sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Multi Lift

Uma operação que é sempre delicada para um cadeirante é a transferência. Mesmo quem tem os membros superiores preservados e fortes, há uma série de cuidados a serem tomados. Por experiência própria, foi devido a transferências mal feitas que abriu a primeira escara em mim, e até hoje estou tentando fechá-la, principalmente porque as transferências ainda demandam atenção e nem sempre tem como evitar contato com objetos ou a própria cadeira.
Mas e quem tem pouca ou nenhuma força nos braços? E mesmo quem tem alguma força, na maioria das vezes não consegue manter-se durante uma transferência e acaba sofrendo um acidente no caminho.
Para este público a Cavenaghi tem o Multi Lift. É um guinho portátil que pode ser usado em vários ambientes, basta instalar as bases. Concebido inicialmente para as transferências para dentro de veículos de pequeno porte, ele já é usado em residências nos quartos, banheiros e onde mais for necessária uma transferência segura e sem esforço. Basta instalar as bases nos locais necessários e montar o Multi Lift na hora da transferência, uma operação simples e fácil.
A grande vantagem do mecanismo é ser leve e portátil, pode ser guardado em uma maleta que facilita seu transporte e é instalado com facilidade nas diversas bases possíveis. Funciona com eletricidade e pode ser ligado ao acendedor de cigarros do carro ou na tomada com um transformador. É a solução para quem tem dificuldade de trasferências. Em Belo Horizonte, maiores informações na oficina Pinguim, pelo tel. (31) 3344-5800.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Importância do ortostatismo


Um dos maiores benefícios que eu senti no hospital Sarah foi voltar a ficar de pé, depois de seis meses sentado e deitado. Isto foi possível devido ao ortostatismo, palavrinha diferente que significa "posição de pé". Lá há um aparelho que "guincha" literalmente o lesado e o coloca de pé. É amarrada uma tira nas costas e quadril do paciente, no corpo do aparelho há um local onde o joelho é apoiado e fixado, e por um comando eletrônico o paciente é guinchado até a posição de pé. Existem também camas que amarram o paciente e se elevam até ficar de pé.
A primeira vez que fiquei de pé foi uma sensação deliciosa depois de tanto tempo sentado, ver novamente as pessoas no mesmo nível (no meu caso, um nível acima) e sentir o corpo apoiado sobre as pernas e pés. Além de ser bom pra mente tem importância clínica fundamental para o lesado medular.
O ortostatismo é importante para prevenir osteoporose por desuso, já que os ossos das pernas não tem mais a função de sustentar o corpo e não se movimentam com a frequência usual. A osteoporoso pode causar perda óssea, o que pode ser um problema futuramente caso recupere funções motoras dos membros inferiores.
Melhora tembém as funções urinárias e intestinais, prevenindo infecções urinárias e fecalomas (endurecimento de fezes). Contribui também para redução da espasticidade. E ainda torna possível fazer alguns exercícios de fisioterapia impossíveis em outras posições, melhorando assim o controle de tronco. Traz benefícios também para a circulação.
Mas não é necessário um aparelho para colocar o lesado medular de pé. Ainda no Sarah foram feitas talas para minhas pernas, sob medida, o que me possibilita ficar de pé em qualquer ambiente que tenha um lugar firme para puxar com as mãos e me segurar. É importante ter sempre alguém por perto no caso de algum desequilíbrio. Isto é fundamental porque nos primeiros momentos em que se fica de pé são comuns tonteiras fortes, e é necessário sentar novamente, esperar um pouco e voltar a subir.
Fisioterapeutas recomendam ficar de pé pelo menos cinco vezes por semana por uma hora. Porém, antes de ficar de pé por conta própria, o lesado medular deve fazer uma série de exames para saber se não comprometerá ainda mais sua saúde. Conheci algumas pessoas que não podiam fazer o ortostatismo por problemas no fêmur ou no quadril. Só mesmo com o aval de médicos e fisioterapeutas o lesado medular pode iniciar sessões de ortostatismo. E tornar este um hábito frequente.

sábado, 22 de agosto de 2009

Escara: todo cuidado é pouco

Três anos sem escaras, sempre com muito cuidado com as mudanças de decúbito, e um machucado devido a uma raspada na trava da porta do carro se transformou na minha primeira escara. Fui ao hospital, iniciei acompanhamento médico e troca de curativo todo dia, até que numa das trocas de curativo o esparadrapo, que foi reforçado com Benjoin, arrancou parte da pele, bem superficial.

