraços!
Deus abençoe!
Simone Tavares.
Esse hotel é horrivel até para quem não precisa de acessibilidade. Fui la uma vez pra não voltar nunca mais,minhas filhas eram pequenas na epoca e nunca vi tanta escada e subidas ingremes, no fim do dia a gente estava mortinha, as pernas gritando por socorro.Outro que não me paga nunca mais é o Tauá, somente se for obrigada por motivos profissionais.
ResponderExcluirOlá Alessandro,
ResponderExcluirQueria uma dica sua... Devo viajar a Curitiba no final de julho para apresentar um trabalho.
Você conhece algum hotel que seja bom e realmente adaptado por lá?
Meu email é lucianadrumondalmeida@gmail.com
Abraços,
Luciana
Parabéns pelo blog. Muito interessante. Mesmo porque só sabe das dificuldades depois de sentir na carne. Essa conversa de "eu sei como é" é papo furado. As pessoas não tem nem ideia das dificuldades. Eu por exemplo não sabia, nem imaginava como seria o banho. Não são coisas do meu cotidiano, então nem percebo. Mas é legal saber, nos torna mais sensíveis pelo próximo. Que amanhã pode ser qualquer um de nós a utilizar uma cadeira de rodas.
ResponderExcluirAbraços e sucesso pra vc.
Dione