Lá conheci o Saimon, presidente da ACDC, Associação dos Cadeirantes e Deficientes de Contagem, que faz alusão ao grupo de rock AC/DC. Ele me contou sobre as conquistas da Associação, que já tem sede própria em Contagem e sobre a manifestação no hall do mineirão por ingressos grátis para deficientes, como já acontece em alguns estádios. Ficamos no hall até que os jogadores aprecessem, e eles, sem exceção, apoiaram a causa e posaram para fotos. Na foto acima está o goleiro Fábio, Athirson e Zé Carlos. Foi muito bacana o apoio dos jogadores, mas depende de nós continuar a protestar para termos condições melhores para assistir nosso time do coração, afinal é um evento extremamente inclusivo, é uma forma de diversão que para nós é uma oportunidade de estar com amigos e parentes curtindo um evento esportivo.
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quarta-feira, 27 de maio de 2009
Manifestação por ingressos grátis
No último sábado, 23 de maio, fui pressenciar mais uma vitória do melhor time de minas, e um dos melhores do Brasil, em cima do Vitória, por 2X0. Já comentei aqui sobre o acesso ao mineirão, o gigante da pampulha. O acesso é bom, entramos pelo hall principal, tem elevador que leva às cadeiras inferiores, onde a visão do campo é um pouco limitada. Os locais reservados para cadeirante são mal posicionados, do tipo "baia", como um estacionamento de cadeira de rodas. O pior, porém, é não ter cadeiras normais por perto, afinal de contas uma das boas coisas de um evento destes é compartilhar com amigos ou familiares, trocar idéia e discutir os lances da partida. O que geralmente fazemos é descer pela escada com ajuda para ter uma visão melhor do campo e poder conversar com amigos. Abaixo, a visão panorâmica da tribuna, nome do local que descemos as escadas para ver melhor o campo.
terça-feira, 26 de maio de 2009
Finalmente a transferência!!
Semana passada finalmente recebi a resposta ao processo de transferência do mestrado em finanaças que impetrei (gastei heim) na UFMG. Foi deferido! Vou voltar pra sala de aula!!
Foi uma luta, entrei com o processo em novembro de 2007 e só agora me deram o parecer final. Toda vez que eu ligava diziam que ia entrar na próxima pauta, e na próxima, e na próxima, até que fui pessoalmente lá pra ver se agilizavam o processo. Dá um desconto que a unidade inteira mudou-se para o campus (era no centro, muito difícil pra mim) e ficaram o ano passado todo se reorganizando.
Semestre que vem retomo ao mestrado e serão manhãs de luta pra assistir as aulas, desmontar a cadeira, colocar no carro, montar de novo e tocar até o prédio. Estou pensando seriamente em trocar de cadeira, pegar uma dessas com monobloco (que não fecha em X), mas ainda tenho dúvida se estas são mais fáceis de colocar no banco do passageiro. Acho que só testando mesmo! (se alguém já tem experiência com isso, me conta)
É isso aí, estou empolgado e não vejo a hora de brigar com tudo quanto é fórmula e número no mestrado que interrompi na saudosa Floripa devido ao meu acidente. Consequentemente devem minguar meus posts por aqui no próximo semestre.
sexta-feira, 22 de maio de 2009
De bem com a vida
Desde sempre ouvi que sou otimista, que não esquento a cabeça à toa, e principalmente que sou de bem com a vida. Agora, depois de acidentado e "encadeirado", ouvi que sou um exemplo de vida, que não mudei muito com a nova realidade, que aceitei muito bem minha situação.
Tem gente que não acredita que não tive nenhum momento de depressão, que não chorei nem me revoltei com minha nova situação, mas quem convive comigo sabe disso. Não é muito normal mesmo a pessoa ter uma reação dessas. Principalmente uma pessoa que levava a vida "solto", ou seja, eu não parava muito em casa, fazia esportes ligados a natureza (mountain bike, trekking) e vivia saindo, visitando amigos e caindo na balada. E muita gente me questiona como consegui aceitar tão bem essa mudança.
