Com a recente morte do ídolo pop Michael Jackson (eu também já gostei, tinha até o LP - pra quem não sabe são os antigos discos de vinil) iniciaram-se as suposições para explicar sua morte, uma delas é a de intoxicação por excesso de remédios. Lembrei-me de uma matéria que li na semana passada sobre uma pesquisa realizada pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que concluiu que os medicamentos são responsáveis por 30% das intoxicações ocorridas no País em 2007. Os números do Sinitox apontam mais de 100 mil casos de intoxicação, com 479 mortes.
Este assunto tem especial interesse para os lesados medulares, que, pelo quadro clínico específico, são consumidores frequentes de remédios, sejam profiláticos ou para conter alguma das diversas complicações a que somos acometidos. Pessoalmente, sempre fui avesso a remédios, dificilmente eu conseguia manter um tratamento até o fim pois me esquecia (às vezes propositalmente) de tomar no horário certo. Sem contar que eu acreditava que o nosso corpo tem as armas necessárias para combater as doenças. Não é um comportamento ideal, pois os tratamentos são comprovadamente eficazes quando seguidos fielmente.
Após a lesão fui obrigado a me disciplinar em relação a isso, pois uma vez que minha saúde corria sérios riscos, não era racional continuar rebelde. No início, logo após o acidente, eu tomava os remédios mesmo sem querer, pois as enfermeiras faziam um acompanhamento rigoroso, algumas vezes aplicando medicações via injeção. Após o período de internação, me acostumei a tomar pelo menos dois comprimidos de oito em oito horas, um para diminuir os espasmos e outro para controlar a bexiga. E ainda tomava um remédio para dor à noite, pois apesar de sentir dores durante o dia todo, eu preferia tomar só à noite para conseguir dormir.
Quando tenho infecções urinárias, entro com um antibiótico, às vezes acompanhado de um anti-térmico para diminuir a febre. No início do ano, após uma infecção mais forte, meu urologista recomendou que eu iniciasse administração de Macrodantina uma vez por dia, um profilático para prevenir reincidência de infecção urinária. E há dois meses atrás, após voltar ao neurocirurgião que me acompanha para tentar mais um tratamento para diminuir minha dor crônica, acrescentei ao meu "coquetel" um comprimido de amitriptilina de oito em oito horas. No fim das contas, tomo três de manhã, três à tarde e cinco à noite. Para um anti-hipocondríaco, dá pra imaginar o quanto isso incomoda.
Ainda mais depois que li a matéria sobre os vilões da intoxicação. Ainda estou com vontade de diminuir o coquetel "molotov" que tomo, tirando um dos remédios pra dor ou o profilático. Mas em conversa com minha cunhada, que é médica, já desisti da "auto-desmedicação". Querendo ou não, nós lesados medulares necessitamos de determinados medicamentos, e os casos de intoxicação são geralmente ocasionados por falta de conhecimento sobre as contra-indicações, auto-medicação e sobredosagem, ingestão de doses maiores do que as recomendadas. Além dos caso de ingestão por crianças de 1 a 4 anos, graças ao descuido dos pais.
Portanto, se seus médicos prescrevem medicamentos realmente necessários para problemas reais, se você seguir a dosagem recomendada, tampe o nariz e engula sem dó os comprimidinhos multicoloridos (à noite tomo um branco, um vrmelho, um azul, um amarelo e um marron), pois a probabilidade é que te façam mais bem do que mal. Mais uma recomendação: procure saber exatamente as contra-indicações de cada medicamento. E leia a bula!!
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