Mesmo eu tendo muito cuidado e procurando ficar sentado o mínimo possível, o machucado do esparadrapo virou a segunda escara. Como esta era mais embaixo, evoluiu rápido e cresceu, demandando ainda mais cuidado com a posição. Deixei de ir a fisioterapia, deixei de sair de casa quase uma semana, permanecendo a maior parte do tempo de bruços, e consegui que as escaras se fechassem bastante, sumindo a parte necrosada e iniciando a cicatrização completa, até que a de cima era só casca e já estava sumindo.
Mas eis que na quarta feira passada, saindo da fisioterapia, na hora da transferência para o carro, o vilão da primeira escara entrou em ação de novo: deu um espasmo nas pernas e ralei as costas na trava do carro, onde a porta se encaixa, mais uma vez. Aí junta o movimento, meu peso e a velocidade em que eu entrava. Pelo menos não foi fundo, mas arrancou um grande área de pele e sangrou bastante. E agora, mais uma luta para fechar de novo e não virar escara. Estou colocando curativo e pomada de 12 em 12 horas e permancendo de bruços.

O problema comigo é que minhas pernas são muito compridas e o espaço para entrar no carro é sempre insuficiente. Quando tem alguém comigo já aprendi a evitar, é só a pessoa colocar a mão na trava da porta que evita machucar, mas quando estou sozinho não tem jeito. O negócio é continuar tomando cuidado, cada vez mais. O problema maior é que quanto mais machucado, mais a pele fica sensível e passível de voltar a machucar. No fim das contas, evitar as escaras é fundamental para continuidade da qualidade de vida, e muitas vezes, continuidade da própria vida.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Táxi acessível chegando a Minas

Hoje de manhã estive na oficina Pinguim, representante da Cavenaghi em Belo Horizonte, e responsável pela instalação de diversos sitemas adaptados para deficientes. Participei de uma matéria gravada para a Rede Record, que deve exibir amanhã à noite, no programa MG Record, às 19:15, sobre as dificuldades que os cadeirantes enfrentam em Belo Horizonte e a iniciativa do Táxi Acessível, que está para ser implantado aqui na cidade. Eu já havia escrito sobre este táxi, que já roda em São Paulo e no Rio de Janeiro, neste post, e fui conhecê-lo de perto.
O sistema é extremamente seguro, há diversos itens para garantir a segurança do cadeirante tanto durante a elevação pela plataforma quanto durante a viagem. Antes mesmo de subir na plataforma é anexado pelo operador um apoio de cabeça à cadeira de rodas, para evitar o efeito chicote em caso de colisão ou freiada brusca, conforme visto na foto abaixo. O equipamento é adaptável a qualquer cadeira de rodas.
Na plataforma de elevação há proteções na frente e atrás e ainda hastes para que o cadeirante se segure. A plataforma é operada por dois botões, para evitar o fechamento completo acidental. No primeiro estágio ela se eleva à altura do assoalho e trava para que a cadeira seja conduzida ao interior do veículo e no estágio seguinte, operado por outro comando, ela fecha completamente.
Dentro do veículo há trilhos que servem de suporte para as travas que seguram a cadeira, que são iguais às usadas pelas empresas de aviação para prender as cargas nos aviões, portanto muito seguras e resistentes. São quatro pontos de apoio que se ligam por ganchos à estrutura da cadeira de rodas e ainda podem ser apertados e travados.
Para completar a segurança há um cinto de três pontos totalmente regulável e adaptável, deixando o cadeirante completamente seguro e estável. O teto do veículo também é mais elevado possibilitando até uma pessoa mais alta, como eu, caber confortavelmente sem se preocupar em bater a cabeça no teto. E ainda há disponível mais um assento ao lado da cadeira de rodas para um acompanhante. É um serviço fantástico, extremamente avançado com toda a segurança e comodidade que um cadeirante precisa para se locomover sem preocupações. A autorização foi dada pelo governo, resta saber se alguém vai "comprar" a idéia e investir neste serviço inclusivo.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Manobras radicais com cadeira de rodas.