Sinceramente, nem eu sei direito. Mas o fato é que sempre tive uma atitude otimista em relação a quase tudo. Sempre busquei tirar algo de bom ou alguma lição dos empecilhos e problemas que a vida nos trás. Acredito que nada acontece totalmente por acaso, há sempre uma razão de ser ou uma consequência necessária para nosso crescimento. Vendo o lado bom das coisas, eu sempre agradeço por não ter sido pior e por continuar vivo. Eis aí o ponto chave: não tem nada melhor que nossa vida.
Mas para chegar a nesse ponto de "aceitação" (não é comodismo), é preciso adotar e praticar uma postura durante toda a vida. É preciso paciência e sabedoria para passar pelas mais diversas provas que a vida no impõe, buscando entender o porque de aquilo ter acontecido e o que fazer pra evitar futuramente nova ocorrência. E também o que fazer para minimizar as consequências. Levar a vida com humor também é fundamental. Sou do tipo "perde o amigo, mas não a piada" (não ao pé da letra).
Outra coisa que sempre busquei é ajudar o próximo. Sou o tipo de cara que tem prazer em fazer o bem a outra pessoa. Já ensinei muita gente a dirigir, ajudei a tomar iniciativa de montar um negócio, ensinei a mexer com computador, e tudo o mais que me pedem ou percebo que a pessoa precisa. É o altruismo verdadeiro (que muita gente acha que não existe), não espero nada em troca. Só um sorriso!
Estas atitudes (otimismo, humor, humanismo) atraem gente boa como um ímã. E funciona como uma roda, convivo com gente boa, fico mais feliz, atrái mais gente boa, e por aí a fora vai. Já vi muita gente que é de mal com a vida porque não arranja namorada, não consegue um bom emprego, não passa na prova, mas se parar pra pensar, quanto mais mal humorada a pessoa fica, mais isso acontece. O segredo então é dar o primeiro passo. É só pensar "a partir de amanhã terei outra postura". Veja como sua vida vai mudar.
Por outro lado, já ouvi também que sou relaxado, acomodado e sem ambição. Ouvi muito isso quando estava morando em Viçosa, tinha um bom cargo em uma empresa, mas no interior não paga tão bem, aí muita gente achava que eu tinha que ir embora, morar em um grande centro, onde seria valorizado pelo meu trabalho. Mas eu sempre dizia: pra que, se estou feliz aqui? Tenho muito amigos, viajo todo ano pra algum lugar legal e curto os botecos da cidade a semana inteira. Não sou sem ambição, só acho que não precisamos de muito pra ser feliz.
Do meu ponto de vista, o que levo como lema é "sou feliz e sei disso", ao contrário do "eu era feliz e não sabia". Portanto, minha atitude é sempre de tirar o melhor de cada experiência, sem importar o quão ruim ela possa ter sido. E como diz Zeca Pagodinho, "deixa a vida me levar".
PS: a foto exemplifica um dos melhores meios pra ser feliz, ter muitos amigos!
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Taxi acessível
Na Reatech, em São Paulo, conheci o Taxi Acessível, um Doblo adaptado para entrar com a cadeira de rodas sem desmontar, com cadeirante e tudo. É um serviço muito importante em uma grande cidade, como Belo Horizonte, mas aqui ainda não tiveram essa brilhante ideia. Será por falta de demanda? De acordo com o último senso do IBGE, 14,5% da população possui alguma deficiência. Tudo bem que qualquer tipo de deficiência conta, mas dentro deste percentual deve haver um bom número de cadeirantes, digamos uns 5%. É gente pra caramba.
Mas independente do número de pessoas, este serviço seria útil e inclusivo, permitiria aos cadeirantes maior liberdade de locomoção, principalmente para os que não dirigem. Estes sempre precisam contar com a boa vontade de parentes e amigos, que ainda têm o trabalho de desmontar e montar a cadeira. Esta iniciativa deveria ser apoiado até mesmo pela prefeitura municipal. Aí vem uma análise pessoal: falar, todo mundo fala, mas quem toma alguma atitude?
Pra quem devemos reclamar, exigir direitos e cobrar resultados? Em São Paulo há uma secretaria só pra isso na prefeitura. Aqui em BH, eu não achei nada do gênero. Mas também não fico só no bla-bla-blá. Mandei e-mail pra tudo quanto é cooperativa de taxista que achei na Internet e um pra prefeitura também. E quem tiver mais algum contato, manda brasa.
