segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Experiência como cadeirante

Gente, olha que bacana esse relato que a Taísa Giannecchini, de São Paulo, me enviou. É um olhar de uma pessoa "normal" sobre o mundo de quem vive em uma cadeira de rodas, através de uma experiência que ela passou. Se todos passassem por isso, acabava o preconceito e aumentava a preocupação de todos com a acessibilidade. Uma bela lição.

"Olá pessoal do Blog,

Meu nome é Taísa, tenho 38 anos, sou fonoaudióloga e moro em São Paulo com minha família há 15 anos.
Na última 4ª. feira, dia 03 de novembro, realizei uma cirurgia no joelho e, conforme o esperado, não posso andar pelos próximos 15 dias.
Acostumada à correria do dia-a-dia, comecei a enfrentar meus primeiros fantasmas: ficar parada, depender dos outros, esperar. Só este exercício já me fez avaliar melhor como seria a vida de um cadeirante e como principalmente no início, a adaptação incluiria outros fatores.
No sábado tive uma brilhante ideia: vamos ao Shopping passear e eu usarei uma cadeira de rodas! Todos prontos e arrumados, empolgados pela “aventura”, chequei pelo site se o Shopping escolhido por nós, o Villa Lobos, tinha este serviço de empréstimo de cadeiras. Informação confirmada, partimos.
Com relação ao Shopping, posso dizer que meu atendimento foi perfeito: funcionários atenciosos, vaga reservada para o carro e rampas disponíveis por todo lado.

Passamos uma tarde maravilhosa! Entre livros, jogos e um bom cafezinho, eu estava muito feliz, brincando com meu filho de 6 anos, trocando idéias com minha mãe e recebendo carinho e cuidados de meu marido! Ou seja, nada mudou pelo simples fato de eu estar sentada numa cadeira de rodas. Mas eu me surpreendi com a reação das pessoas e com a falta de preparo do mundo para encarar os cadeirantes, recebê-los e atender as suas necessidades. Recebi muitos olhares tristes, desconfiados, preconceituosos, como se não fosse possível uma jovem ser feliz em uma cadeira de rodas. Eu me senti observada e “estranhada” pelas pessoas ao meu redor. Tive vontade de gritar: “Tem um ser humano FELIZ aqui”!
Terminei meu passeio transformada. Quero lutar pela acessibilidade e principalmente pelo bem estar emocional dos cadeirantes e de qualquer deficiente.
Espero muito que o relato desta experiência ajude outras pessoas e autoridades a criar condições favoráveis à acessibilidade.
Se houver outra forma que eu possa ajudá-los, ficarei muito feliz.
Um grande abraço.

Taísa Giannecchini"

Parabéns à Taísa pela linda família e obrigado por compartilhar conosco estes momentos! E por ter uma opinião tão humana de nossa condição.

9 comentários:

  1. Que bom que vc passou por isso. Espero que essa experiencia consiga te fazer uma pessoa melhor, se bem que acho meio difícil, por que a sensibilidade o coração que vc tem, são raros hoje em dia, meus parabens Taisa e muita felicidade pra vc e sua família. As pessoas realmente não acreditam que uma pessoa com deficiencia possa ser feliz. Mais conseguimos sim.

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  2. Pior que é assim mesmo, esses "olhares preconceituosos" estão em todos os lugares, ninguém acredita que mesmo cadeirante temos capacidade de ser feliz, ter uma família, filhos... Às vezes esse preconceito é até falta de informação, mais isso tem que mudar, estamos aqui para viver, como qualquer pessoa!!! E a acessibilidade é outro problema que enfrentamos no dia-a-dia, penso que teria que encontrar soluções para isso, a nossa vida seria muito mais fácil! Parabéns pela família Taísa!!!

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  3. Ei Taísa

    Gostei muito de seu depoimento. Sei perfeitamente o que você passou pois em 2006 foi necessário imobilizar meu tornozelo esquerdo, e precisei utilizar uma cadeira de rodas durante 3 semanas para poder me locomover nos corredores da Clinica Escola de uma Universidade. Percebia os olhares e indiferença dos profissionais, pacientes e funcionários da instituição.

    Assim como você, o exercício de ser cadeirante me fez, também, avaliar a vida destas pessoas na dependência de outra que o ajude a subir uma rampa mais íngreme, nas longas conversas com uma pessoa em pé a qual o cadeirante precise ficar olhando para cima, ou ainda ter que aguardar um momento para transitar em um local mais estreito e movimentado.

    Bom seria, se as pessoas pudessem passar, pelo menos um ou dois dias, por esta experiência para compreender e valorizar as pessoas.

    Sandra Felix – Vila Velha / ES

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  4. Olá cunhada, como está passando. Já percebi que está muito bem. Fico feliz.
    Adorei seu depoimento, serviu para refletir mais sobre o assunto.É engraçado, mas nunca pensamos no que o outro "especial" possa estar sentindo.
    Bjos para vc, meu irmão e meu lindo sobrinho

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  5. Postei como anônimo, mas fui eu.

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  6. Taísa ,senti-me feliz com seu depoimento,feito com seriedade e com muita propriedade.Que as pessoas despertem e aprendam a olhar e a "enxergar" de forma mais humana seu "irmão".Creio que seu relato sensibilizou aqueles que estão prontos para uma modificação interior.Parabéns.Sua sogrinha Maria Ignez.Beijos a você, ao seu companheiro(meu filho)e ao meu amado neto.

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  7. Papo furado...
    É fácil ser cadeirante feliz por 15 dias.
    Outra 'brincadeira' bem distinta é tentar sobreviver com dignidade quando se está condenado/preso à uma cadeira de rodas pelo resto da vida.

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  8. Tá Parabens pela sua iniciativa, ameiiii!!! e muito obrigada por compartilhar comigo!!! Que vc tenha uma ótima recuperaçao e nunca esqueca que Jesus está contigo!!! sempreee!!! te adoro linda!!! saudades de vcs todos e muito obrigada!!! bjos com carinho

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  9. "Ânônimo", você está redondamente enganado. É possível sim ser feliz sendo cadeirante, como sou há quatro anos. Sobreviver com dignidade depende de nós, de termos atitude positiva e correr atrás dos nossos direitos. E a cadeira de rodas não prende ninguém, pelo contrário, só liberta.

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