É difícil opinar neste tipo de "atividade", pois eu sempre curti esportes radicais, sempre adorei adrenalina, nunca tive muito medo de arriscar, mas foi essa falta de medo que me deixou paraplégico. Portanto, os argumentos que eu sempre usei favoráveis aos esportes radicais, como a emoção, a sensação de superação de limites e a descarga de adrenalina no sangue, que provoca sensação de êxtase e felicidade, soam um pouco fúteis perto da consequência que a falta de responsabilidade me causou. Mas aí é que ainda encontro argumento para defender esportes radicais e emoções: feito com responsabilidade e segurança, a probabilidade de ocorrer acidentes é minimizada.
Mas ainda assim me assusto um pouco vendo esses meninos praticando "Hard Core Sitting" - Extreme Wheelchair, ou em bom português "manobras radicais em cadeira de rodas". Não que eles não façam com segurança, usam capacete e roupas de manga comprida, mas é que uma pessoa que já sofreu um acidente (ou levou uma bala) e ainda se arrisca mais, sabendo do quanto pode piorar sua situação, acho um pouco de irresponsabilidade. Mesmo porque a pessoa está amarrada na cadeira de rodas, em um tombo a chance da cadeira virar por cima e machucar ainda mais o indivíduo é grande. De qualquer forma eu não condeno, se eu tivesse ficado paraplégico mais novo não duvido que eu buscasse este tipo de aventura. Mas tem que ter muita, muita responsabilidade pra não ultrapassar os limites e provocar mais uma desgraça na vida já sofrida de um cadeirante. E também tem a questão da inclusão, para esses garotos é uma forma de se integrar e participar das atividades normais desta faixa etária.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Nem hospital respeita cadeirante

Todo mundo conheçe o ditado "quanto mais eu rezo, mais asombração aparece". A cada dificuldade para um cadeirante que encontro nas ruas da cidade me lembro deste ditado. E o pior é que cada desrespeito é mais absurdo que o outro. A bola da vez é o Hospital Belo Horizonte, um dos mais conceituados e tradicionais da cidade. Já tem um tempo que eu gostaria de externar minha indignação, mas semana passada foi a gota d'água.
O problema é estacionamento para deficiente físico. O hospital conta com um estacionamento amplo, com vagas específicas para cadeirantes, mas que é terceirizado. E os preços são absurdos. Precisei trocar um curativo nas costas e fui ao hospital, entrei no estacionamento e no lugar da vaga de deficiente tinha um carro de não deficiente. Detalhe, o lugar das vagas de deficiente é o único plano do estacionamento, o resto é todo em declive. O manobrista procurou alguém que tivesse parado há pouco tempo e conseguiu liberar outra vaga no plano, mas ao lado de uma corrente. Não aguento isso, as pessoas acham que vaga para deficiente é só um lugar marcado, não entendem que é preciso um espaço maior para abrir a porta completamente e encostar a cadeira de rodas. Mas mesmo quando a vaga para deficiente está liberada há outro transtorno. Uma delas, a que geralmente está desocupada, fica ao lado de um poste de metal. Então tenho que parar o carro torto para conseguir chegar com uma cadeira de rodas perto. E sempre o tal poste atrapalha, se não for ninguém ajudar não consigo sair sozinho não. Naquela ocasião, consegui sair do carro na marra e subi para fazer meu curativo.
Demorei uma hora e meia, voltei pro carro e sai do estacionamento. Valor? R$ 12,50. Um absurdo total. E não foi o mais caro que paguei, em uma emegência certa vez fiquei umas quatro horas e paguei 30 reais. Agora me explica: se as vagas para deficientes físicos na cidade são gratuitas para quem tem carro credenciado, porque em estacionamento fechado são pagas? Ainda mais em um hospital? Difícil entender. Difícil aceitar.
Ah, mas há as vagas para deficiente próximas ao hospital, não? Aí é que está o maior absurdo. Na busca de não ser tão lesado no bolso, quem procura uma vaga de deficiente próximo ao Hospital Belo Horizonte encontra bem ao lado da portaria principal, em uma rua paralela.
Só que a vaga fica depois de um ponto de taxi e na descida. E a rua ainda é de pedra fincada. Parece brincadeira, mas não é, as fotos estão aí para provar. É a pior vaga para deficiente que já vi na vida. Em um morro e ainda de pedra fincada. Incrível como o gênio que definiu o lugar da vaga não imaginou a dificuldade que é tocar uma cadeira de rodas em chão de pedra fincada. E na subida. Sem contar no risco que é a cadeira descer enquanto o deficiente faz a transferência, já que mesmo com os freios puxados, o peso e a posição não são suficientes. Se não houvesse ninguém para segurar minha cadeira, eu teria caido.
A solução que encontrei foi parar o carro em frente a uma padaria do outro lado da rua da entrada de emergência do hospital, em lugar proibido de estacionar, mas o único mais próximo de alguma entrada. Corro o risco de tomar multa quando vou lá, mas é o jeito para não pagar caro.
Mas como sempre não fico só no bla bla bla. Já mandei reclamação para o Hospital e para a BH Trans, que cuida do trânsito em BH. Espero sinceramente que alguma providência seja tomada neste caso.

