quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O exemplo que vem de Vitória

Mulher andando em calçada cidad~

Acessibilidade no interior, falta dela na capital... Mas será que tem alguma iniciativa pra melhorar isso por aí? Semana passada descobri que sim. Encontrei com o Adriano, um amigo que trabalha na Globo (não, não é ator) e ele me falou sobre uma iniciativa da Prefeitura de Vitória-ES chamada "Calçada Cidadã", um projeto de acessibilidade para os pedestres voltado, sobretudo, para atender às pessoas portadoras de necessidades especiais (gestantes, idosos, cadeirantes, entre outros). O projeto prevê a padronização das calçadas para dar segurança, conforto e autonomia na mobilidade, garantindo assim o direito de ir e vir das pessoas, conforme determina a legislação federal e municipal.
A calçada cidadã possui a faixa de percurso seguro, ou seja, plana, sem degraus, sem obstáculos e não escorregadia, e a de serviço, na qual se concentra todo o mobiliário urbano (árvores, postes, orelhões etc). A faixa de serviço é marcada com piso podotátil, diferenciado para identificar área não segura para caminhar, principalmente para os portadores de deficiência visual.
Como as calçadas são de responsabilidade dos proprietários dos imóveis, a Prefeitura de Vitória trabalha com a conscientização dos moradores sobre a importância de construir, recuperar e mantê-las. Apesar de ser responsabilidade do proprietário do imóvel, qualquer serviço de construção, reconstrução ou manutenção de calçadas deve ser comunicado à Prefeitura. A administração é responsável por executar e manter em bom estado as calçadas em orlas, praças e canteiros centrais de avenidas.
O Plano Diretor Urbano (PDU) também determina que todos os novos empreendimentos aprovados na cidade sejam construídos nos moldes da calçada cidadã.
pedreiro assentando piso na calçada cidadã
As calçadas que se encontram fora do padrão estabelecido por lei são alvo de fiscalização, que pode intimar o proprietário a fazer as adequações necessárias. Se para atender à legislação forem necessários serviços preliminares, como recomposição de meio-fio, ou a poda de raízes das árvores, a fiscalização encaminha pedido aos setores responsáveis.
Caso o proprietário do imóvel necessite interditar a calçada para fazer a reforma, além de comunicar a obra à Secretaria de Desenvolvimento da Cidade, deve também pedir a autorização para a interdição parcial ou total da calçada à Secretaria de Infraestrutura Urbana e Transporte (Setran).

Fantástica essa iniciativa, cerca de todos os ladomas o que faz com que funcione mesmo é a fiscalização, que garante o cumprimento das normas. Um projeto para ser copiado pelo Brasil a fora, para garantir um mínimo de conforto pra todo mundo, independente de ser deficiente ou não.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Falta de acessibilidade na capital

Engraçado falar sobre iniciativas de acessibilidade no interior e dar de cara com lugares inacessíveis na capital. Mas foi o que aconteceu comigo semana passada. Resolvi tomar uma cervejinha e comer um peixe no Surubim na Brasa, famoso restaurante de BH do qual sou cliente há anos. Só que desta vez resolvi conhecer a unidade da Avenida Getúlio Vargas, 823, já que eu sempre vou no da rua Alagoas. Imaginei que sendo em local mais central não teria problema com acesso, mas me enganei.
O da rua Alagoas é no nível da calçada, mas não tem banheiro acessível. O da Getúlio deveria pelo menos ter acesso. Deveria. Não é que chegando lá dou de cara com dois degraus? Pior é que um deles foi fabricado e colocado lá para diminuir o tamanho do esforço de quem chega. Pensaram em melhora o acesso, mas nem pra fazer uma rampa logo de uma vez e tornar o acesso universal? Ou pelo menos fizessem uma rampa pra colocar por cima dos degraus. Mas o que falta, no fim das contas, é a danada da consciência social, um mínimo de bom senso para atender a todos.
Mas ainda tenho esperanças, ainda vai chegar um dia em que os órgãos competentes tomarão iniciativas para inclusão de todos, em todas as situações possíveis, mas principalmente para exercermos um dos mais belos direitos da humanidade: o de tomar uma cervejinha...

