Contei aqui só as histórias legais que passei nas férias, mas não os perrengues que enfrentei em Buenos Aires e no Rio. Primeiro vou contar sobre os arregos na Argentina. O primeiro deles foi logo na chegada, ao me tirarem do avião. Eu já fui tirado de avião de tudo quanto é jeito, carregado, de ambulift, de robozinho, mas que nem carga foi a primeira vez. Nunca tinha visto um aparelho mais tosco para tirar cadeirante do que esse. É praticamente um levantador de carga com um banquinho minúsculo. E eu tive que me segurar como pude para não desequilibrar enquanto o cara metia o pé na base do negócio para rodar nas minúsculas rodinhas até o ambulift, que por sinal estava em péssimo estado de conservação. E sem nenhuma segurança. Coloquei os pés no chão e me agarrei ao banquinho para não cair.
"Carga viva" |
Outro perrengue que passamos foi no calçadão da rua Lavalle. Chegamos na sexta e trocamos só cinquenta reais para pegar um táxi para o hotel, já que o câmbio é mais baixo lá (dica de um amigo meu). Como estávamos cansados, passamos a tarde no hotel e à noite saimos para jantar, e paguei com cartão.
No sábados saímos para passear e precisamos trocar mais dinheiro, e no calçadão ficam várias pessoas distribuindo folhetos com propaganda de casas de câmbio e chamando os turistas com taxas atrativas. Fomos atraídos por um destes e entramos em uma galeria, fomos conduzidos a uma pequena porta (um muquifo) e trocamos duzentos e cinquenta reais, o que deu pouco mais de quinhentos pesos, em notas variadas, de vários valores e idades, notas novas misturadas com velhas. Tiramos mais dinheiro depois e misturamos tudo, até que num dia a Gi pegou um táxi para ir à feira de Santelmo e o taxista disse que uma nota de Cem Pesos (+ ou - 48 reais) era falsa. Depois disso mostramos a um garçon que confirmou que a nota era falsa, e este até mostrou uma verdadeira para compararmos. Fomos até um banco, que confirmou a falsidade da nota.
Resolvi então ir até a casa de câmbio para reclamar da nota falsa, apesar do receio da Gi. Só que além do lugar ser um muquifo, os funcionários não tinham uma cara amigável. Por sorte, na entrada da galeria havia um policial de plantão, portanto fui direto nele comunicar minha intenção. Ele me acompanhou até a casa de câmbio e eu já reconheci o cara que me atraiu até lá, e fiz minha reclamação. Claro que o cara não ficou nem um pouco feliz e já começou a esbravejar um monte de coisa e entrou pra chamar o patrão dele. O patrão, por sua vez, chamou o policial e a gente lá dentro. Nesse momento a coisa ficou tensa, o policial levou a mão na cintura, perto do revólver, pediu pra gente esperar e foi lá dentro, onde bateu boca com os caras e voltou falando que só conversava se fosse do lado de fora. A Gi já estava com cara de terror absoluto, enquanto eu mantive a calma e aguardei o desfecho. Resumindo, depois de muito bate boca, e depois de dar esporro no funcionário e mandar ele passear, o dono do lugar veio falar comigo que o que aconteceu foi que algum taxista ou garçon pegou minha nota e trocou rapidamente pela falsa. O policial, por sua vez, me questionou porque demorei tanto para reclamar, já que era quinta feira, e mesmo eu falando que só no dia anterior tinha descoberto que a nota era falsa, já percebi que não valia a pena insistir, pois o dono da casa de câmbio não ia ceder e o policial não tinha muita ação sobre a situação. Falei pra deixar pra lá, afinal eu devia ter mesmo me enganado, e os caras continuavam batendo boca e o policial já com a mão sobre a arma. O policial ainda perguntou se eu queria dar uma queixa, mas achei melhor não, pois se pensar bem é fácil alguém dar algum comando para pegar um cara numa cadeira de rodas vermelha. Felizmente já era o último dia, voltamos para o hotel, arrumamos nossas coisas e pegamos o avião de volta à noite. Sãos e salvos.