Sobre as calçadas

É muito comum as pessoas reclamarem das calçadas e nem precisa estar em cadeira de rodas para sofrer com a péssima qualidade deste espaço público nas cidades brasileiras. Segundo a atual legislação, o proprietário do terreno ou imóvel é o responsável pela construção e manutenção da sua respectiva calçada. Algumas pessoas querem melhorá-las mas não tem informações sobre como torná-las regulares, seguras e bem cuidadas. Por isso a Prefeitura de São Paulo lançou o programa Passeio Livre, que visa conscientizar e sensibilizar a população sobre a importância de construir, recuperar e manter as calçadas da cidade em bom estado de conservação.
A cartilha do programa pode ser acessada em: http://ww2.prefeitura.sp.gov.br/passeiolivre/
Na foto acima, vemos o padrão arquitetônico adotado pela Prefeitura em pavimento de blocos intertravados, com 3 faixas: faixa de serviço (larg. mín. de 0,75m - serve para locar árvores, postes, canteiros, etc sem atrapalhar a faixa livre), faixa livre (larg. mín. 1,20m e altura livre de 2,10m - serve para o tráfego sem barreiras de pedestres) e faixa de acesso (sem larg. min. - serve para acessar o imóvel e pode abrigar placas ou vasos q não interfiram no acesso). Cada faixa tem sua função e o padrão de cores ajuda na identificação de cada uma.

Arq. Bruno R. Fernandes

Desenho Universal e Norma de Acessibilidade NBR9050

Já comentei aqui sobre o curso sobre acessibilidade que meu irmão dará em São Paulo e algumas pessoas me pediram o folder do curso, que disponibilizo no link abaixo:

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Os apertos dos elevadores

Depois de "virar" cadeirante, entre as inúmeras dificuldades já encontradas, os elevadores muitas vezes são desagradáveis surpresas. Esta aparente solução para levar um cadeirante em prédios e shoppings pode se transformar em um transtorno, já que as dimensões não são padronizadas e na maioria dos prédios residenciais eles são feitos para economizar espaço no hall e reduzir custos, portanto são os menores possíveis.
Em prédios comerciais os elevadores geralmente são maiores, seja para atender a todos, seja para acomodar mais gente, mas mesmo assim ainda há prédios que não cabem a cadeira ou cabem muito apertado, às vezes sendo necessário alguém ajudar e arrastar para o lado para que a porta feche. Há leis municipais nas principais cidades que exigem que os elevadores comercias tenham medidas determinadas pela ABNT (veja aqui a de BH), mas e os residenciais? Ficamos limitados a pouco prédios, na maioria das vezes de mais alto padrão, que possuem elevadores amplos. No meu caso ainda sofro mais, pois minha cadeira é grande, dificultando até nos elevadores maiores.
Para encontrar o apartamento em que moro eu e minha namorada procuramos mais de seis meses, e na maior parte das vezes tudo dava certo no apartamento, mas o elevador era apertado. O problema maior é que preciso de um elevador em que eu possa entrar e sair sozinho, sem ninguém arrastar a cadeira. As medidas mínimas no meu caso são 1,10m de largura por 1,15m de profundidade.
Outro problema é a porta, nos elevadores residencias são geralmente de abrir manualmente, como a porta de casa. E muitas vezes são pesadas e tem uma mola forte, dificultando aidna mais nossa vida. Poucas vezes encontrei elevadores residencias com portas automáticas, como os comerciais. O ideal seria que existisse também leis determinando medidas mínimas para elevadores residenciais, ou pelo menos as fabricantes de elevadores padronizassem estas medidas de forma a atender a todos.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Limite para compra de automóveis com isenção de ICMS sobe para R$ 70 mil

