Meu amigo Gregori Iochpe, de Lages/SC, me enviou um relato sobre sua experiência em um hotel em Gramado que impressiona pelo grau de acessibilidade. Ele chamou a atenção para um ponto muito importante, que nós cadeirantes muitas vezes não percebemos quando falamos em acessibilidade: que o termo engloba outros tipos de inclusão, como de cegos, surdos e outras deficiências. Já que sempre buscamos nossos direitos de acesso, vamos incluir outros excluídos! Vejam o relato:
"Como é bom ser surpreendido positivamente, foi o que aconteceu comigo neste fim de semana na Serra Gaúcha.
Após preparar a viagem por duas semanas, minha esposa encontrou um hotel com quarto adaptado para cadeira de rodas, porém, devido à minha desconfiança de que o quarto era realmente adaptado, solicitei as fotos do banheiro para ver se realmente a cadeira poderia entrar. Pode parecer um pouco de exagero de minha parte, mas aconteceu duas vezes comigo, uma em Porto Alegre, no hotel Ibis, do Moinhos de Vento, e outra no hotel Villa Vergueiros de Passo Fundo, de falarem que o quarto era adaptado e que já haviam recebido cadeirantes e ao chegar nos referidos havia degrau no box e para transferir para cama tinha que ir caminhando.
Em resposta a minha solicitação, a atendente do hotel enviou uma mensagem dizendo que o hotel é o único da américa latina a possuir o certificado do Instituto Pestalozzi de acessibilidade total, fiquei surpreso e empolgado para ver o que de diferente o tal certificado oferecia.
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O selo de acessibilidade tem até placa! |
Depois de três horas e vinte minutos de viagem chegamos, eu, minha esposa, e meu filho Gustavo de 3 meses, ao hotel. Para minha grata surpresa o manobrista já sabia como tirar do porta malas e montar a cadeira de rodas, ofereceu ajuda para sair do carro de uma forma tão natural que parecia que ele tinha algum familiar com problemas de locomoção.
Na recepção do hotel, ao invés dos balcões altos, no quais nós cadeirantes temos dificuldades de preencher os documentos, havia mesas com atendentes capacitadas a atender pessoas com as mais diversas necessidades (cegos, surdos e dificuldades de locomoção).
Estava tudo muito bom por enquanto, mas e o quarto, como seria? E o banheiro, daria para escovar os dentes na pia ou teria que escovar em um copo de água, como já aconteceu em outras vezes?
Fomos acompanhados até o quarto e então notei que o hotel realmente oferecia um diferencial. Vejam a foto do banheiro:
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Isso que é banheiro adaptado |
Além do banheiro ser adaptado, o cadeirante não precisa levar sua cadeira de banho, pois o hotel disponibiliza cadeira higiênica com rodas grandes, dando mais liberdade e espaço no porta malas do carro.
Outra coisa que me chamou atenção foi a quantidade de famílias com bebês no hotel, parece que o negócio no hotel é andar sobre rodas, então fui perguntar para a gereência do hotel o porquê de tantos papais novos como eu, e a resposta foi bem simples, todos os locais do hotel estão acessíveis a cadeira de rodas e carrinhos, facilitando a vida das mães.
A piscina e a sauna do hotel tem rampas e chuveiros aptos a receber portadores de qualquer necessidade especial, foi o único lugar sem ser o hospital Sarah de Brasilia que vi tamanha disponibilidade ao portador de deficiência.
Notem a cadeira de elevação que sobe e desce o cadeirante da piscina.
Mas a viagem guardou uma grande lição para mim, hotel acessível não é aquele que não tem escadas e portas estreitas, mas sim aquele em que qualquer pessoa com qualquer necessidade especial possa ir e vir sem restrições:
- Elevadores em Braile e que falam o andar aonde esta parando.
- Cardápio em Braile
- Telefones para surdos.
- Atendentes aptos a falar com um deficiente sem parecer que estão falando com um extraterreste, são coisas tão importantes e nos fazem sentir seguros de que a estadia vai acontecer de forma natural.