Será que os taxistas não percebem que é um diferencial? Será que eles tem medo de não conseguir demanda? Aí entra a tecnologia. Os carros mais modernos, a exemplo do honda Fit, são dotados de modularidade, ou seja, os bancos são como módulos, é possível levantar o assento, abaixar o encosto ou até tirar o banco fora. Não sei se esse é o caso do Doblò, mas mesmo não sendo não é difícil montar e desmontar os bancos, para usar normalmente ou permitir a entrada de uma cadeira. O que demanda investimento mesmo é o elevador, mas se uma cooperativa dessas tiver consciência social isso não será problema. Ainda acho que o governo devia exigir um desses em cada capital.
Aproveitando o gancho do Dado, do Mão na Roda, ele listou os serviços de táxi adaptado que encontrou pelo Brasil afora, confiram clicando aqui. Valeu brother!
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Impressões: Citroën C3
Aproveitei que estava na Pampulha hoje e fui dar uma olhada mais de perto no Citroën C3. Já tive uma boa experiência com o Xsara, que meu pai teve, e gostei muito do carro, ótima dirigibilidade e design agradável. E como se pode notar no meu comparativo, o C3 é uma alternativa interessante para deficiente físico, tem um bonito design e tecnologia de ponta.
A concessionária escolhida foi a Grenoble, na Av. Pres. Carlos Luz, 4333. Fui atendido com presteza pelo consultor de vendas Arley, responsável pelas vendas especiais, e posteriormente pelo diretor da concessionária, João Felipe. O atendimento nessas concessionárias de marcas européias são um grande diferencial, já sabia disso através do meu pai, que se impressionou logo no primeiro atendimento e ficou plenamente satisfeito.
Vamos ao carro. O C3 automático tem câmbio Tiptronic System Porsche de quatro marchas, na versão de entrada GLX vem com motor 1.6 flex de 113cv, potência muito boa pelo tamanho do motor. A segurança é um ponto primordial para a Citroen, o carro conta com uma série de itens que levaram o veículo às mais altas notas nos testes de choques da EuroNcap. Neste quesito ele vem de fábrica com freios ABS, barras de proteção no teto e laterais, alerta sonoro de velocidade, chave com dispositivo antifurto e brake light.
Os principais itens de conforto são ar condicionado, banco do motorista com regulagem de altura, volante com regulagem de altura e profundidade, computador de bordo, preparação para som e também retrovisores, vidros e travas elétricas.
A direção elétrica é outro destaque, fica mais leve nas manobras e mais rígida na estrada, aumentando a segurança e facilidade de condução e o painel digital passa impressão de modernidade. O porta malas não é dos maiores, com 305 litros, mas cabe tranquilamente uma cadeira de rodas desmontada sem precisar rebater os bancos traseiros, que são bipartidos e permitem uma ampliação considerável, para 1155 litros.
O acesso ao banco do motorista é bem satisfatório, consegui entrar no carro sem dificuldades e as pernas passaram por baixo do volante sem problemas. Sobrou também um bom espaço entre a cabeça e o teto, mostrando excelente espaço interno para um carro pequeno. Porém o espaço no banco traseiro fica bem reduzido com o banco do motorista no máximo. A posição dos comandos dos vidros elétricos é mal localizada, no painel central à frente do câmbio, de difícil acesso.
A versão de entrada tem preço a partir de R$ 45.780,00 (em torno de 35 mil com as isenções). A versão Exclusive adiciona ao pacote air bag para motorista e passageiro, ar condicionado automático, faróis com acendimento automático, faróis de neblina, limpadores de pára-brisa com acionamento automático e tem preço inicial em R$ 48.900,00 (aprox. 38 mil com isenções). A Citroën dá dois anos de garantia e assistência 24 horas. Sem dúvida um carro atraente com excelente pacote de itens de segurança e conforto por um preço justo.