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Acessibilidade no interior

Nesse fim de semana peguei o caminho da roça, fui visitar a sogra no interior, e como ela não estava em condições de cozinhar (infelizmente), já que tinha feito uma cirurgia tirou uma hérnia (felizmente ela já está bem). Portanto, resolvemos almoçar em Viçosa. Que eu me lembrasse, não tinha nenhum restaurante adaptado, mas eu já tinha saído da cidade há cinco anos. Liguei pra um amigo e ele citou um restaurante que ele sabia que tinha rampa, o Pau Brasil (nomezinho estranho pra restaurante...) Engraçado é que me lembrava só de escada nesse restaurante, mas não é que coloocaram uma rampa mesmo? E até banheiro adaptado tem, de acordo com informações do meu amigo, pois não consegui conferir porque estava fechado. Pleno sabadão e um restaurante desses fechado. Só na roça mesmo...
Fui então em busca de outro, e não é que achei? Um restaurante novo, bem no centro de Viçosa, chamado "Excellencia Grill" (não sei pra que tantos "eles"). Tem uma grande rampa na frente, mas banheiro adaptado que é bom mesmo, nada. Mas já é um avanço, uma cidade do tamhanho de Viçosa se preocupando com acessibilidade. Meu amigo esclareceu que o código de obras da cidade tem exigido o acesso pra dar o "Habite-se". Um grande avanço pra inclusão de todos. Ah, e as porções são ótimas, comi umas carnes, coraçãozinho, queijo quente e uma cervejinha gelada pra acompanhar. Almoçar que é bom, nada...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Primeira "virada" com a M3

Desde que comprei essa cadeira, achei ela meio perigosa devido ao centro de gravidade ficar mais embaixo. Isso deixa ela mais ágil e fácil de manobrar, mas a probabilidade de virar pra trás é maior. Por isso não é tão recomendável ficar empinando demais, e mesmo quando a gente empina, empina pouco, pois chega ao ponto de equilíbrio rápido.
Eu sempre mandei bem na empinada, aprendi naquelas cadeiras X e andava pra todo lado empinando. A vantagem de empinar é mudar o ponto de pressão e descansar o corpo (ou melhor, agumas partes do corpo). Na M3 também aprendi rapidinho e nunca tive problema. Mas eis que segunda passada fui dar uma lavagem geral no carro e resolvi esperar ficar pronto, o que ia demorar uns 45 minutos. Passei pra cadeira e fui pra área de espera, que tinha um sofá e banheiros. Pra variar, o banheiro não era adaptado, mas mesmo assim resolvi tentar entrar de ré, pois a porta parecia larga. Eram dois banheiros, um masculino e um feminino, mas tinha um pequeno degrau.
Desci de ré e tentei passar na porta, e por pouco não deu. Mas pra voltar, o espaço era meio apertado, e não consegui fazer força nas rodas. Aí tive a "brilhante" ideia: puxar pelas bordas da porta pra tentar sair de lá. Deu certo, mas a força foi tanta que virei pra trás com tudo. Tentei segurar ao máximo a cabeça, mas dei uma bela batida no chão. Nada que me deixe mais doido do que sou, acho até que melhorei um pouquinho depois disso...
Pior é que o lugar era longe, e o barulho de aspirador de pó impediu que alguém me ouvisse. Resolvi me virar. Sentei e resolvi tentar a técnica aprendida no Sarah, sentar nos pés da cadeira e ir levantando pelas laterais. Mas nesse tipo de cadeira não funciona, os pés não param porque tem uma barra por baixo, escorrega. Então me arrastei até as cadeiras que tinham lá, puxei uma mesinha de revistas, me apoiei nela e consegui me erguer até sentar na cadeira. Dali pra minha cadeira foi fácil. Mas ficou a lição de nunca mais tentar sair daquele jeito. Ficou também um pequeno galo na cabeça...