Finalmente uma boa notícia para quem é deficiente e está em busca de um carro novo. Faz tempo que eu digo aqui que o limite de 60 mil reais para conseguir as isenções na compra de um carro zero quilômetro é muito baixo, principalmente para quem tem mobilidade reduzida ou nenhuma nas pernas, caso este em que o veículo deve ser preferencialmente automático. Mas as opções de carros com este item no mercado brasileiro além de poucas, são caras. Ultimamente tem havido iniciativas por parte das montadoras em colocar veículos mais baratos com a opção de câmbio automatizado, como a Fiat com a linha Palio e a VW com o Polo I-Motion.
Os cadeirantes, porém, demandam um bom porta-malas, o que cai inevitavelmente nos veículos mais caros. E se o indivíduo ainda quiser alguns itens de segurança como ABS e Air Bag, muitas vezes ultrapassa o limite de isenção. Agora pelo menos teremos mais opções com desconto integral, que pode chegar a 30% do valor do veículo.
Leia mais aqui.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Direito de acessibilidade aos bens culturais


Minha amiga Tânia, do blog Sem Barreiras, me mandou um link para um artigo muito interessante sobre direito de acessibilidade aos bens culturais, publicado na revista Cidades do Brasil de junho.
O artigo fala sobre os artigos listados na Constituição Federal e outras leis específicas que garantem a adequação de bens culturais (museus, pontos turísticos, teatros, cinemas e afins) aos deficientes de qualquer natureza, o que se traduz em direitos exigíveis nestes estabelecimentos. Para complementar cita normas técnicas da ABNT que nomatizam estas adaptações.
É mais uma fonte de informações para quem quer garantir seus direitos sem precisar chorar nem apelar. Leia mais no link http://www.vitruvius.com.br/minhacidade/mc259/mc259.asp.

Post da minha linda maninha


MEU IRMÃO, MEU EXEMPLO
Sempre pensei em postar um texto aqui no blog do meu irmão, mas só decidi fazê-lo hoje, depois de uma noite de insônia, que passei pensando na vida... Na verdade pensei tanta coisa que acho que tenho assunto para escrever um livro...rsrsrs.
Acho que o título seria: Pare de reclamar e seja feliz!!! Isso porque eu estava pensando em como eu tenho o hábito de reclamar, vivo reclamando, do meu emprego, do clima da cidade em que moro, enfim, de tudo e de mais alguma coisa. (Ops, esqueci de me apresentar, meu nome é Karina, tenho 30 anos, sou casada, moro em São Paulo, tenho um filho de 6 meses que é a minha paixão, e claro, sou irmã do Sam). Voltando ao assunto, ontem quando eu estava reclamando do frio que faz aqui em São Paulo e do fato de eu estar aqui longe da minha família, parei para pensar em como é boa a minha vida... Realizei há pouco tempo o meu maior sonho que era o de ser Mãe, dou aulas em uma Universidade aqui em São Paulo e simplesmente amo o que eu faço, sou apaixonada pelo meu marido, enfim, não tenho motivo nenhum para reclamar e ainda assim vivo reclamando...
Aí eu percebi que ser Feliz é uma questão de escolha, nós simplesmente podemos escolher sermos felizes ou não. Há pessoas que tem todos os motivos para serem felizes e ainda assim não são, e outras que com muito pouco se sentem muito felizes. Infelizmente acho que me enquadro na primeira opção, mas espero que ainda haja tempo para eu mudar isso... Espero mesmo de coração, porque eu finalmente cheguei à conclusão de que não dá para passar a vida toda reclamando... Comecei a pensar naquelas pessoas simples, que ganham muito pouco, mas vivem sorrindo, fazem o maior churrascão na laje para festejar a inauguração do puxadinho que fizeram... E pensei também naquelas pessoas que tem muito dinheiro e vivem brigando com a família por causa dele, estressadas e tensas acompanhando as altas e baixas da bolsa de valores. Não tenho dúvidas de que o primeiro grupo é muito mais feliz, aliás definitivamente felicidade nada tem a ver com dinheiro, acho que é meio que um estado de graça, não sei, e por falar em graça, é aí que entra o meu irmão, fazer graça é com ele mesmo, como vocês já devem ter percebido.
Costumo chamá-lo de milimetricamente perfeito porque ele tem uma habilidade incrível para dirigir, nunca vi coisa igual, ele consegue colocar um carro onde cabe somente o carro, e nem uma formiga mais, é impressionante, quando eu estou no carro com ele e ele vai manobrar em uma vaga impossível de caber o carro, eu fecho os olhos e fico pensando, não vai dar, ai meu Deus, vai bater...E fico naquela expectativa de olhos fechados, esperando o barulho da batida, até que resolvo abrir os olhos e lá estamos nós, milimetricamente encaixados na vaga, é incrível!!!
Bom, mas o que eu ia falar sobre ele não era isso e sim de como ele é um exemplo para mim. Eu nunca, na minha vida, o vi reclamando de qualquer coisa que seja, ele sempre foi uma pessoa super alto astral, dessas que contagiam todo mundo ao redor dele sabe? Perto dele, eu nem consigo reclamar de nada, pelo contrário a gente ri o tempo todo quando estamos juntos... Mesmo depois do acidente, ele não se deixou abalar, manteve o mesmo bom humor de sempre, e é por isso que eu digo: Meu irmão é meu maior exemplo!!!!! Sei que a vida não é perfeita, todos nós passamos por problemas, alguns maiores, outros menores, mas o que faz toda a diferença é a nossa postura diante das dificuldades, por isso decidi que a partir de hoje vou fazer como ele, vou escolher ser feliz!!!!!!!!!!!!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Entrevista: fisioterapeuta Andrezza Rodrigues


