quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Pai cadeirante

Nesta foto estão o Gregori Iochpe, Helene e o recém nascido Gustavo, filho dos dois. Gregori me contatou há algum tempo e contou sua história, que reproduzo abaixo.

"Minha historia como cadeirante começou em uma tarde quente de 02 de outubro de 2002, saí da empresa onde eu trabalhava para ir à academia treinar um pouco de tênis, na época eu estava com 23 anos e fazia exercício todos os dias, tinha recém sido selecionado para gerenciar a filial de uma empresa de grande porte do ramo têxtil e no dia seguinte teria uma reunião na matriz desta empresa em Blumenau, que fica 180 km de minha cidade (Lages-SC).
Eu estava com uma moto esportiva Suzuki 750, quando um carro atravessou a preferencial e eu não consegui frear, bati contra o carro e caí no chão, no momento não senti mais minhas pernas, apenas uma dor muito forte no ombro esquerdo que quebrou no acidente, pedi que tirassem meu capacete e fiz a ligação para os bombeiros, e depois para um médico amigo meu.
Quando cheguei ao hospital, estava com o pulmão direito estourado (pneumotórax), o médico meu amigo abriu o jogo comigo e disse que a situação era grave, e que provavelmente eu havia lesionado a medula. Fizemos a cirurgia da coluna, coloquei duas hastes e 16 pinos nas costas, segundo os médicos ortopedista e neurologista, minha medula havia sido cortada ao meio pelos estilhaços de ossos das vértebras que eu fraturei (L12 e L1).
Depois veio tudo aquilo que você sabe, muitas visitas (umas boas e outras chatas), e com 45 dias de lesão consegui uma vaga no Hospital Sarah de Brasília, e na primeira internação fiquei 45 dias, os quais acho que foram os dias mais difíceis de minha vida, pois lá caiu a ficha que eu poderia ficar na cadeira de rodas para sempre.
Estive três vezes no Sarah e apenas 3 meses após meu acidente eu já estava morando sozinho, com 4 meses de acidente comprei um Corolla, adaptei com alavanca Cavenaghi e comecei ir na fisioterapia de carro.
Chegando na fisioterapia, conheci uma outra fisioterapeuta, não a que me atendia, era uma menina recém formada que era especialista em neurologia, fui ficando amigo dela e após alguns meses ela se tornou minha fisioterapeuta, nossas conversas batiam, nossos gostos também, ela entendia o que eu sentia, me apoiava e acabei me apaixonando, e após dois anos nos casamos.
Estamos casados faz quatro anos e meio, após um ano de casados resolvemos ter filhos e procuramos ajuda de especialistas, fomos a uma clínica em Florianópolis, fizemos duas fertilizações, mas sem sucesso, então resolvemos buscar ajuda em uma clínica muito famosa de Porto Alegre (Centro de pesquisa e fertilização Nilo Frantz), e lá conseguimos engravidar.
No dia 24 de Janeiro o nosso querido e aguardado Gustavo nasceu, o parto foi realizado em Passo Fundo-RS, no hospital PRONTO CLINICA, que se adaptou todo para atender o primeiro pai cadeirante daquele local.

Me colocaram em uma suite completamente adaptada para cadeira de rodas; há uns 15 dias atrás ligaram perguntando o que deveria ter no quarto e quais as larguras e alturas que eu desejava, quando cheguei estava do modo que pedi, e isso foi um alivio.
O Gustavo nasceu de 7 meses e meio com 2.330 gramas e 46 cm, depois de 4 fertilizações.
Ele nasceu saudável e forte, não foi necessário ir para o oxigênio, o que nos deu um grande alivio."

Essa é mais uma história de coragem, superação e "final feliz", de um cara que encarou os problemas e "correu atrás" de seus sonhos, sem dar bola para as adversidades. Parabéns à família, e desejo tudo de bom nessa nova fase da vida, com um lindo bebê pra curtir. Aguardo também o nascimento da Ana Sofia, minha "sobrinha" gaúcha, de outro pai cadeirante, do blog Sem Barreiras.

