terça-feira, 30 de novembro de 2010

Medidas para cadeirante - NBR 9050

Ontem resolvi tomar café da manhã na bancada da cozinha (não reparem no cabelo bagunçado, tinha acabado de acordar) e lembrei-me das normas NBR 9050, que citei há alguns posts. Meu caso é um exemplo típico de adaptar-se ao ambiente, uso a bancada de passar roupa da nossa área de serviço como mesa e acho excelente a altura, não babo na roupa (o problema é a barriga...) e alcanço tudo mais fácil.
Mas o motivo deste post é publicar os "parâmetros antropométricos" (chique isso, heim) para usuários de cadeira de rodas da norma, pois muita gente acha um saco ficar procurando as medidas e tentar enxergar do que se trata. Aí vão as principais para deslocamento e alcance:

- A largura mínima necessária para a transposição de obstáculos isolados com extensão de no máximo 0,40 m deve ser de 0,80 m.

- As medidas necessárias para a manobra de cadeira de rodas sem deslocamento são:

a) para rotação de 90° = 1,20 m x 1,20 m;
b) para rotação de 180° = 1,50 m x 1,20 m;
c) para rotação de 360° = diâmetro de 1,50 m.

- Condições para manobra de cadeiras de rodas com deslocamento:


- Alcance manual frontal:
A3 = Altura do centro da mão com antebraço formando 90º com o tronco B3 = Altura do centro da mão estendida ao longo do eixo longitudinal do corpo
C3 = Altura mínima livre entre a coxa e a parte inferior de objetos e equipamentos
D3 = Altura mínima livre para encaixe dos pés
E3 = Altura do piso até a parte superior da coxa
F3 = Altura mínima livre para encaixe da cadeira de rodas sob o objeto
G3 = Altura das superfícies de trabalho ou mesas
H3 = Altura do centro da mão com braço estendido paralelo ao piso
I3 = Altura do centro da mão com o braço estendido, formando 30o com o piso = alcance máximo confortável
J3 = Altura do centro da mão com o braço estendido formando 60o com o piso = alcance máximo eventual
L3 = Comprimento do braço na horizontal, do ombro ao centro da mão
M3 = Comprimento do antebraço (do centro do cotovelo ao centro da mão)
N3 = Profundidade da superfície de trabalho necessária para aproximação total
O3 = Profundidade da nádega à parte superior do joelho
P3 = Profundidade mínima necessária para encaixe dos pés

- Relações entre altura e profundidade para alcance manual lateral para pessoas em cadeiras de rodas.

- Superfície de trabalho:
As superfícies de trabalho necessitam de altura livre de no mínimo 0,73 m entre o piso e a sua parte inferior, e altura de 0,75 m a 0,85 m entre o piso e a sua superfície superior. A figura 12 apresenta no plano horizontal as áreas de alcance em superfícies de trabalho, conforme abaixo:
a) A1 x A2 = 1,50 m x 0,50 m = alcance máximo para atividades eventuais;
b) B1 x B2 = 1,00 m x 0,40 m = alcance para atividades sem necessidade de precisão;
c) C1 x C2 = 0,35 m x 0,25 m = alcance para atividades por tempo prolongado.

sábado, 27 de novembro de 2010

Quase acessível

Ontem almocei em um restaurante que eu já conhecia como bar: o Chapa do Chef, na Rua Leopoldina, 161. Como bar, a acessibilidade é razoável, já estive com colegas de serviço algumas vezes. Vindo da Contorno, a calçada até chegar lá é bem judiada, não tem rampas nas esquinas e é cheia de obstáculos, o ideal é alguém pra ajudar. O bar/restaurante fica no nível da calçada e tem uma agradável varanda, e apesar das mesas inadequadas, que me obrigam a ficar de lado, pra alcançar o copo de chopp e os aperitivos é mole. E o chopp chega geladinho e os tira-gostos são uma delícia.
Mas pra almoçar, eles estão que nem aquela propaganda da Fiat: quaaaaaase acessível! Apesar dos dois enormes degraus na frente, há uma entrada pela lateral, quase no nível da calçada, mas que ainda deixou um pequeno degrau. Porém não tão pequeno que dê pra subir sozinho. Mais uma vez uma solução simples resolveria, uma rampa móvel de metal ou madeira garantiria acesso a um cadeirante sem esforço. Apesar de que uma obra muito simples e com pouco transtorno traria uma solução definitiva: um rebaixameno do piso formando uma rampa.
Na ocasião, um colega me ajudou a vencer o degrau, passei esprimido ali na frente, mas o espaço no self-service foi suficiente para me servir e alcançar a comida. Há até mesas com pés paralelos lá dentro, mais adequados para entrar com a cadeira, mas preferi almoçar com o pessoal na varandinha. Mais uma vez precisei de ajuda pra descer. E senti a dificuldade de comer "de lado". E ao final, pra pagar, deveria voltar ao "andar de cima" pra chegar até o caixa. Mas nossa senhora do wireless me salvou: a maquininha sem fio veio até mim.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Rugby em Cadeira de Rodas