Esta pessoa simpática e sorridente ao meu lado é a Andrezza, fisioterapeuta que está me acompanhando desde junho e foi a profissional que mais me impressionou até hoje nesta área. Extremamente dedicada aos pacientes, ela se preocupa não somente com o tratamento fisioterápico mas também com a carga psicológica de cada paciente, o que é fundamental para uma recuperação completa. Sua clínica é muito bem aparelhada e atende a diversos tipos de casos, incluindo os neurológicos. Abaixo transcrevo uma entrevista com ela abordando questões muito comuns e polêmicas envolvendo a aplicação de fisioterapia a lesados medulares.

1- Qual a importância da fisioterapia para um lesado medular?
Quando se trata de uma lesão medular, vários aspectos importantes fazem muita diferença na vida do indivíduo; como por exemplo:
- a fisioterapia evita contraturas e encurtamentos severos;
- dependendo do nível da lesão, o lesado medular pode ter uma vida mais independente, usando, assim, o próprio corpo a seu favor;
- diminui dores e espasmos musculares;
- melhora a condição cardiovascular e pulmonar em aspectos específicos e gerais;
- e, com tudo, aumentar significativamente a qualidade de vida do nosso paciente.

2- Você acredita que a fisioterpia contribui para a recuperação de movimentos nos lesados medulares?
Essa questão engloba muitas outras. Dependendo do nível da lesão, se é completa ou não, a melhora é clara e notória. Muitas vezes nos surpreendemos com o que uma musculatura bem trabalhada é capaz de fazer e o quanto é capaz de recuperar movimentos que antes eram de pouca valia ou fracos e não raros inertes. Quando um paciente sente essa mudança acontecendo no próprio corpo ele começa a entender o quanto se movimentar, alongar, fortalecer e mobilizar pode tornar a sua vida mais fácil e independente.

3- Porque é tão importante o acompanhamento de um profissional na fisioterapia?
O fisioterapeuta tem função de fazer o paciente que sofreu lesão medular ter uma melhor qualidade de vida. Para isso o profissional trabalha com intuito básico de "usar" cada músculo adequadamente- dentro do "potencial" que a lesão lhe permitir. Isso significa que quanto mais o paciente se movimentar, se transferir, melhor. E se isso for feito usando um músculo específico para cada função: tanto melhor. E este é o papel do fisioterapeuta: indicar para o paciente como deve ser "usado" o seu corpo a seu favor. Muitos pacientes podem realizar exercícios sozinhos e diariamente- como alongamentos e transferências. Mas é importante que tenham a orientação correta para que ele use os músculos, nos quais tem maior controle, de forma adequada na tentativa de realizar movimentos, diminuir a dor e a fadiga muscular.

O trabalho deve ser feito em equipe, e nessa equipe sempre digo que o próprio paciente é o membro mais forte dela. Porque é preciso muita forca de vontade sim, mas quando o indivíduo começa a ver e sentir os próprios resultados a sua vida realmente muda. Cada músculo responde de forma muito positiva, nesse momento começamos a colher frutos de todo o nosso esforço e dedicação.
Quando há uma troca de informações e tomadas de decisões conjuntas entre fisioterapeuta e paciente os resultados são ainda mais animadores.
Aproveito para parabenizar o Alessandro, paciente que me faz adimirá-lo diariamente por sua força de vontade, inteligente e de bem com a vida desde o primeiro dia de tratamento me dá sinais claros de sua recuperação e esforço. Tenho prazer em trabalhar com o Alessandro ajudando-o a formar a "sua própria equipe".