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Cidade paulista adapta turismo de aventura para deficientes
Já comentei aqui no blog e reafirmo: o maior desafio das pessoas que se 'tornam' deficientes físicos é manter os mesmos programas e hobbies que tinham antes da deficiência. A maior parte simplesmente desiste de tentar desfrutar dos mesmos prazeres, não sai de casa pra nada, não toma atitude nenhuma para melhorar sua qualidade de vida, pois tem vergonha ou até preguiça de se aventurar pelo mundo afora. Um pequeno percentual delas se conforma com a nova situação e busca outras formas de diversão e lazer, mas também evita uma série de programas porque acha que vai ser muito difícil ou acha que vai atrapalhar. Apenas uma minoria corre atrás das mesmas atividades que fazia antes, de uma forma adaptada. Mas acredito que essa minoria tem feito a diferença exigindo seus direitos e botando a boca no mundo. Afinal de contas, somos 14,5% da população brasileira, um grupo sedento por oportunidades e alternativas de melhorar sua qualidade de vida.
Para quem gosta de viajar, como eu, a cada dia que passa surgem novas alternativas, como o já citado Guia Brasil Para Todos, que destaca as melhores alternativas de turismo adaptado em cidades turísticas. Hoje com grata surpresa assisti no Jornal Hoje que a cidade de Socorro, no interior paulista, se tornou a cidade modelo em acessibilidade tornando-se o primeiro destino turístico do país adaptado a pessoas deficientes e com mobilidade reduzida, proporcionando até mesmo esportes radicais como tirolesa e rafting. A cidade toda possui adaptações para as mais diversas deficiências, e a maioria dos hotéis também conta com este diferencial. Vale a pena conferir, eu já inclui a cidade nos meus próximos roteiros.
Para saber mais visitem a página dedicada ao turismo de Socorro:
http://www.socorro.tur.br/default.asp?acao=home
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Dor crônica: inimiga íntima
"A dor crônica é definida como a dor que persiste ou recorre por mais de 3 meses ou dor associada à lesão de algum tecido que imagina-se poder evoluir. A dor crônica persiste por meses e até anos. Tipos comuns de dor crônica incluem: dor nas costas, dor de cabeça, artrite, dor decorrente de câncer, e dor neuropática (resultante de lesão nos nervos)."
Esta definição de dor crônica explica o título do post: inimiga, pois não faz bem, tira a concentração, causa irritação e uma série de outros problemas físicos e emocionais. Íntima porque está presente todos os dias, em todas as situações, e só piora quando mais precisamos que ela desapareça.
Não consigo entender de onde vem tanta dor. Sinto dor todos os dias, às vezes mais fraca, às vezes quase insuportável, tanto que chego a ficar com falta de ar. Dói o corpo todo abaixo da lesão (no meu caso T2) e concentra-se em algumas partes como coluna lombar e nádegas. Ás vezes acho até bom, pois como minha sensibilidade é reduzida, quando a dor está mais intensa sinto muito mais o corpo, até nos pés tenho sensibilidade. Nas áreas em que se concentra a dor dá pra entender, é onde meu corpo recebe mais pressão. E no restante do corpo?
Há um diagnóstico para esta dor como dor neuropática, que é freqüentemente intrigante e frustante, tanto para os pacientes como para os médicos, pois parece não apresentar uma causa definida, responde pouco aos tratamentos, pode durar indefinidamente, leva a incapacidade importante e até mesmo se exacerba com as variações climáticas e estados emocionais.
Outras consequências da dor crônica incluem "ocorrência de várias alterações psicológicas e aumento da irritabilidade, depressão mental, preocupação com o corpo e afastamento dos interesses externos. Os pacientes que sofrem de dor crônica podem querer afastar-se das pessoas mais próximas e apresentar incapacidade para continuar com as atividades de trabalho e laser. Outros sintomas comumente relatados por pacientes com dor crônica são insônia, diminuição do desejo sexual e alterações de apetite."
Felizmente não sofro a maior parte destas consequências, mas insônia tenho constantemente. Tem semanas em que não durmo uma noite sequer. Só consigo dormir de manhã, geralmente de exaustão por tentar a noite inteira. Nos dias em que faço fisioterapia de pé, com as talas e andador, como ontem à noite, é certo de passar a noite em claro. Felizmente tenho mais de cinquenta jogos no celular pra ajudar a passar o tempo. Pelo menos psicologicamente isso não me afeta, não fico de mau humor nem reclamando. Mas quando eu começar a trabalhar serão outros quinhentos.