Já falei aqui sobre o time de rugby em cadeira de rodas de BH. Agora vem aí uma competição de tirar o fôlego: segunda e terça da semana que vem, no SESC de Contagem, acontece o 1º Campeonato Regional de Rugby em Cadeira de Rodas. Um evento importantíssimo pra quem curte esporte adaptado, espero que conte com o prestígio e a torcida de muita gente. Abaixo os dados completos do evento.
O torneio contará com 4 equipes, representando os estados de Minas Gerais, Santa Catarina e ainda duas do Distrito Federal. Os jogos acontecerão nos dias 29 e 30/11, no SESC Contagem (Rua Padre José Maria Demam, 805, Novo Riacho - Contagem/MG), com jogos pela manhã a partir das 09:00 hs e à tarde a partir das 15:00 hs. Entrada gratuita.
O evento está sendo organizado em uma ação conjunta entre a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte/SMAES/Superar, a Associação Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas (ABRC), o SESC/MG e o Belo Horizonte Rugby Clube.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A Pequenez do Ser Humano

Essa figura da foto é o Fabiano, personagem do relato abaixo, que me foi enviado pela repórter Ivonete, de São Paulo. Uma grande lição pra muita gente.
"Parece brincadeira, mas não é: trata-se de um assunto estarrecedor que me fez refletir muito nos últimos dias depois de uma conversa (ao telefone) com um grande amigo meu que, em novembro de 2005, sofreu um grave acidente de moto, em São Paulo, e, como conseqüência, hoje está paraplégico.
Passados 5 anos do ocorrido, entre a fase inicial da depressão até alcançar um grau de maturidade (e aceitação), muitas histórias irônicas e que beiram a pequenez do ser humano são contadas por ele.
Uma delas eu gostaria de compartilhar com os amigos leitores do Blog do cadeirante (do Alessandro) que me fez refletir como algumas pessoas, ditas “normais”, ainda enxergam os cadeirantes com olhar de comiseração, piedade, quando na verdade não deveria ser assim. Porque não é assim!!!
Esse meu amigo contou-me que, um dia, aguardava na esquina de uma rua um outro amigo dele de trabalho para, juntos, irem à empresa que mantinham. Parado nessa esquina, em sua cadeira de rodas, eis que surge uma picape à sua frente. Sem que ele fizesse algum gesto, o condutor parou o veículo, abriu o vidro e lhe deu um monte de moedas, dizendo: “tome, pegue!”.
Fabiano, perplexo diante da cena e, visivelmente constrangido, disse: “Não , senhor, por favor, eu não estou pedindo nada, que é isso? Estou aguardando um amigo aqui!”. Mas, o rapaz, insistentemente quis de todas as formas deixar-lhe aquelas “moedas”. Sem ter o que argumentar ou fazer, acabou ficando com “aquilo.”
Não preciso nem falar que apesar dele levar a vida sempre com bom humor e – mesmo depois da cena dar muitas risadas com o seu amigo - no fundo, no fundo, aquela situação o constrangeu imensamente.
O que tiro disso tudo? Sou uma pessoa “normal”, que tento entender como é viver desta forma. Acho que as pessoas deveriam rever seus conceitos, pensamentos, deixar o preconceito de lado. O Alessandro, aqui no blog, em uma de suas postagens, refletiu sobre algo que me chamou a atenção: vivemos a maior parte do tempo sentados.
Eu, por exemplo, trabalho em uma redação de jornal, fico em frente ao computador o dia todo, dirijo meu carro diariamente (sentada, é claro...) até chegar em casa; chego, sento novamente em frente ao computador, à frente da televisão (com um controle nas mãos), enfim, passo a maior parte do tempo sentada.
Claro que temos a facilidade de nos levantarmos quando queremos, etc, mas se pararmos para analisar,a grande realidade é essa: vivemos a maior parte do tempo sentados.
Veja que o ser humano – em sua grande maioria – vê hoje os deficientes, especialmente os cadeirantes, como seres inertes, sem vida, mas não é verdade! O limite está dentro de cada um, o sopro da vida vai além da locomoção, e eu aproveito esse espaço aqui para deixar minha indignação com quem tem esse espírito: de comiseração.
Agradeço a Deus pela vida, pela oportunidade que muitos tiveram ao sobreviverem a acidentes terríveis, como esse meu amigo que, apesar da gravidade, mantém-se grato por tudo, até mesmo pelas adversidades, pois foi através delas que muitos dos seus conceitos e ações do passado foram completamente transformados.
Ivonete Soares
Jornalista