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Fisioterapia em casa

Esses dias recebi uma consulta sobre fisioterapia em casa. Quem me perguntou foi o Sérgio, ele queria saber se eu teria alguma indicação de fisioterapeuta que atende em casa e se o custo é alto. Lembrei-me do início da minha recuperação, com atendimento em casa. É uma ótima forma de começar, pois minimiza o esforço e ainda possibilita aos familiares ou esposa/namorada acompanhar o processo e aprender junto com o lesado medular como seu corpo vai reagir à fisioterapia.
Porém não tem a aparelhagem de uma clínica, nem outras opções de profissionais. Mas um bom fisioterapeuta contorna isso e com pouco investimento o lesado adapta um pouco sua casa para a fisioterapia. Com terabands (faixas de elástico), bolas, faixas e usando móveis da casa dá pra fazer a maior parte dos exercícios necessários. E hoje em dia já existem aparelhos portáteis que dão conta do recado. Outra vantagem é que o fisioterapeuta identifica as reais dificuldades e as necessidades do paciente em suas atividades da vida diária, desta forma o tratamento é personalizado.
O problema é o custo... principalmente se a pessoa não tiver plano de saúde. Eu fizm por um ano e meio em casa porque consegui entrar no sistema "home care" do meu plano, e mesmo depois que acabou o plano eu paguei mais uns meses até passar pra clínica. Na época, pagava em torno de 30 reais por seção de uma hora, isso porque negociei muito com o fisioterapeuta. Isso já faz um bom tempo, hoje o valor deve estar ainda maior. Esse é mais um motivo de ter plano de saúde, o bom é não precisar usar, mas se precisar...

sábado, 16 de outubro de 2010

Experiência com Guidosimplex

Minha amiga Sandra, de Petrolina, que já deu alguns depoimentos aqui no blog nos presenteia com mais um. Há uns seis meses ela estava na luta pra trocar seu carro, um Fiesta com embreagem automatizada. Depois de muito pesquisar e pedir opiniões, resolveu comprar o melhor do mercado: Stilo Dualogic. Claro que ajudei a decidir, e dei uma opinião totalmente imparcial...
A Sandra comprou o carro por lá, em uma concessionária Fiat, mas resolveu adaptar aqui em Belo Horizonte, no Hélio Adaptações (mesmo lugar que adaptei meu carro). Depois de alguma negociação, optou pela adaptação com comando manual 70 graus, igual a do Palio que dirigi em São Paulo, da Guidosimplex. Na minha opinião, a melhor do mercado.
Ela combinou com a transportadora (que ia pegar o carro na fábrica em Betim) que levasse o carro primeiro à oficina do Hélio para montar a adaptação e depois o mandasse pra Pernambuco. Mas fizeram confusão e acabaram mandando o carro direto pra lá, sem a adaptação. A solução foi pedir ao pessoal do Hélio pra mandar a adaptação pelo correio e montar lá. Só que não tinha ninguém com experiência naquela adaptação...
"O jeito foi acompanhar dentro da oficina da consecionária, levar computador com imagens, convidar um amigo mecânico e ainda pedir orientações por telefone da Guidosimplex paulista. O fato do carro não ter sido adaptado em BH causou um certo rebuliço e medo dos mecânicos de mexerem no carro, mas com boa vontade, deu tudo certo. Foi o primeiro caso de adaptação de veículo que eles tiveram, depois já ligaram pedindo contato para outra pessoa, e daqui pra frente eles desenrolam." Claro que o ideal é receberem um treinamento diretamente da Guidosimplex, mas pelo menos aprenderam. Ela não chegou a mandar as fotos pra conferirem, mas disse que a adaptação está funcionando direitinho.
Reparem como dá impressão de firmeza e como os arremates são bem feitos. Vejam a opinião dela sobre o carro e a adaptação:
"Tudo bem com o carro sim, é mesmo fantástico, confortável, desenvolve bem, dá segurança. O problema agora está em mim, no velho Fiesta, com marcha e etc, eu tinha muitas dores cervicais. Com o Stilo espaçosíssimo, faltou Sandra pra todo lado, com a nova adaptação Guidosimplex, e a mão esquerda somente na alavanca, não tenho onde apoiar o braço esquerdo, para ter mais apoio nas curvas. Enfim isso me rendeu dores novas, mas aos poucos venho percebendo a lei da compensação e que a musculatura da barriga ja está reagindo, isso é muito bom! Mas ainda sinto muitas dores.
Mas a cada dia, sinto que tá melhorando, vou me adequando fisicamente às mudanças, sinto que a musculatura abdominal tá mais fortinha. Por enquanto encontrei um jeito de apoiar o cotovelo a 90º na porta do carro. Ainda estou usando a mesma Roho da cadeira no carro, mas ja esta sendo providenciado um assento mais adequado, não creio nem mais que seja necessária uma mudança no banco mesmo."
O que achei mais grave foi não ter nenhum manual sobre a instalação. Mesmo ela solicitando em BH e SP, não conseguiu nenhum material escrito, nem mesmo fotos. Faltou também interação entre a concessionária e a adaptadora, ou entre a fábrica e a adaptadora. Mas tem gente empenhada em resolver isso, estive com o Geraldo, da Automax, e o Leonardo, da Hélio, que estão com ideias e projetos para melhorar este relacionamento e atender com mais eficiência os clientes. Ações muito importates para atender essa imensa fatia do mercado, que merece ainda mais respeito e dedicação devido às dificuldades que já enfrentamos.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Rancho do Boi