Para melhorar ao longo do dia, costumo passar a tarde inteira deitado de bruços. Geralmente ajuda muito, mas há as crises, às vezes por mudança climática, outras sem explicação, ela vem forte e não tem remédio que resolva.
Já fui em vários médicos e fiz alguns tratamentos para diminuir esta dor, já usei medicamentos pesados, e o que deu mais certo foi Cloridato de Tramadol todo dia à noite e um Tilex quando a dor está mais forte. Atualmente adicionei amitriptilina de 12 em 12 horas, mas o efeito é sempre o mesmo: no início do tratamento melhora bastante, dali um mês ou dois volta do mesmo jeito.
Sempre quis conversar sobre isso com outros paraplégicos vítimas de trauma raquimedular como eu, pra saber se passam por isso também. Estou nessa luta há mais de dois anos e parece que a intensidade até aumentou. Mas gostaria muito de saber se tem mais alguém neste calvário. Amigos que aqui visitam, alguém sente dores constantemente, todos os dias e muito intensa?
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Adaptações e funções importantes em um carro pra cadeirante
É um assunto meio batido mas sempre me questionam qual o melhor veículo para um cadeirante comprar e o custo das adaptações. Sei que os carros no Brasil são muito caros, mas as alternativas de financiamento, apesar de majorar muito o preço, viabilizam este sonho. E a isenção de impostos que os portadoes de deficiência possuem são um incentivo a mais para comprar um zero quilômetro.
Mas quem não pode comprar um carro zero ou quer adaptar seu carro também deve preparar o bolso, principalmente se o carro não for automático. A adaptação de um carro com câmbio manual consiste de um sistema de embreagem automatizada, quando o motorista coloca a mão sobre o câmbio, um sensor ativa a embreagem, possibilitando a mudança de marcha. Assim que começa a acelerar, a embreagem vai sendo liberada. O sistema sai em média por R$ 3.400,00 e não é indicado para carros com motor 1.0 (funciona, mas não é o ideal).
A outra adaptação necessária consiste em uma barra de aceleração e frenagem embaixo do veículo e um pomo giratório no volante, e sai em média por R$ 1.000,00. Já há no mercado sistemas como aros móveis no volante para acelerar e barras multifunções, dando ainda mais segurança e praticidade. Em Belo Horizonte as empresas de adaptação mais conhecidas são a Hélio Adaptações (31) 2526-1569 e Pinguim (31) 3292-8888.
Na hora de decidir sobre os acessórios é importante observar que as mãos estarão sempre ocupadas, uma acelerando/freiando e a outra dirigindo. O som com bluetooth, hoje já presente em muitos modelos, pode parecer luxo desnecessário, mas é muito importante para um cadeirante, pois permite fazer chamadas ou atender o celular com um simples toque em um botão. Basta o celular ter bluetooth e permitir chamadas de voz para ligação. Até modelos antigos como o Motorola V3 tem estas funções. E os aparelhos de entrada, oferecidos gratuitamente pelas operadoras, em geral também as tem. Para quem já tem carro que não veio de fábrica com bluetooth é possível comprar um aparelho de som com esta função, a partir de R$ 350,00.
Outro acessório que parece dispensável, mas dá ainda mais autonomia ao motorista, são os comandos embutidos no volante. Permitem controlar o som e ativar o celular sem tirar as mãos do volante, o que aumenta ainda mais a segurança ao dirigir. Se o carro não tiver este opcional é só comprar um aparelho som para carro com controle remoto e adaptá-lo ao volante. Clique aqui para ver um exemplo de som mais completo.
Ainda no quesito segurança, a dica não é só para cadeirantes, mas qualquer um que for adquirir um veículo deve dar prioridade aos itens de prevenção de acidentes, como Air Bag e freios ABS. Não são equipamentos baratos, encarecem o carro em média em R$ 5.000,00, mas já estão em vias de se tornar obrigatórios para todos modelos nacionais, a exemplo do que já acontece no exterior, e devem baratear com o tempo.