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Dia Nacional da Pessoa com Deficiência em Parques e Atrações Turísticas

Amanhã é o Dia Nacional da Pessoa com Deficiência em Parques e Atrações Turísticas (DNPD). Mais uma iniciativa em prol da inclusão de deficientes que merece meu apoio, afinal sempre defendi que viver com dignidade em cadeira de rodas (ou com outra deficiência) não é só trabalhar, comer e ter onde morar, mas também viajarm, sair e se divertir. A homenagem é uma prévia do dia Internacional da Pessoa com Deficiência, 03 de dezembro, e garante acesso gratuito a pessoas com deficiência em parques e atrações turísticas em geral.
Abaixo o release que recebi:
"O Sistema Integrado de Parques Temáticos e Atrações Turísticas (Sindepat), a Associação das Empresas de Parques de Diversão do Brasil (Adibra) e Playcenter convidam para Cerimônia de Homenagem a Fundação Dorina Nowill, instituição dedicada a inclusão de pessoas com deficiência visual, a ser realizado junto ao 1º Dia Nacional da Pessoa com Deficiência em Parques e Atrações Turísticas, nesta terça-feira, 23 de novembro, às 14h, no parque de diversões Playcenter. Na ocasião a representantes da instituição e diretores de parques temáticos e atrações turísticas falarão sobre o primeiro ano do ação e da importância da acessibilidade nos empreendimentos do setor.

Dia Nacional da Pessoa com Deficiência em Parques e Atrações Turísticas
Data: 23/11/2010
Horário: 14h
Local: Playcenter
Endereço: Rua Inhauma, 263

Idealizada pelo Sistema Integrado de Parques e Atrações Turísticas (Sindepat) em parceria com a Associação Brasileira das Empresas de Parques de Diversão do Brasil (Adibra), a ação visa a compor o maior movimento de inclusão de pessoas com deficiência. Essa foi a forma que os complexos de lazer encontraram para proporcionar a esses visitantes momentos de total conforto, tranquilidade e segurança.
Nesse dia, empreendimentos associados ao Sindepat e a Adibra estarão abertos, simultaneamente, para receber de forma gratuita entidades que atendam a pessoas com deficiência. Com programação especial, parques e atrações oferecerão sem custo a todos os participantes, lanches e refrigerantes, além do passaporte para as atrações.
O apoio das instituições será fundamental para o sucesso do DNPD. “Para garantir maior conforto e total segurança durante o evento, é necessário que os deficientes estejam acompanhados de alguém indicado pela instituição, que pode ser um amigo, familiar ou monitor”, diz Alain Baldacci, presidente do Sindepat. Além disso, os empreendimentos contarão com a ajuda de voluntários capacitados para auxiliar no atendimento aos presentes."

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Solução simples


Mais um lugar acessível e agradável pra comer: o Benedita Gula da Marília de Dirceu. Não tem banheiro adaptado, mas pra um lanche rápido é ótimo, boa comida e ambiente agradável, com mesas na calçada. E lá vi uma solução que resolve 90% das entradas inacessíveis: uma rampa móvel. Não precisa fazer obra, mexer na estrutura ou na fachada do imóvel, basta mandar fazer uma rampa que se encaixe por cima dos degraus e colocá-lá quando necessário. É a mesma estratégia utilizada no Pinguim. Não fica muito caro e atende a quem precisa.
Só que não é só fazer uma rampa de qualquer jeito e achar que tá "quebrando o galho" de quem tá "quebrado". Tem que ter um ângulo bom o suficiente pra pessoa conseguir subir sozinha, sem precisar chamar um guindaste (o ideal é entre 6,25% e 8,33%, de acordo comABNT NBR 9050:2004). E tem que encaixar com segurança sobre os degraus, senão o quebrado corre o risco de ficar mais quebrado ainda!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Adaptar o manual ou comprar um automático?