Isso leva a uma reflexão: se alguém cismar com a cara de um cadeirante e quiser fazer uma emboscada, o cara se vê com dois problemas: primeiro vai ser impossível se esconder, pois encontrar um cara numa cadeira de rodas é muito fácil. E segundo, se for achado, nem precisa tentar reagir, manda o cara executar logo o serviço, pois não dá nem pra correr, nem pra lutar numa cadeira de rodas. Portanto, se você é cadeirante, ande na linha!
Resolvi então ir até a casa de câmbio para reclamar da nota falsa, apesar do receio da Gi. Só que além do lugar ser um muquifo, os funcionários não tinham uma cara amigável. Por sorte, na entrada da galeria havia um policial de plantão, portanto fui direto nele comunicar minha intenção. Ele me acompanhou até a casa de câmbio e eu já reconheci o cara que me atraiu até lá, e fiz minha reclamação. Claro que o cara não ficou nem um pouco feliz e já começou a esbravejar um monte de coisa e entrou pra chamar o patrão dele. O patrão, por sua vez, chamou o policial e a gente lá dentro. Nesse momento a coisa ficou tensa, o policial levou a mão na cintura, perto do revólver, pediu pra gente esperar e foi lá dentro, onde bateu boca com os caras e voltou falando que só conversava se fosse do lado de fora. A Gi já estava com cara de terror absoluto, enquanto eu mantive a calma e aguardei o desfecho. Resumindo, depois de muito bate boca, e depois de dar esporro no funcionário e mandar ele passear, o dono do lugar veio falar comigo que o que aconteceu foi que algum taxista ou garçon pegou minha nota e trocou rapidamente pela falsa. O policial, por sua vez, me questionou porque demorei tanto para reclamar, já que era quinta feira, e mesmo eu falando que só no dia anterior tinha descoberto que a nota era falsa, já percebi que não valia a pena insistir, pois o dono da casa de câmbio não ia ceder e o policial não tinha muita ação sobre a situação. Falei pra deixar pra lá, afinal eu devia ter mesmo me enganado, e os caras continuavam batendo boca e o policial já com a mão sobre a arma. O policial ainda perguntou se eu queria dar uma queixa, mas achei melhor não, pois se pensar bem é fácil alguém dar algum comando para pegar um cara numa cadeira de rodas vermelha. Felizmente já era o último dia, voltamos para o hotel, arrumamos nossas coisas e pegamos o avião de volta à noite. Sãos e salvos.
Mais falsa que os peitos da Ariadna |
Grande Sam. É por isso que fui com minha mulher para Nova York. Se não conhece (como cadeirante), vá. É o Paraiso dos "Chumbados"! Calçadas, restaurantes, lojas, teatros, metrô e táxi adaptados. De América Latina, já basta o Brasil. kkkkk
ResponderExcluirForte abraço.
"pois se pensar bem é fácil alguém dar algum comando para pegar um cara numa cadeira de rodas vermelha"
ResponderExcluirMeu Jesus, to rindo até agora da sua descontração ao escrever... muito bom... aliás, vc é um escritor de blog nato, né? Pois seus textos são breves, prático e de ótima leitura... excepcional !!! Parabéns!
Um abração!
Deus continue te abençoando!
Simone Tavares.
Olá,seu blog é muito legal e interessante,parabéns!
ResponderExcluirPô, Sam, o Banco de La Nación, no aeroporto, é seguro e tem ótima taxa de câmbio. Esse amigo aí te deu dica furada, ehehe! E eu dei sorte por lá nas últimas vezes, mas lembro que há milênios atrás fui com a família pra lá e o taxista aplicou um golpe desses da nota falsa com a gente. Nos fu! :(
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirvaleu pelo recado tenho andado fora da linha ultimamente.
ResponderExcluirBoa dica Toni, da próxima vez vou pro hemisfério de cima.
ResponderExcluirMuito obrigado Simone, fico feliz!
Boa Dado, fica a dica. Mas tem que ficar esperto com os hermanos mesmo!
Os poeira branca costumam ser meio metidos a malandro, tanto lá na terrinha deles quanto nas férias de verão quando aparecem aos montes em Santa Catarina.
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