Ontem fui com amigos no Rancho do Boi, um mega restaurante na saída de BH para o Rio. Frequento muito o lugar, e desta vez me surpreenderam as mudanças. Sempre que eu chegava, avisava na portaria e mesmo se o estacionamento de cima estivesse lotado eles deixavam eu entrar e procurar um lugar. Como as vagas são em 45º, era só colocar o carro colado no do lado e um pouco mais atrás pra dar espaço pra eu sair. O estacionamento é de pedrinhas com o meio asfaltado (ou melhor, mal asfaltado), de forma que a cadeira agarrava um pouco ao sair do carro mas depois rodava melhor pelo asfalto.
Mas dessa vez reservaram duas vagas pra deficiente. Só reparei isso na saída, pois quando cheguei haviam dois carros lá (não sei se eram de deficiente mesmo...). Chegando ao restaurante, há uma subida, depois uma reta plana, e aí vem uma pontezinha, que passa por cima de uma lagoa artificial. Não é muito íngrime, a Gi sozinha sempre consegue me empurrar numa boa e na descida também é fácil frear. Só que dessa vez logo que cheguei à primeira subida apareceu um funcionário se oferecendo pra empurrar a cadeira, principalmente por causa das subidas e descidas. A Gi aceitou, claro.
Chegamos na reserva de mesas e me lembrei de um episódio que passei lá que beirou o ridículo. Estava lotado, cheguei pro cara que fazia reservas e pedi pra incluir meu nome, e dar uma preferência pra conseguir uma mesa. Sabe o que o cara teve coragem de dizer? "Não precisa de preferência, afinal você está sentado". Foi uma daquelas situações em que a gente se controla pra não ser grosso, respondi que independente de estar sentado ou não minha deficiência me causa muitas dores e precisava de prioridade. Fosse hoje, eu soltava um "então vamos trocar de lugar, seu fdp".
E até nisso o lugar, felizmente, mudou muito. O cara que me empurrava já mobilizou outros dois e me passaram na frente, e em dois minutos eu já estava na mesa. Felizmente a consciência chegou naquele lugar, pois adoro as carnes e o ambiente de lá, apesar de tocar algumas músicas sertanejas de vez em quando...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Time de Rugby em cadeira de rodas de BH

O Rugby Rodado – Edição Especial

Recebi esses dias um e-mail do Marcel, cadeirante daqui de BH, que me contou sobre o time de Rugby em cadeira de rodas que ele participa. O pessoal é bem estruturado, tem uma turma bacana, vejam na matéria abaixo, que eles publicaram no site BH Rugby:
http://www.bhrugby.com.br/2010/09/23/o-rugby-rodado-edicao-especial/
É um grande incentivo à prática de esportes e uma prova de que não tem limites pra nada, desde que a pessoa tenha força de vontade. Parabéns ao pessoal do Rugby Rodado!!!

sábado, 9 de outubro de 2010

Depoimento

Semana passada foi a semana de prevenção e segurança no trabalho na empesa em que trabalho. Entre as palestras programadas, estava prevista a de um policial sobre acidentes de trânsito. Como encaixava-se no contexto, o pessoal da gerência de logística me pediu pra dar um depoimento sobre o acidente que sofri, pra servir de alerta pra todo mundo. Apesar de não ser tão fã de falar em público, concordei.
Antes do meu depoimento, a gerência apresentou as estatísticas dos veículos da empresa, e a maior parte das multas aplicadas foram por excesso de velocidade. Peguei daí o gancho e falei como minha imprudência e desrespeito ao limite de velocidade causaram meu acidente. Foi bem tranquilo, passei o recado e o pessoal elogiou e agradeceu bastante depois.
Mais tarde, apresentamos a prova final da gincana: um teatro de fatoches sobre a segurança no trabalho. Fiquei posicionado atrás do "cenário", enfiei a mão por baixo e fiz um dos bonequinhos (dá pra ver a roda lá atrás?). Foi bem engraçado, todo mundo riu muito. Depois ainda emendamos uma paródia de uma música sobre a situação retratada na "peça" e levamos nota máxima na prova!. Pena que nas outras provas fomos superados e ficamos em segundo lugar no geral. Mas foi bem divertido!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Primeiros testes com células tronco no Brasil