Essa é uma das questões mais frequentes que recebo no blog: a pessoa se torna cadeirante, quer voltar a dirigir, já tinha um carro com câmbio manual e não sabe se vale a pena adaptar seu carro ou vendê-lo e comprar um carro automático e então adaptá-lo.
As maiores dúvidas são: o que fica mais caro? O que vale mais a pena? É melhor comprar um carro zero quilômetro ou um usado? Dá pra comprar um carro zero com as isenções?
Muitas vezes a pessoa já tem o carro há muito tempo, tem até laços afetivos com ele, e morre de dó de vender o "possante". Mas a dica que sempre dou é: troque por um automático. O principal motivo é segurança: já que uma mão está sempre no acelerador, o ideal é não tirar a outra pra passar marcha. Além disso, tem o conforto que o câmbio automático trás. Sem contar as excelentes opções com câmbio automatizado, que trazem mais economia e menor manutenção.
Se dá pra comprar um zero ou usado, vai depender do ano do carro manual, senão fica muito caro. Mas faço aqui um comparativo que fiz outro dia pra um leitor do blog. Ele tem uma Palio Weekend ELX 1.6 manual ano 2000, ficou paraplégico e estava pensando em instalar uma embreagem automatizada para voltar a dirigir, pois acreditava que se vendesse o carro pra comprar um automático e adaptá-lo ficaria mais caro. Provei pra ele que não. Usando a tabela FIPE e o preço médio das adaptações, fiz a simulação:
- Palio Weekend ELX 1.6 ano 2000: 16.233,00
- Embreagem automatizada: 3.500,00
- Barra de aceleração/frenagem: 850,00
- Pomo giratório: 200,00
Total: 20.783,00
- Honda Civic sedan EX 1.6 16V automático ano 2000 (nacinoal): 18.958,00
- Barra de aceleração/frenagem: 850,00
- Pomo giratório: 200,00
Total: 20.008,00
Claro que é preciso verificar o preço de manutenção dos dois veículos, facilidade e preço de revenda, consumo e seguro, mas isso varia de estado pra estado. Também é necessário ver espaço interno, facilidade pra entrar e porta-malas. Mas o porta-malas dos Civic mais antigos é grande o suficiente pra guardar a cadeira, só o New Civic que fica apertado (340 litros).

De qualquer foram, esta comparação já dá pra ter uma idéia. E se o valor do carro usado passar de 25 mil, já vale a pena pegar um zero km com isenções (um Palio Dualogic fica em torno de 28 mil).