9 comentários:

  1. Parabéns à família. Vê se vc se anima tb Sam!
    Ana Sofia hoje completa 36 semanas no meu barrigão, a previsão do parto é até 15 de fevereiro nosso tesourinho chegar.
    Mais um sonho e uma etapa vencida nas nossas vidas.
    Beijos
    Tania,Milton e Ana Sofia

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  2. Que história linda!Que homem!Que vontade de ter metade dessa energia.Parabéns Gregori e esposa por não terem desistido de nadinha do que vcs tem direito.Desejo felicidades e sucesso para vcs.Um abraço

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  3. Olá Sam!
    Agradeço por postar nossa historia em seu Blog, agradeço tambem os comentarios que recebemos, hj foi o teste do pezinho e esta tudo muito bem grande abraço.

    Gregori

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  4. Parabéns a vocÊs... é mais uma vitória que merece destaque na vida, e que sirva de exemplo para muitas pessoas que tem preconceitos. Na vida, onde há Deus, tudo é possível... tbm sou cadeirante, e um dia tbm quero realizar o sonho de ser pai... mas primeiro preciso encontrar a mãe hehehhehe...
    Abraços pessoal.

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  5. Parabens!!!!uma historia muito linda.Meu marido é cadeirante e estamos lutando juntos para vencer todas as barreiras e são histórias como a de vocês que nos insentivam....Muitas felicidades e que Deus ilumine vocês!!!!

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  6. PARABÉNS, A HISTÓRIA É BONITA, MAS SERÁ QUE ESTA REALIDADE NÃO SE ENQUADRA SOMENTE AO CADEIRANTE COM RECURSOS FINANCEIROS? E O CADEIRANTE POBRE QUE DEPENDE DO SUS, ACHO QUE SÃO A MAIORIA? NÃO?

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  7. Metendo o bedelho no blog alheio.
    A fertilização é cara, não resta dúvidas, mas aqui em Porto Alegre há meios de ser feita pelo SUS.
    Existe aqui tb umas clínicas(de excelência) que fazem atendimento mais em conta, são fundações, as mesmas clínicas poderosas abrem fundações que fazem os mesmos tratamentos,mais barato.
    Ainda essa semana o querido Jairo do Assim Como Você postou uma ótima história de um cadeirante que "pegava" ônibus e sofria os perrengues que essa dependência lhe causava. O que ele fez? Foi em frente e hoje tem um belo carrinho.
    A principal razão de blogs como o do Sam, o meu e de tantos outros cadeirantes é mostrar que cadeira de rodas não impede ninguém de melhorar de vida e crescer. Se hoje há uma maioria de cadeirantes que dependem do SUS, nós lutamos não só pro SUS melhorar, como pra que o cadeirante, melhore de condição de vida, ter um plano, conseguir comprar suas coisas,ter seu emprego e por aí vai.
    A bandeira que levantamos com a realidade do cadeirante não é a de coitado, dependente de SUS,de ônibus, não estuda...
    Levantamos a bandeira bem acima disso, queremos igualdade,melhoria,oportunidade e se o cadeirante não insistir nisso e ficar como o "dependente da ineficiência dos SUS", não vai ganhar nunca a luta.
    Dei meu recado, eu acho!
    Não dá pra desistir de um sonho,nunca!

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  8. S.C.Pôrto-Macaé, RJ4 de agosto de 2011 às 07:23

    A VOCÊS, Cadeirantes.
    Parabenizo esses gigantes do mundo.Ultrapassam a dor, as cirurgias;fogem do comodismo ou da preguiça ou temor, para buscarem meios que lhes poderão facilitar o dia a dia; driblam com a fé a a esperaça,o inconformismo,a decepção,o desprazer,a insônia dolorosa e extensa,os olhares curiosos ou desprezíveis;não se desgastam com as contantes idas a especialistas e não dispensam a Vida, maior bem que nos foi dado pelo CRIADOR de todas as coisas.Lutem!Vivam!Amem!Formem lares!Curtam vitórias!

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  9. Boa tarde!Parabéns pelo filhão lindo,voce é um milagre,uma pergunta que não quer calar,as pessoas que necessitam do uso da cadeira de rodas,estão satisfeitas com a cessibilidade do espaço fisico, e do modelo de cadeira para se locomover,eu preciso dessa informação,tenho visto muita cadeira com assento de lona e usando as mãos para girar a cadeira,está certo?Poderia ter melhor locomoção?E uma cadeira com acessibilidade apropriada com controle remoto?

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