Ontem no Jornal Nacional me impressionou uma reportagem sobre os primeiros testes com células tronco em pacientes paraplégicos. Confiram aqui a reportagem:
http://g1.globo.com/videos/jornal-nacional/v/testes-com-celulas-tronco-em-paraplegicos-comecam-a-ser-feitos-na-bahia/1351782/#/Edições
As pesquisas estão avançando mais rápido do que eu imaginava. Boas notícias pra nós, lesados medulares.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Proibido Cadeirante

Se tem uma coisa que sempre detestei foi dar trabalho pros outros. Claro que ninguém vive sozinho nem consegue tudo sozinho, mas é diferente receber uma mão ou uma pequena ajuda de mobilizar meio mundo só pra resolver um problema seu. Mas uma vez na cadeira de rodas, aprendemos que dar trabalho aos outros é uma constante e infelizmente uma necessidade para exercer o mais básico direito: ir e vir.
Eu não ia escrever sobre isso, pra não passar por reclamão, chato, etc, mas como um dos objetivos deste blog é dividir experiências e dar dicas para levarmos uma vida melhor numa cadeira de rodas, aí vai.
Na sexta feira passada, primeiro de outubro, dia do meu aniversário, passei uma das maiores raivas desde que fiquei paraplégico e virei cadeirante. Justamente nesse dia estava acabando um evento realizado pela empresa em que trabalho, e depois de três dias participando de gincana, recebendo teatro dentro da empresa e assistindo palestras, foi programado um churrasco de confraternização e jogo de futebol entre os empregados. O local escolhido foi uma quadra localizada no Barreiro, um bairro muito longe da sede da empresa. Avisei para as organizadoras que iria ao evento, até ofereci meu carro para dar carona a quem precisasse, e elas confirmaram que não haveria problema. Não perguntei diretamente se haveria acesso, mesmo porque no último evento organizado pela empresa tive alguns incômodos e comuniquei a todos, pedindo mais atenção quanto à acessibilidade no próximo evento.
Saí da empresa às 18:00 levando dois colegas comigo. Eu havia visto o mapa na internet, mas não sabia exatamente como chegar lá, mas fomos na coragem mesmo. Pegamos bastante trânsito, meu celular (que tem GPS) não estava funcionando bem, mas perguntando pra um monte de gente conseguimos chegar lá depois de uma hora e meia no trânsito. Detalhe: eu resolvi comemorar meu aniversário com meus colegas de trabalho mesmo sabendo que meu irmão tinha chegado de São Paulo à tarde e ido pra minha casa encontrar meus pais, que lá estavam desde quarta feira. Como já tinha combinado encontrar os parentes no sábado, achei que seria legal tomar uma cerveja com o pessoal do trabalho na sexta.
Mas chegando lá, começou a decepção. Em primeiro lugar, não reservaram um estacionamento pra mim, nem mesmo um cone segurando uma vaga mais larga, já que na região não há estacionamento reservado pra deficiente. Parei o carro num estacionamento em frente que já estava lotado, saí e pedi a um dos colegas pra acabar de estacionar o carro, atrás de um outro, numa vaga apertada. Atravessamos a avenida e dei de cara com uma escadaria de uns vinte degraus, o que já me desanimou. Cogitei ir embora, mas veio um monte de gente ajudar e incentivar e acabei aceitando. Juntou quatro pra me carregar escada acima, me segurei na cadeira e chegamos lá em cima. Mas quando fui tocar a cadeira pelo estreito corredor que fica ao lado da quadra, me deparei com mais um obstáculo: os postes da quadra ficam na lateral do corredor, e a cadeira não cabia. Sugeriram pegar uma cadeira de plástico, eu passaria pra ela, depois voltaria pra minha cadeira. Mas como eram dois postes distantes, e a cadeira que conseguiram era sem braços, e a essa altura eu já estava ficando puto por não terem se preocupado mais uma vez com o acesso, resolvi ir embora.
Não sou chato, não ligo de fazer esforço pra estar com os amigos se tiver gente disposta a ajudar, mas achei demais essa situação. Pior foi voltar sozinho, pegando trânsito, e sem conhecer o lugar. Passei por locais super estranhos, escuros e com gente esquisita. Só consegui encontrar o caminho de volta porque o GPS voltou a funcionar.
Lugares como aquele deviam ter uma placa como aquela lá em cima, não dá nem pra tentar colocar um cadeirante lá dentro, a não ser carregando no colo. A lição é essa: quando for a algum lugar, certifique-se bem, mas bem mesmo, se há acesso pra cadeira de rodas. Mas não deixe de sair, minha regra é: até quatro degraus, se tiver dois pra ajudar, tô dentro!!!