domingo, 14 de novembro de 2010

Reportagem pra Globo

Na sexta feira recebi em casa uma equipe da Rede Globo, que está fazendo uma reportagem sobre deficientes, para passar no dia 3 de dezembro, dia Internacional da Pessoa com Deficiência. Será uma série de reportagens especiais para o MG TV, e fui um dos escolhidos para representar quem vive em cadeira de rodas.
Fizeram uma entrevista comigo e com a Gi, filmaram as adaptações que precisamos fazer aqui em casa e também eu postando no blog, o início deste post aqui. Até a Belinha, nossa gatinha, foi filmada. Acho que ficou bacana, apesar de que acho que falei pouco do blog, mas o suficiente: como começou, qual o objetivo e os principais assuntos que abordo aqui, como os problemas da cidade, lugares que não são adaptados e característica de carros para deficientes. A repórter, Luiza, me deixou super à vontade e conduziu tudo com profissionalismo.
Depois fomos pra uma choperia, a Exclusivo (Contorno, 8863), para avaliar a acessibilidade do lugar. Fui recebido lá pelo dono, o Luciano, que foi muito simpático e me falou sobre as adaptações que fez por lá, como um banheio exclusivo pra deficientes, fundamental para termos mais privacidade e conforto. A entrada tem um pequeno desnível com a calçada, porém é toda em forma de rampa, e ainda com antiderrapante.
As mesas também são adequadas, os pés são amplos, apesar de centrais, e dá pra entrar com a cadeira até encostar na mesa. Esse detalhe é importantíssimo, pois se os pés não forem separados o suficiente, não dá pra entrar com a cadeira e somos obrigados a ficar de lado pra alcançar as coisas, e é especialmente complicado pra comer. O ideal é ter pés paralelos, mas se for central, como da foto abaixo, precisa ter espaço entre as bases pra entrar com os pés.
O banheiro de lá é que me impressionou, totalmente adaptado, tem bastante espaço pra girar a cadeira lá dentro e tudo está ao alcance. Um exemplo a ser seguido.
Espero que a reortagem fique legal, e sirva pra estimular os donos de estabelecimentos a adaptar tudo, pois assim ampliam o leque de clientes e agem com responsabilidade social!
Aproveito para avaliar outros lugares que estive recentemente:
Piu Pizza (Rua Curitiba, 2154) - a entrada fica no nível da calçada e as mesas de pés paralelos, fáceis de entrar. Na mesma rua há uma vaga pra deficiente, mas meio longe da pizzaria. As mesas ficam um pouco juntas, mas há um corredor na lateral que permite ir até o fundo. Porém, não tem banheiro acessível, e pra piorar eles ficam na parte de cima, tem que subir escada. Se a pessoa tem alguma dificuldade de andar, já complica. Mas a pizza de lá é uma delícia, e a adega de vinhos bem completa.
Fabbrica Spaghetteria (Rua Felipe Santos, 27) - outro que fica no nível da calçada, mas as mesas não são boas, tem que ficar um pouco de lado pra chegar perto, mas movimentando a mesa resolve. Tem banheiro adaptado e exclusivo pra deficientes. As massas de lá são ótimas, na última vez comi uma Fritatta, uma espécie de omelete com espaguete no meio, uma delícia. Tomamos um vinho chileno muito bom, Terranoble.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Praça de BH será primeira a oferecer brinquedos para crianças cadeirantes

No dia 17 de novembro, a Unimed-BH em parceria com a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, por meio da Secretaria de Administração Regional Centro-Sul, entrega à comunidade as obras de revitalização da Praça Floriano Peixoto, na zona leste da cidade. A acessibilidade recebeu atenção especial no projeto. A praça será o primeiro espaço público da capital mineira a possuir brinquedos para crianças cadeirantes. São três modelos: um balanço que permite encaixar a cadeira de rodas, uma travessia mais baixa, ao alcance do cadeirante, e um painel com diferentes atividades. O local também ganhou barras de alongamento, destinadas aos praticantes de caminhadas e corridas, e equipamentos de ginástica especiais para idosos.

No passeio central da praça, o lajeado de paralelepípedos foi substituído por blocos de concreto intertravados, que deixam a superfície mais uniforme e facilitam a locomoção de idosos, cadeiras de rodas e carrinhos de bebês. O acesso também foi facilitado na área central do local, onde há um amplo espaço com arquibancada, ao modelo de um teatro de arena. Além disso, toda a calçada que circunda a praça foi duplicada para cinco metros de largura e recebeu piso tátil para orientação dos deficientes visuais.
“Percebemos que só a manutenção das áreas verdes não iria resgatar o espaço de convívio e a importância histórica do local. Era necessário ir além e pela nossa identidade com Belo horizonte e com os mineiros decidimos que a revitalização cabia em nosso compromisso social”, afirma Helton Freitas, diretor-presidente da Unimed-BH.
Fundada há 112 anos, a Praça Floriano Peixoto era conhecida no início como Praça Belo Horizonte e é uma das 24 praças que estavam previstas na primeira planta de cidade. Hoje o local é tombado como patrimônio histórico e cultural da cidade. À época da construção do Hospital da Unimed-BH, localizado em frente à praça, a Cooperativa assumiu com o poder público o compromisso de manutenção do local, por meio do programa Adote o Verde. Entretanto, ciente da importância da área para a comunidade e em consonância com seu Programa de Responsabilidade Social, a Unimed-BH decidiu ir além: investiu cerca de R$ 2 milhões na revitalização.
Mais um bom exemplo de inclusão social, mesmo que pelas mãos de uma empresa privada. Parabéns à Unimed pela iniciativa.