Impressões: Honda Fit
Ontem estive na concessionária Banzai, da Honda, na Av Contorno, 10331, para conferir de perto o novo Fit, que já havia visto no Salão do Automóvel do ano passado, mas precisava ainda verificar alguns detalhes.
Quando fiz auto escola para tirar carteira para carro adaptado, fiz as aulas em um Fit modelo antigo, e achei o carro meio apertado e o porta malas pequeno. Já no Salão, me impressionei com as novas medidas e o espaço interno, para um carro deste porte. Meu pai é um grande fã da Honda, já teve dois Civic, e eu também gosto da marca, pois além do carro ser ótimo pra dirigir, tem consumo muito bom e manutenção bem em conta.
Na concessionária me surpreendi com a qualidade do atendimento, fui encaminhado ao setor responsável pelo programa Honda Conduz e atendido por Carlos Michel, que sanou minhas dúvidas e ainda fez um test drive comigo pra que eu conhecesse melhor o carro.
A primeira boa notícia é a facilidade para entrar no veículo. Como o volante tem regulagem de altura e profundidade e o banco fica quase no nível da cadeira, consegui entrar e passar minhas pernas sem dificuldade, coisa que pra mim, que tenho 1,95m de altura, é sempre uma luta.
Depois pedi que ele e um amigo que estava comigo para colocarem a cadeira no porta malas, prevendo que haveria dificuldade, mas outra boa surpresa, a cadeira coube sem precisar retirar o divisor que o cobre (coisa que no meu carro, um Stilo, é necessário) e ainda sobrou espaço.
A Honda soube aproveitar bem o espaço disponível, o modelo cresceu em relação ao anterior e passou por grandes mudanças. Carlos me explicou o conceito utilizado no projeto, de minimizar o espaço para máquina (motor) e maximizar o espaço para o homem. E o resultado não podia ser melhor.
Outro fator que surpreende são os itens de série, o carro vem com Air Bag duplo, som com mp3, direção elétrica, muitos porta copos e bancos traseiros com modularidade total, ou seja, rebatem, inclinam, levantam o assento, e servem para qualquer uso necessário de bagagem (outro fator importante pra cadeirante). Taí a dica, pra quem quer um carro com tecnologia de ponta e excelente espaço interno, vale a pena conferir o novo Fit.
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Mais um deficiente moral (ou talvez mental)
Não dá pra engolir os 'espertinhos' que usam as vagas para deficientes, "porque é rapidinho" ou "porque ninguém usa". Quando é carro particular, já é um abuso, mas quando é carro de empresa, o mínimo que um cidadão desse merece é um puxão de orelha do dono da empresa. Algumas vezes em que o 'gente boa' está no carro, ou perto dele, dá pra mandar aquela lição de moral na orelha do indivíduo, mas e quando o infeliz nem por perto fica, caso a vaga seja necessária? Denúncia na hora. Ainda fiquei uns 10 minutos pra ver se aparecia alguém, e nada. Parei o carro colado no dele, apesar de ficar meio na frente de uma garagem e não deixei barato, por isso já tenho o telefone da BH Trans (órgão que regula isso em BH) na minha discagem rápida do celular.
Mas, infelizmente, não tem nada de rápida a ação da BH Trans pra pegar no flagra o infrator e aplicar uma multa bem dada. Sempre que ligo o atendente ao final fala que 'vai contactar por rádio a viatura mais próxima que tomará as providências cabíveis'. Textinho decorado do manual do operador de telemarketing, mas de eficácia duvidosa. Na maioria das vezes não fico esperando pra ver no que dá, mas nas vezes que pude (ou precisei) ficar um pouco, os infratores dão no pé com aquele sorrizinho amarelo tipo 'desculpa aí, tá'. Tá não, moço. Deviam obrigar um sujeito desses a uma aula de civilidade e respeito ao próximo.
Mas pra isso serve nossa tão querida blogosfera, pra nos permitir expressar a nossa revolta e decepção com os cidadãos da malandrolândia ou com as empresas sem noção. Vai que um dia um manda chuvas da vida lê isso e toma providências concretas...
Em tempo: dona Adalgisa Almeida, chame a atenção desse seu motorista mal educado!