sábado, 2 de outubro de 2010

Eco Spa

Domingo passado fui para um Spa ecológico em Itabirito, a 52 km de Belo Horizonte. Saímos no domingo de manhã, já que a diária era de 9 às 9, e voltamos na segunda feira de manhã. O lugar chama "Outeiro de Minas Eco Spa", é localizado a 1.150 m de altitude e o visual é simplesmente fantástico, pra que curte Minas, como eu, é de encher os olhos, o "mar de morros" de perder de vista. Apesar de ser quase tudo grama ou terra, o Spa tem essa prática "passarela"  feita de pedra que dá pra rodar por toda a parte externa com a cadeira.
O quarto é uma casinha germinada, me avisaram que não era "totalmente adaptado", mas deu pra quebrar o galho. O ponto negativo é só mesmo o vaso, que fica num "bequinho" e não tem barra para apoio nem é mais elevado, como é recomendável, mas como era um dia só não precisei usar o vaso. O banheiro é bem grande, e dá pra chegar com a cadeira quase dentro do box, consegui tomar banho sentado em uma cadeira de plástico, sem problemas.
Tem uma piscina coberta, onde dão aulas de hidroginástica, uma piscina de hidromassagem ao ar livre, uma delícia, e alguns "bangalôs" com bancos e poltronas para curtir o visual. Oferecem também programas como caminhadas (que não participei por motivos óbvios), exercícios, massagens e banhos. Compramos um banho em maracujá e sais, meio caro mas que valeu a pena. Eles tem vários quartinhos para essas atividades, fomos pra um deles e entramos numa banheira de hidromassagem de casal. Pra entrar, foi fácil, passei da cadeira pra beirada da banheira, coloquei os pés e "escorreguei" pra dentro d'água. A banheira tem luzes por baixo, a água fica meio verde, e tinha gelatina de maracujá e sais minerais. É bom que dá pra levar um canudinho e ir tomando a água...
Depois do "banho", vem uma massagista e faz uma bela massagem com um creme à base de maracujá. Depois disso, se o cara estiver estressado, vai sair calminho, calminho. Foi bem relaxante, mas tive que receber a massagem na cadeira mesmo, pois a maca é muito alta.
A hidromassagem ao ar livre também é uma delícia, passamos um bom tempo lá curtindo a natureza, e me fez muito bem. A comida, apesar de natureba, é muito bem feita e diversificada, uma delícia. Tirei aquele preconceito de que Spa é coisa pra gente gorda, na verdade é um lugar excelente pra relaxar e curtir a natureza, fugindo um pouco da loucura da cidade grande. Recomendo!!

Aniversário

Ontem foi meu aniversário, mais uma primavera, ou como dizem uns, mais uma abobrinha colhida. No meu caso abobrinha é mais adequado, considerando as que falo...
Bem, até agora foram 37 anos muito bem vividos, 4 deles na cadeira de rodas (mais de 10%).
Tenho muita história pra contar, vivi muitas aventuras e a cada dia estou mais feliz!
Adoro meu trabalho, amo minha namorada e minha família, tenho dezenas de amigos (alguns "do peito"), saio bastante e viajo com boa frequência, tenho alguns bens que me satisfazem e a cada me sinto mais feliz e realizado.
Acho que tô indo bem, espero continuar assim...

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