Todo mundo sabe que moto não é brincadeira, que todo dia morre um monte de gente em acidentes de moto e os que não morrem tem sequelas severas, como no meu caso, por exemplo, a paraplegia. O pior é que eu sempre disse que não dá pra dar mole, que moto é tampa de caixão e que o para-choque de motociclista é a testa. Mas acabei seguindo o lema "faça o que eu falo, não faça o que eu faço" (a foto acima é do capacete que eu estava usando no acidente, e a abaixo é do que sobrou da moto).
No Jornal Hoje de ontem saiu uma reportagem sobre os acidentes com motocicleta no Brasil, as estatísticas, as consequências e os custos disto para o governo. Depois de assistí-la, descobri que, comparativamente, caí de um prédio de uns 18 andares e sobrevivi. Abaixo transcrevo parte da matéria e destaquei em negrito as frases mais marcantes, mas a que traduz o "resumo da ópera" pra mim é a segunda frase. Se houvesse um "test-drive" de paraplegia para aplicar nestes motoqueiros malucos aposto que ninguém mais corria. A reportagem:
"Negligência ou falta de informação? O que parece é que os loucos por uma moto não se dão conta do que os espera em caso de acidente.
E não é exagero. Na queda, o asfalto vira uma lixa no atrito com a pele do motociclista. E quanto maior a velocidade da moto, pior. O professor de física faz o cálculo. Se o piloto estiver a 60 quilômetros por hora, na queda ele vai rolar 17 metros pelo chão.
E o professor vai além. Cair de moto a 36 quilômetros por hora equivale a uma queda aproximadamente do segundo andar de um prédio. Se o motociclista estiver a 72 quilômetros por hora e cair, é o mesmo que ele despencar do sexto andar. Já para os pilotos de corrida, que podem se acidentar a 144 quilômetros por hora, a queda é igual a altura de um prédio de 20 andares.
“No caso da moto, o próprio piloto é o para-choque, diferente do carro, que tem amortecimento natural, por conta da lataria, que tem o efeito sanfona”, explica Beraldo Neto, professor de física.
Nos últimos dez anos, o número de mortes em acidentes de moto aumentou mil por cento, de acordo com o Instituto Brasileiro de Segurança no Trânsito. No ano passado, foram cerca de dez mil motociclistas e caronas mortos em todo o país. E mais de 500 mil feridos.
A maioria dos motociclistas acidentados é jovem. E quando sobrevivem, custam caro ao estado. “Em média esses doentes levam de três a quatro meses de internamento hospitalar. Tem um custo social importantíssimo e um custo também financeiro elevado pro estado porque as orteses e próteses usadas para essas cirurgias são materiais caros”, revela Hélder Corrêa, diretor do Hospital da Restauração."
Bem, falta de aviso não é, se os motoqueiros ainda acham que "comigo isso não acontece", acreditem que a grande maioria dos acidentados também pensava assim. Eu inclusive.