E mais uma vez peço às autoridades para adotarem a placa mais inteligente inventada até hoje para vaga de deficiente:
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Alimentação balanceada: vital importância para cadeirante
Muita gente não se importa com isso, mas a alimentação de um cadeirante deve ser diferenciada. Em primeiro lugar, para manter o peso, pois na cadeira de rodas, com limitações de movimento, corre-se um grande risco de engordar em pouco tempo, dificultando as transferências, deambulação com órteses, ajustes na cadeira de rodas e outros. De minha experiência pessoal, digo que reduzi a quantidade da minha alimentação em pelo menos 1/3, e às vezes acho até que como metade do que comia antes.
Em segundo lugar para manter o funcionamento do corpo, pode aumentar a ingestão de determinados tipos de alimentos, afim de ajudar no funcionamento dos intestinos, evitar infecções urinárias e deixar a pele e os músculos mais resistentes, diminuindo a chance de desenvolver úlceras por pressão.
- Alimentação Balanceada
A dieta deverá ser balanceada, composta por diferentes tipos e grupos de alimentos. Conforme a necessidade, uma pessoa deverá ingerir maior ou menor quantidade de alimentos de determinados grupos.
Importante: em qualquer tipo de dieta, a ingestão de líquidos deverá ser elevada, em média 4 litros/dia, afim de evitar infecções urinárias. A ingestão só deverá ser diminuída por determinação de médico especialista.
- Grupos Alimentares Energéticos - Os alimentos energéticos são compostos por carboidratos, que fornecem energia para o corpo realizar diversas atividades, principalmente as físicas como andar, tocar cadeira de rodas, deambular com órteses, fazer exercícios de fortalecimento, esportes diversos e outros.
Principais fontes:
Cereais: arroz, milho, trigo, outros
Tubérculos e Raízes: batata, mandioca, inhame, outros
Diversos: pães, massas, biscoitos, outros
- Reguladores - Os alimentos reguladores, têm como nutrientes, as vitaminas e os minerais. Tais alimentos conservam e fortalecem o sistema imunológico, regulam a digestão, a circulação sanguínea e proporcionam o bom funcionamento dos intestinos, pois são ricos em fibras.
Principais fontes:
Verduras: alface, escarola, agrião, couve, outros
Legumes: abobrinha, xuxu, cenoura, pepino, outros
Frutas: mamão, laranja, abacaxi, melão, tomate, abacate, outros
Obs.: alguns cereais, podem ajudar no bom funcionamento dos intestinos
- Construtores - Os alimentos construtores são compostos pelas proteínas, responsáveis pela formação e renovação dos tecidos do corpo, como a pele, os músculos, ossos e outros.
Principais fontes:
Carnes vermelhas: bovinos, suínos, etc
Carne branca: aves, peixes, ovos, outros
Leite e derivados: queijos, iogurte, outros
Leguminosas: feijão, fava, lentilha, grão de bico, outros
- Energéticos extra - Estes alimentos deverão ser consumidos moderadamente. São compostos por gorduras e açúcares simples.
Principais fontes:
Gorduras: óleos, azeites, manteiga, outros
Sacarose: açúcar de mesa
Mel
Alguns exemplos de dietas:
Dieta hipocalórica (para perder peso) - Aumentar a dose de alimentos reguladores; diminuir a dose dos alimentos energéticos, construtores e energéticos extra.
Dieta hipercalórica (para ganhar peso) - Aumentar a dose dos alimentos energéticos; manter a dose dos reguladores, construtores e energéticos extra.
Dieta laxativa (para melhorar e/ou aumentar o funcionamento dos intestinos) - Aumentar a dose de alimentos reguladores; aumentar a ingestão de líquidos.
Dieta constipante (para "prender" o intestino) - Diminuir a dose de alimentos reguladores; manter a dose dos alimentos energéticos, construtores e energéticos extra.
