sábado, 30 de abril de 2011

Arregos 2

Continuando os relatos sobre meus arregos de férias, ainda em Buenos Aires tomei um susto com a cadeira: uma peça se quebrou. Mas felizmente dei duas sortes. Primeiro, foi uma peça não muito importante, mas que faz alguma falta, e mesmo falando o nome dela pouca gente vai saber do que se trata: um "nove". Essa peça é a que segura a aba de proteção da roda da cadeira, conforme se nota pela foto abaixo. E o nome dela é devido à forma, quando você a vê fora da cadeira percebe que é tem forma de nove mesmo. Ou seis, dependendo do ponto de vista.
Esse nove pintou o sete
Mas mesmo não sendo fundamental para tocar a cadeira, faz muita falta, principalmente em transferências. E para proteger também, pois a todo momento a gente dá uma raspada na roda, que além de machucar suja a calça toda. Minha segunda sorte foi ela quebrar no último dia, exatamente quando eu me transferia para o último táxi, que nos levou ao aeroporto.
Chegando a São Paulo, como eu ia ficar uns dias na casa da minha irmã, aproveitei para dar um pulo na Ortopedia Monumento, onde comprei minha cadeira, e aproveitei para bater um papo com o sempre simpático Luciano, que me deu duas peças dessas de graça e ainda um par de rodas dianteiras, já que as minhas estavam no fim. Deixo aqui um agradecimento especial ao Luciano, que resolveu meu problema, e minha empregada também agradece, pois minhas calças já estavam todas sujas.
Outro arrego que passei foi na volta do Rio de Janeiro. Foi uma situação, digamos assim, delicada, e só não acabou em "tragédia" por outro golpe de sorte. 
Minha ideia inicial era passar em Juiz de Fora, dormir na casa da minha tia, e continuar no dia seguinte rumo a BH. Mas como saímos cedo do Rio, por volta de uma e meia da tarde, e peguei estrada vazia, resolvi tocar direto até em casa. Mas se eu soubesse que ia passar (literalmente) por um cagaço, não tinha ido direto...
Foi um caso típico de lei de Murphy. Assim que decidi passar direto por Juiz de Fora, antes de dar 15 quilômetros pintou um dos vilões de quem está na estrada: uma bela dor de barriga. Daquelas de arrepiar os cabelinhos do braço. E de outros lugares...
Agora imaginem: já é complicado o cara encontrar um banheiro decente (e limpo) numa situação dessas, ainda mais um banheiro adaptado! Tenso...
Como sabem, quem tem lesão medular tem pouco ou nenhum movimento abaixo da lesão. Como é que o cara vai conseguir, digamos, evitar uma freiada de trator nesse caso? Felizmente tenho um pouco de movimento recuperado e me concentrei ao extremo para "travar" o desastre, e de repente minha vista se iluminou pelo outdoor salvador: posto Graal a 15 km. Isso significava banheiro limpo e adaptado! Aguentei mais uns minutos e chegamos ao posto com o carro ainda limpo. Corri para o banheiro e fiquei uma hora lá me aliviando. Uma hora sofrida, daquelas que desce suor da testa. E ainda ouvi alguns comentários tipo "alguém morreu aqui dentro" e "esse banheiro está podre". Mas tudo bem, pelo menos resolvi meu problema. E salvei minhas calças.
Agora descobri o real significado de "santo Graal"

5 comentários:

  1. Amigão, em relação a cadeira de rodas eu só posso te dizer uma coisa: TiLite ZRA Series 2. É a melhor opção, acredite! Coloca a M3 no chinelo.
    Abraços

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  2. po cara, quer comparar uma cadeira de titanium com a m3? sacanagem heheh e essa beleza aig custo SÓ, 10 pau o loko..

    @pablogustavo_

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  3. Não estou comparando, até porque não há como comparar. Eu também tenho uma M3, por isso disse que a TiLite a coloca no chinelo. Lamentavelmente, aqui no Brasil pagamos um absurdo em impostos e isso eleva o preço as alturas. Infelizmente o acesso as melhores cadeiras de rodas está fora da realidade da maioria dos cadeirantes, mas isso não me impede de expressar uma opinião. Aliás, opinião esta que foi dirigida diretamente ao Alessandro. Quiséramos nós que todas as pessoas com deficiência pudessem desfrutar de produtos de primeira linha sem restrições financeiras. Seria um sonho!

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  4. Tem nada de imposto não... Só existe 12% de imposto de importação. O que existe mesmo é ganância dos revendedores e altas margens de lucro!

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  5. isso é verdade Eduardo, eu to tentando comprar uma almofada roho e comparei o preço la nos EUA e as revendedoras no Brasil. realmente a diferença eh absurda, tipo, la custa cerca de 300 doláres, que convertendo em reais nao xega nem a 600 reais. porém a msm almofada nas revendedoras aqui custa 1,400 reais. é preferível comprar por la mesmo e pedir pra um amigo enviar por correio. eu calculei e no total de 50 reais do frete pro brasil e mais ums 30 reais de frete até minha casa, que roubo! enquanto isso vamo levantando e seguindo em frente.

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