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Até o Minas Centro fica devendo

Mais um flagrante de desrespeito à acessibilidade do cadeirante em Belo Horizonte e em um local direcionado ao público: o Minas Centro, um importante Centro de Convenções que ocupa um quarteirão inteiro do Centro, entre as ruas Curitiba, Guajajaras, Santa Catarina e Avenida Augusto de Lima. Estive lá por engano, procurava um evento que na verdade estava sendo realizado no Expo Minas, mas pude identificar algumas dificuldades para um cadeirante.
Em primeiro lugar, não há vagas para deficiente físico em frente ao Minas Centro, somente nas ruas laterais e atrás. Rodei e só encontrei vaga para deficiente desocupada na rua Guajajaras, atrás do Minas Centro. A vaga fica do lado oposto ao Minas Centro, portanto desci do carro e já precisei atravessar a rua. Havia rampa na esquina e subi na calçada. Desci em direção à entrada, mas eis que ao chegar no estacionamento lateral do Minas Centro (foto abaixo), descobri que não há rebaixamento para descer e subir novamente na calçada. Resultado, tive que descer vagarosamente o meio-fio, rodar pelo asfalto (a entrada, como podem ver, é de pedra fincada, terrível para cadeira de rodas) e voltar novamente à calçada subindo o meio-fio, com grande dificuldade. Transtorno desnecessário para chegar à entrada de um estabelecimento tão importante para o cidadão. Já encaminhei a reclamação ao Minas Centro e aguardo resposta.
Querendo ou não acabo utilizando este espaço para reclamar sobre as condições para os cadeirantes em Belo Horizonte. Não é o objetivo principal do blog, pretendo aqui divulgar informações mais abrangentes de interesse para cadeirantes. Mas não consigo ficar inerte frente a desrespeitos cometidos dentro da minha realidade. Se aqui em Belo Horizonte já é difícil e complicada a vida de um cadeirante, imagino como é no interior.
O diferencial aqui é que não apenas registro e publico as reclamações, envio um e-mail ou telefono diretamente para o estabelecimento ou órgão "infrator", e se há uma resposta ou solução, publico novamente para conhecimento de todos. Portanto aproveito este post para disponibilizar o espaço para qualquer pessoa que flagre um desrespeito com cadeirantes em sua cidade e me envie para o e-mail alerifer@gmail.com, de preferência com uma foto. Analisarei as reclamações e publico assim que entrar em contato com o estabelecimento.

domingo, 2 de agosto de 2009

Mais um shopping despreparado

Semana passada fui ao BH Shopping com minha mãe e acabei precisando descer do carro, para ajudá-la na escolha de um eletrodoméstico. Eu não havia levado minha cadeira de rodas, e como estava satisfeito com as mudanças realizadas no Pátio Savassi, resolvi solicitar os serviços daquele shopping, pertencente ao mesmo grupo do Pátio.
Solicitei a cadeira ao manobrista, que pediu a cadeira via rádio. Se passaram 10 minutos, reclamamos com o manobrista. 15, 21 minutos e já que o manobrista não resolvia, minha mãe resolveu ir atrás da cadeira. Teve que deixar uma carteira de identidade para que eu pudesse usar a cadeira.
Chegou ao carro, e outra vez não consegui acreditar no que vi. A cadeira oferecida era pequena e o braço não se soltava. Totalmente inadequada para deficiente físico, como podem ver na foto acima. Mas o pior mesmo, como eu suspeitava, foi a volta. O manobrista se ofereceu para ajudar, visivelmente despreparado, mas muito educado e solícito, segurou a cadeira de acordo com minha instrução. E passei novamente um grande aperto para conseguir entrar no carro, só não caí porque o espaço é pequeno, mas me machuquei ao entrar no carro, bati o quadril no braço fixo e depois o braço na porta.
É realmente um absurdo um local voltado para consumidores e clientes que não está apto a atender todas as pessoas. Espero que, a exemplo do Pátio Savassi, sejam tomadas providências em breve.

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