Dieta rica em proteínas (para evitar ou ajudar na cicatrização de úlceras por pressão) - Aumentar a dose dos alimentos construtores; manter a dose dos demais grupos.
sábado, 2 de maio de 2009
Preconceito culposo
Em direito, o crime culposo é aquele que resulta de ato negligente, imprudente ou inábil do indivíduo, embora não tenha tido a intenção criminosa. Assim defino o preconceito culposo, em que a pessoa não tem a intenção, mas por negligência (ou ignorância) o comete, e acredito que na maioria das vezes sabe do risco de parecer preconceituoso. Mas acha que o deficiente não vai levar pra esse lado.
Acho que a grande maioria dos cadeirantes já passou por isso, cito dois casos em que este tipo de preconceito é nítido. Um é o relato do Evandro no Tocando a Vida Sobre Rodas, o outro foi uma experiência de um namorado de uma cadeirante no Assim Como Você, do Jairo Marques. Eu também já passei por situações assim, mas da última vez tive que rir. Fui ao cinema no BH Shopping, entrei na fila de prioridade e minha namorada pediu dois ingressos, pra mim meia entrada por ser deficiente (não há lei pra isso, mas alguns cinemas nos dão este privilégio). Mal pude acreditar quando a atendente perguntou pra ela se eu tinha alguma "carteirinha" pra provar que eu era deficiente. Fala sério.
Na hora eu entrei no meio e perguntei "não está vendo que estou numa cadeira de rodas?" e a moça teve a coragem de dizer "você pode só estar usando". Se não fosse um risinho, em tom de piada que ela deu ao fim da frase, meio que brincando, eu tinha apelado. Juro. Mas como pareceu brincar, eu só disse "é bem capaz de eu gastar mil e quinhentos reais em uma cadeira de rodas e pagar esse mico todo pra conseguir sete reais de desconto no cinema." Ela entregou os ingressos e sorriu sem graça.
Só pude interpretar que a moça é nova no trabalho, deve ter sido treinada exaustivamente para pedir sempre a carteirinha para estudante e identidade para idosos, quando pedirem meia entrada, que soltou essa pérola da "carteirinha de deficiente". Não foi por mal (espero que não), mas foi extremamente preconceituosa na interpretação da regra. Incrível que pra isso treinem as pessoas, mas para tratar o deficiente com respeito, dando prioridade, sendo no mínimo atenciosa ninguém deve falar nada, pois é a minoria. Triste, né?
Em outra situação, vivi a mesma história contada no Assim Como Você. No mês passado, na semana santa, fui a São Paulo e quando passeava com minha namorada na Fnac, resolvemos tomar um café. O "café bar", muito chique, ficava no andar de cima, e tinha uma escada rolante, mas pra um cadeirante... tive que dar uma volta, mobilizar três funcionários para utilizar o elevador do prédio, em outra entrada, e entrar por outra porta no andar de cima. Tudo bem, já me acostumei com isso.
Aí tomamos nosso café, fiquei brincando com ela de adivinhar quem era rico, quem era pobre 'infiltrado' no mundo dos ricos, como nós. Rimos bastante, e de repente a moça que estava sozinha na mesa atrás da gente levantou e disse "dá licença". Pensei "ih, vai brigar porque falamos que ela era infiltrada, deve ter ouvido" mas a moça me solta um "não resisti, tinha que dizer que vocês formam um casal muito lindo". Agradecemos e ela foi embora, lembrei na hora do relato no blog do Jairo. É legal isso, ela não teve má intenção nem nada, mas em São Paulo, uma pessoa desconhecida abordar assim e falar uma coisa dessas, não é normal. Fica parecendo que quis dizer pra minha namorada "parabéns por aceitar esse cara todo quebrado e ainda tratá-lo bem". Não foi a primeira vez, e não condeno quem faz isso, adoro ouvir que somos um lindo casal, mas que tem um culposozinho de leve, tem.
E teve pior. Certa vez, um cara da minha idade perguntou pra minha namorada se as pessoas não acham estranho ela ser muito bonita e estar comigo, sair pra todo lado e andar junto. Na hora não acreditei muito no que ouvi, fiquei atônito, só falei "não, nunca aconteceu". Se acontecesse de novo eu falaria "sim, perguntam se ela além de bonita é rica e inteligente, pra ficar com um cara tão bacana não pode ser só bonita."
Portanto, quando passarem por isso, lembrem-se do "preconceito culposo". Acontece muuuuito!