Metrô sem elevador em SP

Sem elevador, metrô de São Paulo faz passageiro andar 2,4 km para acessar estação Tamanduateí

Mais um descaso, desta vez em plena São Paulo, um elevador com defeito desde o começo de outubro obriga os cadeirantes a rodar mais de dois quilômetros para acessar o transporte público. Um absurdo, pois até o trajeto até a outra estação é complicado, pois as calçadas tem diversos obstáculos.
Aqui em BH as estações geralmente são acessíveis (as que conheço), mas no nosso caso o metrô é de superfície, o que facilita construção de estações com acesso facilitado.
Veja a notícia completa aqui:
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/828337-sem-elevador-metro-de-sp-faz-usuario-andar-2-km-para-acessar-estacao-tamanduatei.shtml
Se a gente não reclama, ninguém faz nada!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Experiência como cadeirante

Gente, olha que bacana esse relato que a Taísa Giannecchini, de São Paulo, me enviou. É um olhar de uma pessoa "normal" sobre o mundo de quem vive em uma cadeira de rodas, através de uma experiência que ela passou. Se todos passassem por isso, acabava o preconceito e aumentava a preocupação de todos com a acessibilidade. Uma bela lição.

"Olá pessoal do Blog,

Meu nome é Taísa, tenho 38 anos, sou fonoaudióloga e moro em São Paulo com minha família há 15 anos.
Na última 4ª. feira, dia 03 de novembro, realizei uma cirurgia no joelho e, conforme o esperado, não posso andar pelos próximos 15 dias.
Acostumada à correria do dia-a-dia, comecei a enfrentar meus primeiros fantasmas: ficar parada, depender dos outros, esperar. Só este exercício já me fez avaliar melhor como seria a vida de um cadeirante e como principalmente no início, a adaptação incluiria outros fatores.
No sábado tive uma brilhante ideia: vamos ao Shopping passear e eu usarei uma cadeira de rodas! Todos prontos e arrumados, empolgados pela “aventura”, chequei pelo site se o Shopping escolhido por nós, o Villa Lobos, tinha este serviço de empréstimo de cadeiras. Informação confirmada, partimos.
Com relação ao Shopping, posso dizer que meu atendimento foi perfeito: funcionários atenciosos, vaga reservada para o carro e rampas disponíveis por todo lado.

Passamos uma tarde maravilhosa! Entre livros, jogos e um bom cafezinho, eu estava muito feliz, brincando com meu filho de 6 anos, trocando idéias com minha mãe e recebendo carinho e cuidados de meu marido! Ou seja, nada mudou pelo simples fato de eu estar sentada numa cadeira de rodas. Mas eu me surpreendi com a reação das pessoas e com a falta de preparo do mundo para encarar os cadeirantes, recebê-los e atender as suas necessidades. Recebi muitos olhares tristes, desconfiados, preconceituosos, como se não fosse possível uma jovem ser feliz em uma cadeira de rodas. Eu me senti observada e “estranhada” pelas pessoas ao meu redor. Tive vontade de gritar: “Tem um ser humano FELIZ aqui”!
Terminei meu passeio transformada. Quero lutar pela acessibilidade e principalmente pelo bem estar emocional dos cadeirantes e de qualquer deficiente.
Espero muito que o relato desta experiência ajude outras pessoas e autoridades a criar condições favoráveis à acessibilidade.
Se houver outra forma que eu possa ajudá-los, ficarei muito feliz.
Um grande abraço.

Taísa Giannecchini"

Parabéns à Taísa pela linda família e obrigado por compartilhar conosco estes momentos! E por ter uma opinião tão humana de nossa condição.

sábado, 6 de novembro de 2010

Exercícios novos na Hidro

Após alguns anos de experiência, identifiquei alguns aspectos pra diferenciar uma boa fisioterapeuta de uma ruim. Pra mim, a boa profissional deve buscar o máximo de informação possível sobre o paciente e identificar os movimentos e exercícios que trazem mais resposta e que deixam o paciente mais confortável, confiante e animado. Confortável nem tanto, pois minha teoria ainda permanece: fisioterapeuta só fica satisfeita se ver água descendo do paciente, portanto, se você não estiver suando, é melhor chorar. (kkkk)
Voltando às características, para encontrar os exercícios certos, deve ser criativa. E eu dou muita sorte com esse povo, tudo gente boa e super competente. Minha atual fisioterapeuta, ou melhor, uma delas, a Marcela, é tão criativa que assusta. Nas últimas sessões ela tentou me colocar de pé na piscina sem as talas. Tirou a cadeira do elevador, pisou nos meus pés e me puxou. Claro que não tenho força pra me sustentar, mas só o fato de tentar já estimula a musculatura e sinto até alguma resposta.
Pra completar ela me coloca sentado, trava as pernas e faz com que eu puxe a barra que ela segura, fazendo o mesmo tipo de força. Sinto também alguma resposta, e consigo me sustentar alguns segundos. São ótimos exercícios, mas cansam pra caramba. Tanto que combinei com ela que os últimos cinco a dez minutos são pra relaxamento, pra descansar os músculos. O problema é que dá um sono depois, dá vontade de ficar lá o resto do dia.
Outra coisa legal é que sempre me divirto nessas sessões, apesar de ter hora que dá vontade de afogar ela (eu já tentei algumas vezes), mas esse é mais um componente fundamental de uma boa fisioterapia. Aproveito pra mandar um grande abraço pra Andrezza, minha ex-fisioterapeuta. Aproveito também pra postar o vídeo do curso que a Joyce deu lá, no qual eu tive uma participação especial:

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Salão do Automóvel


Nesse fim de semana fui num evento que me fez virar criança de novo: o Salão do Automóvel de São Paulo, no Anhembi. Não foi a primeira vez, estive no de 2008 e na Bienal que acontece aqui em BH. Mas este foi especial, a quantidade de super carros e lançamentos fez história, nesta que é a 50ª edição. Além disso, fiz valer um direito de deficiente que me proporcionou uma experiência inimaginável em outros tempos.
Só que fui num dia nada recomendável para um cadeirante: o primeiro sábado, na parte da tarde, o dia e horário mais lotado de todos. E num lugar em que todo mundo está de pé, não é nada fácil chegar perto dos carrões, pois nos estandes mais exclusivos os carros ficam em cercadinhos, a alguns metros do público.
Na foto acima estou em frente à Ferrari 599 GTO, a mais rápida fabricada pela casa de Maranelo. São 670 cavalos num motor 6.0 V12 que a leva a incríveis 335 km/h. Quem já foi ao salão pode estar se perguntando: como tirar uma foto tão perto de uma máquina exclusiva destas se o cara nem é jornalista? Taí o direito que mencionei: eu estava tentando chegar perto do cercadindinho pra ver as Ferraris, me espremendo no meio do povo, passando em cima do pé de alguns (desculpe aí, heim), quando o segurança me deu a ideia genial: pedir pra entrar no estande. Como sou cara de pau demais, adorei a ideia, e corri pra lateral, onde tem uma entradinha com rampa. Fiz cara de cachorrinho pidão e chorei com o segurança:
- Ô moço, não consigo ver os carros, será que dá pra liberar aí?
Não é que ele deixou mesmo? Achei uma delicadeza do pessoal de lá, e realizou o sonho de uma criança grande. Depois disso chutei o balde (cadeirante chutando, é ótimo...), fiz a mesma coisa na Lamborghini, como podem ver na foto abaixo (mesmo com uma camisa da Ferrari... rsrs). Olha só que máquina!! Ah, o carro também é muito bonito.


Um dos carros que eu mais esperava conhecer lá era o Bravo, da Fiat. O carro é lindo mesmo, mais do que eu esperava, e o porta-malas é maior que o do Stilo. Já vão lançar com câmbo Dualogic, porém pra que possamos comprá-lo, uma lei tem que cair por terra: o limite de potência. Hoje, até onde eu sei, só conseguimos comprar um carro com isenção se a potência não ultrapassar 127cv. E o Bravo começa em 132cv. Já passou da hora de atualizar essa lei, hoje em dia até carros 1.0 estão chegando nos 100cv, esse limite nos deixa com cada vez menos opções. Não consegui entrar no Bravo pra fazer o "teste de entrada", pra ver a dificuldade ao passar da cadeira pro banco, pois ele estava em uma plataforma estreita, não ia dar pra equilibrar a cadeira.

Bravo!! Bravo!! Mas não resisti a entrar no Mercedes C63, apesar de ser meio apertadinho. Mas valeu o esforço! Só faltou a adaptação... E dinheiro pra comprar um desses...


E os carros adaptados? Infelizmente só vi de duas marcas, Honda e Nissan. E em carros que já avaliei aqui, um Fit e um Livina, portanto não vou me estender falando sobre eles, é só clicar nos nomes pra ler as avaliações. Os dois tinham cadeiras de rodas no porta-malas, mas ambos deram mole: se colocassem cadeiras monobloco, dava pra colcá-las montadas, demonstrando mais ainda a praticidade dos carros.

Quem quiser ver mais fotos que tirei no salão, é só clicar aqui.